Você se importa!

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      >Queria te fazer um textão, mas vc é especial demais e nenhum texto que eu faça vai demonstrar oq eu sinto agora.

     Isso foi exatamente o que Robb digitou pra mim. Eu já estava sorrindo igual um idiota olhando para tela do meu celular, mas quando ele mandou essa mensagem eu senti que ia ter um enfarto. Meu sorriso vai de uma ralha a outra, de tão grande que está. Meu coração está acelerado. Quero beija-lo nesse momento, porém tem um problema; a distância. Eu moro em São Paulo e ele Em Santa Catarina.

     >Não precisa fazer texto grande. Só de saber que tu se importaria de escrever algo que demonstra o que tu sente já me faz sorrir igual bobo.

     Foi o que eu, Gabriel, consegui digitar. Eu estou deitado, com a coberta sob meu corpo, me aquecendo nesse inverno paulista de 2018. Fechei meu olhos alguns instantes tentando imaginar como seria se não estivéssemos tão distante... De repente outra mensagem de Robb:

     >Aaa vc tá me derretendo sabia?

     Eu dou risadas. Risadas meio altas a julgar pelo horário. 00:30 da madrugada. Meu quarto, no qual durmo com meu irmão mais novo, Carlos, está escuro. Só o brilho da tela do meu celular que ilumina meu rosto e uma parte do quarto; apesar do brilho da tela estar zerado. Digito outra mensagem em resposta a ele.

     >Eu estou feliz em saber que algumas vezes na vida alguém possa gostar de mim mais do que apenas na minha superfície. Quero dizer que mesmo sem me conhecer você se importa; e poucas pessoas na minha vida se importaram...

     Realmente, poucas pessoas se importaram comigo em minha vida toda. Se não fosse meus melhores amigos e minha família, talvez a depressão já tivesse me corrompido ha tempos atrás, e eu não teria tido a oportunidade de  conhecer um piá como Robb. Sinto minhas bochechas ficarem vermelhas. Se minha pele fosse alguns tons mais claro do que é, meu rosto estaria vermelho agora.

     >Eu fico feliz por estar se importando... Me importo demais até, e fui iludido 2 vezes esse ano por isso, mas eu sinto que você é diferente.

     Foi o que ele respondeu. Fiquei meio mal por ele porque sei como é ruim ser iludido. Fui iludido por umas três pessoas e já iludi uma sem perceber. Não é legal iludir ou ser iludido. Percebo o quão mal fiz para o piá quando o iludi. Me culpo por isso até hoje, depois de meses. Comecei a digitar, mas Robb logo mandou outra mensagem:

     > Sentir algo não torna aquilo real, mas aquece o coração, e o meu tá bem quentinho. Eu tô sendo sincero e tô bem envergonhado por isso.

     Meu sorriso voltou a estampar todo meu rosto.

     > E eu estou envergonhado por nós dois, porque estou sentindo exatamente isso também. Já fui iludido muitas vezes de 2016 pra cá. É bom sentir que alguém pode te fazer feliz mesmo que seja a distância. Como tu mesmo disse, aquece o coração.

     Fiquei uns dois minutos olhando para a tela do celular e, talvez, ele também esteja fazendo o mesmo. Tentando processar a conversa. Ambos estavam muito felizes e aqueles dois míseros minutos foram essenciais para conseguirmos formular uma frase coesa e apropriada em nossa cabeça. Comecei a digitar e enviei a mensagem e quase como instantâneo ele respondeu:

     > Eu achei tão profundo aquilo que tu disse sobre "Sentir algo não torna aquilo real". O legal de sentir, é que o tempo faz tornar real.

     >Sim, o tempo tem suas vantagens.

     Foi o que Robb respondeu. Mais dois minutos de silêncio.

     > Já vai dormir?

     >Acho que sim

     Tive que perguntar porque não queria que aquela doce conversa caísse por terra por falta de assunto. Entretanto foi até bom ter perguntado, já está tarde e precisamos estar dispostos quando acordarmos para podermos conversar novamente...

     > Bons sonhos.

     > Ah é, não tem como não serem bons. Boa noite, Gab!

     > Boas noites, Robb!

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