Capítulo 4

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Ricardo :

-- Então, como foi? -- meu irmão me pergunta com um olhar preocupado no momento em que coloco os pés dentro de casa.

-- Bem. -- Respondo com desinteresse, não o encarando.

-- Bem? Só bem? O que falaram? Como você estar progredindo? -- nossa, o cara estava preocupado mesmo, até soltou as estribeiras. Hehehehehe.

-- O mesmo de sempre. Pode ficar calmo mano, como sempre a coisa toda está controlada. E tudo
graças a você. Por isso não entendo essa sua preocupação toda. -- as vezes meu irmão se preocupava
demais.

-- Eu liguei, mas você não atendeu, fiquei preocupado. Afinal por que você não me atendeu? -- ele pergunta desconfiado, me seguindo até meu quarto.

-- Eu deixei no silencioso e me esqueci de mudar, desculpe.

-- Pelo amor de Deus! Para que eu te dei um celular? Foi exatamente para não ficar vinte e quatro horas preocupado com você.

-- Falando nisso... Eu troquei de celular. -- joguei logo de súbito, quem sabe assim ele não se apegava muito aos detalhes.

-- Você o quê?! -- ou talvez não. Ele se põe em minha frente na escada impedindo minha passagem.

-- Troquei de celular. -- repeti calmamente.

-- Você foi na loja? Você foi sozinho a um shopping?!

-- Calma a ai, passeiro. Assim você vai ficar de cabelos brancos antes dos quarenta. -- fiz troça, rindo.

O Diego sempre foi mais baixo que eu, e mesmo em dois degraus a minha frente na escada ainda estava mais baixo, e para completar sua cara estava ficando vermelha.

-- Esquece a porra dos cabelos brancos! Eu quero saber exatamente o que você fez hoje?

-- Calma mamãe eu só fui da casa a clínica e da clínica a casa. Satisfeito?

-- Ricardo!

-- O que está acontecendo ai em cima? -- veio uma voz feminina da base da escada.

-- Nada querida, só estou tendo uma conversinha com meu irmão. -- o submisso
respondeu. Eu tenho que dar credito a Marcia ela trabalhava, cuidava da casa, do filho e ainda tinha
que aturar meu irmão.

Aqui em casa chamamos isso de amor.

-- Pois tratem de terem essa "conversinha" em outro lugar, pois se o Júnior acordar um dos dois é que
vai lá tomar contar dele. -- ela ameaça, e volta para a cozinha sem esperar uma resposta.

Meu irmão gesticula para que eu o siga até meu quarto. O que mais eu poderia fazer? Não poderia parar de pensar que se comigo ele é assim, imagina com o filho quando crescesse?

Já no quarto ele escora a porta, cruza os braços e fica lá no meio do aposento me encarando zangado, esperando que eu me justifique.

-- Eu não suportava aquele celular. Fazia me sentir burro. E já estava começando a me deixar irritado.

-- Você me disse que estava indo bem, não foi? -- vi uma sombra de preocupação transpassar seu olhar e logo me arrependi de ter dito o que disse.

-- Não foi isso que quis dizer. Só não queria mais...

-- Com quem você trocou o celular? Talvez ainda dê pra pegá-lo de volta.

-- Não! Estou satisfeito com as coisas como estão. Pelo menos eu consigo escutar música e atender ligações nesse que estou agora.

Por que fadas não existem? Onde histórias criam vida. Descubra agora