Balões Vermelhos

16 4 9
                                    

     Eu não sei como começou esse medo. Acredito que já veio comigo desde o nascimento. Nunca gostei de circos. Aquelas enormes tendas, vermelha e amarela, escondiam monstros. Criaturas horrendas.
     Eu sou a detetive Rosana West. Trabalhei no escritório investigativo de Carolina do Sul. A história que vou contar agora pode parecer falsa. Mas sei que tudo o que vi era real.
     Um dos piores casos que investiguei. O caso dos "balões vermelhos" foi uma chacina de crianças dentro de um circo e, amarrado no braço direito de todas aquelas crianças havia um balão de gás hélio vermelho.

Sábado, 13 de 1960

     Eu estava sentada em meu escritório,  quando Roberto,  meu chefe,  beta na porta de madeira grosseiramente.
     -Está aberta...- resopondo. Meu chefe abre uma fresta da porta e coloca a cabeça para dentro.
     -Vamos...- diz ele sério, me encarando. -Aconteceu uma chacina em um circo na estrada Grover.
     Levantei num pulo da cadeira. Sai do meu escritório, deixando as coisas do jeito que estavam em cima da mesa, enquanto a porta batia atrás de min. Segui Roberto até seu carro e logo partimos em direção a estrada Grover.
     Chegamos ao circo mais rápido do pensei. Desci do carro, deixando a porta aberta. Estava imóvel. Não acreditava que aquilo estava acontecendo. A chacina que eu ia lidar era de crianças.
     O detetive Brendom chegou perto de min para dar-me as informações necessárias.
     -A chacina ocorreu ontem no período noturno. Ao todo foram encontrados 33 crianças mortas com uma balão vermelho amarrado no braço direito. Isso numa área de 33 metros quadrados.
     Eu estava em estado de choque. Como uma mente duentia conseguiu fazer aquilo com 33 pobres crianças. Meus olhos não sabiam para onde olhar primeiro. O detetive continuou falando.
     -Também achamos 4 máscaras de palhaços e açougueiros. Acho que os responsáveis por isso estavam fantasiados nesse dia das bruxas.
     Encarei-o e apenas consegui dizer -Obrigada detetive Brendom.- sem soltar uma lágrima.
     Caminhei até a entrada da tenda com a máscara de palhaço nas mãos. Os corpos que estavam no chão estavam cobertos com tecidos brancos. Alguns estavam sendo levados para o necrotério, mas, os corpos que estavam pendurados na tenda, não tinha como cobrir.
      Eu estrava em transe, quando Roberto colocou a mão em meu ombro. Levei um pequeno susto, deixando a mascara cair de minha mão.
     -Vinicius me ligou...- disse ele me encarando com um olhar carinhos e sério. -Ele quer que nós vamos ao necrotério.
     -Ele obviamente descobriu coisas novas não é mesmo?
     Meu chefe assentiu que sim com a cabeça. Ele sabia o quanto isso mechia comigo. Eu tinha perdido um filho para o circo também. E meu filho tinha  a mesma idade daquelas crianças quando pertiu.
     Entrei no carto de Roberto e algum tempo depois já estávamos de volta a cidade. Estacionamos o carro na garagem do hospital e seguimos em direção ao necrotério. Quando entramos, Vinicius estava procurando mais pistas que pudessem nos ajudar.
     -Porque nos chamou aqui velho?- perguntou Roberto.
     -Bem... acho que não foi para assistir um pornô infantil. Descobri a hora da morte e o motivo.
     Ficamos o encarandole, enquanto ele nos olhava com desprezo.
     -Essas crianças  morreram as 3:23 aproximadamente, e os rins de algumas delas foi retirado. Muito provavelmente para venda de órgãos.- Vinicius olhava para mim sério. As olheiras deixavam seu olhar profundo, e a pouca luz no espaço dava impressão de ser as trevas que estavam tomando conta.
     -As outras, foram cortada as gargantas. Acho que, o que acontece ontem foi uma ceita satânica.- completou o velho.
     Não tinha mais controle sobre meus pensamentos. Não conseguia colocar a cabeça no lugar. Roberto me levou para casa e pedio para eu descansar. Retirei os sapatos e os joguei em um canto do quarto. Me joguei na cama de casal, quando as seguintes palavras voltaram na minha cabeça. " Ao todo foram encontrados 33 crianças, numa área de 33 metros quadrados."
     Levantei da cama, peguei meu quadro de avisos para organizar as informações. Comecei a escrever as informações em post-its e pregalos no quadro. Estava fazendo isso desesperadamente. O meu único desejo era terminar logo com aquilo e ver se alguma coisa se encaixava.
     Depois de tanto somar e subtrair, terminei e consegui algumas informações.
    
     33 crianças- 3+3=6
     33 m             - 3+3=6
     33 balões    - 3+3=6
     3:23 horário- 3-2+3=4 pessoas.

     Fiquei chocada com o que encontrei. Minha respiração estava acelerada. De repente sinto algo quente escorrer pelo meu pescoço. Colo a mão e vejo que é sangue. Sem forças,  caiu no chão e minha ultima visão é de um palhaço estar me observando.

Contos da cidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora