Vinte e três

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Arthur sugeriu que dividíssemos a sobremesa. Pensei em Fausto na mesma hora.

— O que houve? Falei algo errado?!

— Não foi nada, acho que o vinho... – Sorri, afastando o pensamento. Ele devolveu o sorriso.

O garçom trouxe um Soufflé L'Etoile, um suflê de baunilha com uma espécie de picolé de framboesa em pedacinhos, que os franceses nomeiam granité, e uma calda de frutas vermelhas. Estava delicioso, mas não fez o efeito que eu esperava. Continuava levemente embriagada. A combinação do cansaço daquela semana, com o vinho e o estômago vazio, faziam um leve estrago no meu discernimento. De repente, olhava Arthur e o achava ainda mais atraente. A forma como ele parava as mãos quando apoiava os cotovelos na mesa. Mãos grandes, fortes. Imaginei as mãos apertando meus quadris, deslizando para a minha bunda... Apertei as coxas, me endireitando na cadeira.

— O que foi? Jess?!

Eu o encarei, ainda tentando apagar acena que a minha mente deu forma... Pisquei. — Oi?

Arthur pegou minha mão de um jeito firme, quente. Circulou o polegar no meu pulso, depois o desceu para a parte interna da minha mão, fazendo uma leve pressão, massageando. Aquilo era tão bom!

— Gostaria de massagear seu corpo... Você parece tensa...

A voz rouca acionou minha libido, despertando-a, fazendo percorrer um arrepio por toda a extensão da minha coluna. Era um arrepio muito bom. Reprimi um gemido. Molhei os lábios. Imediatamente, Arthur acenou para o garçom, resolveu a conta e se levantou. Minha mão já estava presa à mão dele, que me guiou para o elevador sussurrando no meu ouvido o quanto eu era bonita, atraente e gostosa. No meio desses elogios se somava outro sussurro, mas esse vinha de dentro de mim. "Vá viver!"

Já era tarde, no restaurante havia apenas mais uma mesa ocupada. Quando o elevador chegou, estava vazio. Assim que começamos a descer, Arthur se encostou na parede de fundo e me puxou para si. Eu não ofereci resistência. Deixei que ele me beijasse, um beijo muito melhor do que aquele que eu sonhei repetidas vezes durante a semana, ou do que ele me roubou, rápido e sem tanto calor. A barba roçava em meu rosto, mas não machucava, era sedosa. Arthur alternava pequenos beijinhos nos cantos dos meus lábios com beijos rudes, cheios de tesão, com algumas mordidas no meu lábio inferior, leves, a pressão aplicada com intuito de obter meus gemidos. E eu atendi, gemendo de prazer.

Ele estava muito excitado, sentia a pulsação de seu membro perto da minha virilha e ele fazia questão de me manter alerta, pressionando o quadril em meu corpo. Estávamos colados, minhas mãos seguras em seu peito quente, enquanto ele massageava a curva da minha coluna até o início da minha bunda. Devagar, subiu a mão, parando na minha nuca e pressionando levemente, fazendo com que eu erguesse a cabeça. Então segurou firme meu cabelo, para manter meu pescoço esticado. Meu coração bombeou com carga total. Cada beijo salpicado em meu pescoço fazia com que meu corpo aumentasse o nível de excitação, gradativamente. O elevador parou no térreo e a respiração quente bem perto do meu pescoço provocou mais ondas de calor. Tropecei para o lado e Arthur me segurou pela cintura, me guiando para a saída, ainda colado em meu corpo, a ereção pressionada nas minhas costas.

Ele escorregou uma das mãos para a minha barriga, me puxando para ainda mais perto, como se isso fosse possível. Gemi e meu rosto corou quando percebi que estávamos na recepção do Sheraton, algumas pessoas nos olhando e sorrindo divertidas, outras com olhar de péssimo julgamento. Coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e me desvencilhei daquele "abraço", oferecendo minha mão para que Arthur pegasse. Ele parou, sorriu e deu um passo à frente, pegando minha mão e me puxando em disparada para o carro, gargalhando. Só ali notei que ele também estava levemente embriagado, alegre.

Na superfície (LIVRO COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora