Me sento em uma das rochas da montanha, observando a beleza do mar a minha frente, o jeito que as ondas espumadas rolavam, umas por cima das outras, me faziam pensar na antiga vida que eu levava antes da morte.
Lembro Até, que há muito tempo, eu estive ali, naquele mesmo lugar, que quando ainda criança, minha mãe com um sorriso acolhedor no rosto, me pegava nos braços, me fazendo pular por entre o mar de águas salgadas que o sol iluminava com seus raios ardentes.
Eu sabia que ela adorava nadar, então a matei, afogada na banheira de água fervente do quarto.Pisco meus olhos lentamente, e aprecio a imensidão do azul negro da noite, que estava permeada de estrelas, com uma grande lua cheia pairando bela no topo.
Por um tempo me senti encantada, até que parei meus pensamentos, focando no último dia de vida, lembrando das, horas antes de morrer.Era cedo, e eu havia acordado como sempre, antes de sair para o trabalho.
O sol ainda não havia nascido, e tudo estava escuro, com apenas alguns postes de lâmpadas amareladas iluminando as ruas desertas da cidade.
Eu havia ligado o chuveiro para encher a banheira, enquanto escovava os dentes com uma escova elétrica cor de rosa que havia ganhado em um sorteio de sorte. Até que ouvi o telefone tocar quebrando o silêncio da madrugada.
Assim, logo cuspi a pasta, enxaguando a boca rapidamente, e andando em volta de uma toalha, indo na direção do toque.
Peguei o telefone da parede, já enrolando o fio entre os dedos, esperando saber quem me ligava naquela hora.
Ouço a voz estridente de Jane soar do outro lado da linha, me fazendo, suspirar em desagrado.- Ooi? Nova vencedora do concurso!! Como se sente? - Pergunta animada.
- Eu estou bem.. Ocupada, já vou sair, o que quer? - Respondi seca.
-Porque está agindo assim comigo, Ana?
-Assim como? Só disse que estou ocupada.
- Tudo bem então, eu só liguei pra saber se você vai estar livre hoje a noite, porque minha amiga Alyce não pode ir fazer a faxina na escola de Orfox. Eles pagam bem, e é só uma noite, o que acha?
- Sim, sim, vou estar livre, saio mais cedo do trabalho, a que horas tenho que estar lá?
-Hum? Não! Que isso, não tem hora exata, pode ir Quando quiser, desde que limpe tudo.
- Okay... Agora preciso ir, até logo.
Desliguei o telefone, pondo-o novamente no lugar, e voltei correndo novamente para o banheiro, pisando descalço no assoalho frio de madeira podre.
A banheira já estava cheia, e deixava a água transbordar, molhando o chão, formando grandes poças de água.
A fumaça quente flutuava, cobrindo todo o lugar, me dando uma antiga lembrança de minha mãe sendo afogada.
Infelizmente, eu não conseguia sentir remorso ou medo, mesmo lembrando da cena em que seu corpo se debatia, pedindo misericórdia.___
Por fim, vesti uma roupa, olhando freneticamente no relógio prateado da parede.
Os raios de sol já refletiam nas janelas, iluminando tudo a sua volta.
E uma brisa gélida ainda passeava pelas estradas.___
A noite eu já estava indo para a escola, tinha tudo combinado com Jane, e com os patrões da amiga dela, que por sinal eram simpáticos, e viviam sorrindo.
O lugar estava abandonada, mas ainda assim se mantia limpo e organizado.
O chão da entrada era coberto por um grande tapete felpudo vermelho, que havia se desbotado com o tempo, sujo por algumas manchas de mofo. As paredes azulejadas, eram enfeitadas por quadros antigos e velhos, de palhaços sorrindo, com tinta marcada a pinceladas, deixando os lábios mais abertos, e também podia notar-se os olhos vazios e opacos, sem vida, dos homens que deveriam enfeitar o lugar.
Havia muitas escadas, que logo a subindo, podia-se ver de longe os corredores, com as portas escancaradas, das salas de aula.O homem alto de terno, olhava para o relógio em seu pulso de segundo em segundo, enquanto falava ao telefone. Fez sinais para mim, andando em direção aos portões de ferro, avisando que já iria embora. Me deixando sozinha com toda a bagunça.
Suspirei, olhando para o balde, e a vassoura na minha frente.
A noite seria longa, e como longa..
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Psicopatiando ao lado da Morte
ParanormalEu estou nos braços da morte, sentindo propriamente o medo que nunca havia sentido. Fugindo do inferno que tenta me engolir, para queimar em suas chamas de fogo eterno. Tento me esconder, mas faço apenas com que tudo se perca, em meio a escuridão...