SÁBIOS DIZEM PALAVRAS SÁBIAS

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Ouvi de uma pessoa, uma vez, que somos nós que controlamos nossos sentimentos, não o contrário. Pode parecer meio óbvio para você, leitor, mas para Janine não era. Uma jovem adolescente de 17 anos deixa seus sentimentos á dominarem desde os 13 anos de idade. Ainda era uma menininha quando suas crises começaram.

Qualquer estímulo de tristeza, ou raiva, ou ciúme, ou medo podia ocasionar numa crise nervosa intensa, fazendo com que essa doce flor saísse do seu próprio controle e deixasse seus sentimentos tomarem conta de suas atitudes. Janine é uma jovem negra, do cabelo armado todo cacheado. Seus olhos são pretos como duas jabuticabas maduras. Tinha uma pele aveludada, macia como a de um bebe. Talvez porque ela ainda era um bebê; um bebê que já tinha consciência de como sua história iria acabar.

Nesse momento, você leitor que chegar logo ao final dessa história para descobrir qual o desfecho. Sinto-lhe dizer que vou te enrolar um pouco mais e te contar a história dessa moça que estava dando seus primeiros passos no mundo real. A jovem negra deu a sorte de nascer numa família rica. Sempre fora uma criança mimada, num bom sentido (se é que a palavra "mimada" tem um bom sentido).

Sua família lhe deu as festas de aniversário mais esplendido. Os presentes mais caros e incríveis que uma criança poderia ter. Estuda na melhor escola que o dinheiro pode pagar. Sempre teve tudo que quis mesmo sem pedir um grão de arroz aos pais. Entretanto, seus pais esqueceram-se de dar o mais importante para Janine: Amor.

-Janine nunca teve a oportunidade de conversar com alguém tão especial. Alguém que lhe aconselha-se a mudar de perspectiva. De querer sair daquela bolha na qual fora inserida. Ela estava esquecendo o significado da palavra "viver".

Ela estava apenas sobrevivendo. Palavra que aqui significa transitivo indireto resistir ao efeito de: continuar a existir depois de (algo), ou seja, essa jovem adolescente, na flor da idade, estava apenas coexistindo com tantas outras coisas que existem na terra. Ela já não tinha mais animo para comer, para sair, nem para conversar com suas amigas. Suspeitava até de que ela nunca teve um amigo verdadeiro.

-Você leitor, provavelmente, nunca passou pela experiência de sobreviver, ou melhor, coexistir com tantas outras coisas no universo. Esse sentimento te faz criar conspirações contra si mesmo e vai te destruindo de dentro para fora. Quando sua destruição esta completa não a ancora que segure o barco no lugar ou fundação que segure uma casa em pé.

Janine se encontra agora na sacada de seu quarto. Olhando o por do sol. Ela nunca tinha parado para contemplar beleza tão esplendorosa como a que esta vendo agora. Para muitos ver o por do sol é comum; mas a imagem que chega a retina da jovem de cabelo armado é única e inesquecível. Ela mora no vigésimo andar da sua torre. Andares suficientes para contemplar o por do sol mais maravilhoso.

Eu gostaria que Janine tivesse tido a oportunidade de conversar com pessoas sábias. Afinal sábios dizem palavras sábias. Pois bem... não adianta chorar o leite derramado. Isso foi um conselho que a jovem flor ouviu muito seus 17 anos. O vento sopra forte o rosto da jovem. Seus cabelos sacodem, se entrelaçam e se movimentam com o vento. Dessa vez não há lágrimas no rosto doce e aveludado da negra. Há um sorriso. Três anos de tristeza, sofrendo em silêncio; mas agora há um sorriso.

Talvez ela tenha relembrado algo bom desses anos obscuros. Algo que não a chateasse. Conseguiu, então, ver o por do sol feliz... Não se choque, leito; Janine sorrio e se chocou contra o chão. 

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