Capítulo 8

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Anelise:

Andei por mais algumas ruas até que um acidente fez o transito parar. No meio fio, um táxi estava parado onde havia atropelado uma mulher. A mulher estava lá, estatelada e imóvel no chão.


Não tinha sangue, mas seus braços, pernas e bochechas estavam arranhados. Ao redor da jovem desacordada se amontoava cada vez mais pessoas.

As pessoas ali, pareceram não perceber, mas eu percebi: Na calçada do outro lado, estava um menino parado, e atordoado, encarando a sena como se não acreditasse no que via.

Tamanha era a dor em seus olhos, que eu soube na hora se tratar de um parente da vítima. Talvez, um filho, talvez um irmão. Aquele menino, de mais ou menos uns dez anos, estava em choque e não tinha ninguém
para ajudá-lo.

Meu Eu interior me dizia para não ser imbecil -- na verdade ele gritava. -- mas eu não deixaria aquele menino perder a si mesmo hoje. Ou pelo menos, eu tentaria.

Rapidamente atravesso a rua, e paro ao lado dele, ouço as sirenes da ambulância se aproximando. Já não é sem tempo! Olho diretamente
nos olhos do menino.

-- Ela vai ficar bem, sabe? -- Digo a ele. Surpreso ele desvia o olhar para mim.

-- Você não está vendo? Ela está morrendo. -- ele diz, quase ao gritos, desesperado.

-- A ambulância já está chegando e vão salvá-la. Você está com ela?

-- Pra que tu quer saber?! -- ele esbraveja. Eu sei o que ele está fazendo, ah,  como sei.

Quantas vezes eu mesma não usei a raiva para esconder a dor, o medo. Mas eu sabia que a noite, sozinho em seu quarto, esse garotinho choraria em desespero, por aquela mulher no meio fio. Ou só de medo.

-- Se você me disser, eu posso falar para os paramédicos levarem você junto. Tem alguém para quem você queira ligar?

-- Você pode mesmo?

-- O que?

-- Pedir para que eles me deixarem ir com ela?

-- Eu posso tentar. Vamos fazer assim.- disse ela ao perceber o desanimo do menino. -- se eles não deixarem você ir na ambulância, eu pego um táxi, e vemos juntos ao hospital.

Os paramédicos já desciam da ambulância e faziam os preparativos para os primeiros socorros. Eu me aproximo de um dos paramédicos e falo do menino, que não me disse o que era realmente da mulher.

Ele me diz que o garoto não poderia ir com eles sozinho, por ser uma criança. O que eu faria? Bom, se prometi ajudar. Eu ajudaria. Logo após a ambulância sair eu e o menino, -- Que descobrir se chamar Mario. -- saímos atrás, em um táxi.

Ele me diz que a mulher se chama Manuela e que é sua madrasta. Mas se percebia que ele a via como mãe, seu amor por ela estava escrito na dor de seus olhos.

O garoto não falava quase nada, sua preocupação era evidente, e eu constatei que
esse era mais um a ser expulso do mundo de contos de fadas, que é contante na infância.

Quando chegamos ao hospital, descobrimos que Manuela fora levada diretamente para a UTI.
Já que o menino tinha não poderia ficar sozinho na sala de espera eu fiquei com ele.

Por que fadas não existem? Onde histórias criam vida. Descubra agora