Casal Estranho

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Depois que Lucas voltou do banheiro, todos se calaram. Mais tarde ele e Aline foram para casa. Gustavo não foi junto, precisava de um tempo sozinho consigo mesmo. No dia seguinte, Aline não foi trabalhar. Estava de atestado. Depois de deixar Lucas na escola, foi até a casa de Gustavo.

-- Olá pessoa que deveria estar repousando mas está na minha casa. ~ Gustavo diz com ironia.

Aline sorri e ele lhe dá um beijo francês calmo porém demorado. Passou sua mão levemente sobre as curvas de Aline por cima de suas roupas, mas não passou disso. Eles não estavam em condições.

-- Vamos ver a Juliana?

-- Afe amor... Achei que tu tinha vindo ficar comigo.

Gustavo tentou fazer uma carinha fofa, mas não deu muito certo e Aline riu.

-- Ok... Eu passo o dia com você e antes de buscar o Lucas a gente vai na Juliana.

-- Bem melhor. ~ Ela ri.

Eles vão para o quarto. Dormem de conchinha por meia hora e Aline começa a fazer cafuné em Gustavo. Ele sorri de olhos fechados, e diz:

-- Espero poder acordar assim todo dia... Se você me aguentar até lá.

Ela não diz nada, apenas sorri e lhe dá um beijo francês curto.
Depois de um tempo, eles se arrumam e vão para o hotel. Na recepção, receberam a notícia de que Juliana havia cancelado sua estadia no hotel, e ido embora sem dizer mais nada.

-- Podemos entrar no quarto onde ela estava? ~ Aline pergunta desconfiada.

-- Sim, mas sejam rápidos.

A recepcionista lhes entregou a chave do quarto, e eles foram ver. Quando chegaram no quarto, não estava bagunçado. Mas também não estava arrumado. Era como se estivesse normal, mas com algo diferente no ar daquele lugar.
Aline conseguiu achar uma pulseira jogada no chão.
"Deve ser de Juliana..." ela pensou. Gustavo achou alguns papéis, com reportagens sobre um assassinato.

"Corpo é encontrado à beira de rio no interior do Amazonas".

Essa era a manchete.

-- Aline! ~ ele grita ~ Olha isso aqui. Por que um hotel deixaria isso aqui para seus clientes lerem?

-- Acho que não é da Juliana. Ela nem gosta de ler jornal. Guarda uma reportagem só, vai que é dela. ~ Aline pega um dos jornais e dobra para colocar em sua pequena bolsa.

-- Ok... É melhor irmos buscar o Lucas, está quase na hora.

Antes de sair, os dois avistam um tipo de bilhete antigo. Não está escrito com letra de pessoa, mas sim com várias letras recortadas de algum jornal ou revista e coladas para formar palavras no papel sulfite.

" Não me arrependo."

Apenas isso estava escrito. Resolveram não levar o bilhete, afinal, não tinha letra de ninguém. Os dois foram buscar Lucas na escola e foram recebidos com um grande abraço "a três". Chegando na casa de Aline, Lucas foi direto tomar banho. O casal ficou na sala.

-- Vamos fazer alguma coisa sexta? ~ Gustavo quebrou o gelo.

-- Sim, quital aquele encontro de casais que a Isabelle tanto sonha?

-- Mas amor... Sei lá. É meio gay fazer isso, não acha?

-- Haha, não sei. Mas se a gente topar vai ser no mínimo engraçado ver ela arrastando o Edson até o encontro. Ele não gosta dessas coisas e com certeza depois eles vão dormir num motel...

-- Aline, não preciso de detalhes.

Ela deu risada e continuou:

-- Vou ligar pra ela e falar que a gente vai.

-- Só vou porque estamos de atestado a semana inteira. E já que você me pediu isso... Posso te pedir uma coisa?

-- Sim, amor. O que?

Lucas chega na sala arrumando o cabelo, e Gustavo acaba não fazendo seu pedido. Aline ficou curiosa, mas se conteve perto do filho. Afinal, poderia ser algo vergonhoso, não é mesmo?
Depois do jantar, Lucas foi dormir. O casal estranhou pois era cedo, mas Lucas não lhes deu explicação. Apenas dormiu.
Passou-se um tempo e Gustavo foi para sua casa. Contra a vontade de Aline, mas se foi.
Passou-se a semana e sexta-feira chegou. Aline ainda estava de atestado devido aos pontos na cabeça e Gustavo também pelos ferimentos. Os dois ficaram juntos o dia inteiro e Gustavo apenas se foi para se arrumar para o encontro duplo.
Aline buscou o filho na escola e deixou na casade Júlio. Foi para casa, tomou um banho e vestiu uma saia estampada combinando com a blusa azul clara e uma sapatilha bege. Deixou os caracóis soltos e pegou sua tiracolo. Ouviu a campainha. Gustavo chegou.

-- Oi amor. ~ Ele disse e lhe deu um beijo quando ela abriu a porta.

-- Eles devem estar se pegando enquanto esperam a gente. Melhor irmos antes deles acharem um lugar escuro.

Gustavo riu e a beijou. Em seguida foram pro carro. Quando chegaram na porta do restaurante, Edson e Isabelle estavam se beijando, mas ao verem o carro pararam.

-- Eu não disse? ~ Aline riu debochada.

O casal saiu do carro e foi em direção aos seus amigos.

-- Que demora hein?! ~ Isabelle diz.

-- Nem atrasamos. ~ Gustavo respondeu.

Os quatro entraram no restaurante japonês e se sentaram. Pediram a comida ao garçom e começaram a papear. Até que um casal conhecido entrou no estabelecimento. Aline percebeu e tentou os reconhecer... E conseguiu. Eram Juliana e Fernando. O que eles faziam em um restaurante tão caro se não tinham um centavo? "Suspeito..." ~ Aline pensou. Mas não comentou para não estragar o clima. Juliana e Fernando pediram uma imensa barca de sushi. Com que dinheiro eles pagariam aquilo? Aline só observava e a cada minuto achava aquilo mais estranho. Num dia eles se odeiam e são pobres, no outro são ricos e se dão super bem? Isso não é normal. Chega a ser bizarro. Os pensamentos ficavam mais atordoados a cada minuto que Aline observava aquele casal estranho.

-- Aline? Você ta bem? ~ Gustavo diz preocupado. ~ Você não comeu nada.

Ela balança a cabeça como se tivesse saído de algum transe e o responde:

-- Desculpa... Meus pensamentos estavam longe.

-- Come logo senão eu enfio esse sushi num lugar não muito bom. ~ Isabelle diz e come um sashimi.

-- Amor, calma. O Gustavo faz isso por ela. ~ Edson diz e Isabelle começa a rir.

Aline e Gustavo ficam sem graça e vermelhos. Enquanto eles riam, Aline percebeu que Juliana estava pagando o garçom. Ela tinha um bolo de notas em mãos.
Após pagar os dois se levantaram e partiram dali.

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