Quase um romance

15 4 4
                                    

     Eu não aguento mais esses caras me enchendo o saco. Só sabem falar de sexo. Nos tratam como um objeto. Um utensílio sexual. Mas não somos assim. Sabemos que não.
     Enfim Joana; vamos parar de falar com o espelho? As pessoas vão te achar louca e eu vou ter que te internar. Pegue sua bolsa e saia de casa. Vamos; que você está atrasada.
     Ando na rua como uma princesa do século moderno. Sempre gostei desse estilo engomadinho. Usar roupas sociais sempre me chamaram a atenção. Não que roupas "sport fino" sejam ruins.
     Eu trabalho numa livraria. Sou revisora de livros. Amo meu trabalho. Faço o que me da prazer de fazer. Desde pequena me interessava por livros mais adultos. Modestia parte; eu sempre fui mais avançada que meu tempo.
     Minha livraria "Gabs and Books" é bem famosa. Muitos escritores nacionais já publicaram livros aqui, e nosso intuito é levar bons escritores ao topo,  transformando-os em ótimos escritores.
     A "Gabs" não tem um público alvo. Nós pensamos em levar a leitura a todos. Antes de ir para a livraria, localizada na Av. Paulista, passei no "Star Bucks" para comprar um capuchino bem espumado. Entrei na livraria e me deparei com Cláudia e Rogério, meus funcionários e amigos.

     -Olá gente linda...- disse abrindo os braços convidando-os a chegar mais perto. Gosto de ser uma chefe que se importa, e não uma chefe que explora os funcionários.

     -Olá Joana; como vai?- pergunta Rogério terminando de arrumar o balcão. -Vejo que está animada.

     -Sim... E como.- respondo com uma risada.

     Me dirijo a minha sala onde reviso os manuscritos que chegam para mim. Os encarregados de me entregar os manuscritos é de Rogério. Ele nunca errou uma data ou esqueceu de enviar algum manuscrito para minha sala.
     Cláudia estava arrumando as prateleiras. Passo por ela e dou um beijo no rosto. Pergunto se ela está bem e como vai os filhos e a família.

     -Ha... vão bem, obrigada. - responde com o olhar fixo na estante bagunça. De repente ela olha para mim. - Mas e a senhora? Porque essa alegria logo cedo?

     -Alguns rolos minha querida...- respondo e nós duas rimos juntas.

     -Para uma pessoa da sua idade, esta bem assanhada.- Cláudia ri. -Estou brincando Joana.

     Dou risada, e continuo em direção a minha sala. Eu tenho 40 anos. Mas por causa das atividades físicas que eu faço, aparento ter uns 35. É o que dizem.
     A minha "jovialidade" (me orgulhei agora.), também acontece porque saio muito para dançar em baladas de eletrônica, conversar, fazer amigos e etc. Ontem mesmo,  sábado fui numa balada gay. 4 horas de musicas das divas como "Demi Lovato", "Selena Gomez", "Beyoncé" e por aí vai.
     Entrei em minha sala e vi que tinha uma pilha de manuscritos em cima da minha mesa. Coloquei minha bolsa num armário pequeno que tem no cômodo e me acomodei em minha cadeira.
     O meu escritório tem um sofá de dois lugares, uma mesa de escritório com computador e um armário de caixotes de feira lixados e pintados. A sala tem pouco mais de 2 metros quadrados e meio. As paredes com cores em azul e cinza claro, com alguns quadros pequenos, de 20 por 12 centímetros,  pendurados na parede.
     Olhei a pilha de manuscritos em cima da mesa e vi que eram de romance. Havia um post-it colado no primeiro manuscrito.

Olá Joana;
Esses três manuscritos são do gênero romance. Coloquei-os em sua mesa, mas não tenha pressa de acaba-los rápido de mais; afinal não se apressa a arte.
                                                          Rogério

     Liguei meu computador para ver a caixa de email. Coloquei a senha de usuário e após o carregamento da tela inicial do "Windows", eu percebi que tinham mudado meu papel de parede. Agora era uma mensagem escrita com fundo rosa baby, e na mensagem dizia:

Olá;
Sei que nos conhecemos ontem, mas o ontem foi especial para mim. Me desculpe se te deuxei sem graça, mas eu gosto de você. E quero transformar o "ontem" em todos os dias com a sua permissão. Saiba que eu te amo sua louquinha mais bonita.
Eu sei que isso foi quase um romance...
                                   com amor,  George.

Contos da cidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora