A Viagem

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Aline cada vez mais achava estranho aquele acontecimento. Vários pensamentos corriam em sua mente até que Gustavo quebrou o silêncio, a fazendo perder o raciocínio:

-- Bom... Por favor, não deixem a gente sem graça de novo. Senão vocês vão ter o troco. Tô avisando.

-- Nossa que medo de você. ~ Isabelle diz rindo.

Aline puxa Gustavo, lhe dá um selinho e cochicha algo em seu ouvido. Gustavo assente ao acabar de ouvir e sai do restaurante.

-- Onde ele foi? ~ Edson pergunta.

-- Comprar meu doce. ~ Aline responde com um sorriso sacana estampado no rosto.

Gustavo volta com um saquinho e Aline pega o mesmo. Abre e mostra seu conteúdo, que eram nada mais nada menos do que algumas camisinhas neon.
Isabelle entende a referência e de imediato fica corada. Edson também entende, porém fica calado.

-- Agora vocês podem brincar de Star Wars em casa, olha que legal. ~ Gustavo e Aline dizem em coro e riem disso.

O resto da noite foi quieta e calma. Os casais não se atacaram mais e racharam a conta.
Gustavo foi dormir na casa de Aline e ela pediu para Julio deixar Lucas dormir em sua casa. Não para ficar sozinha com Gustavo, mas sim porque estava cansada. Ela tomou um banho ao chegar em casa, vestiu um pijama e foi para a cama.
Enquanto isso, Gustavo a esperava, apenas de calção para dormir em sua cama.
Ambos dormiram rápido após beijos e abraços de boa noite.
No dia seguinte se lavantaram e tomaram café para buscar Lucas na casa de Júlio.
Após deixar o Lucas na escola, Aline foi trabalhar. Foi um dia normal para todos. No fim do expediente, Aline buscou Lucas na escola e ao chegar em casa, tomaram banho, jantaram e Lucas foi dormir.
Após colocar seu filho na cama e o mesmo adormecer, Aline percebe que em sua mesa há uma carta. Não uma carta qualquer, mas a resposta da faculdade da qual ela queria entrar desde a infância. Rapidamente ela liga para Gustavo e o chama para abrir a carta que definiria se ela seria aceita ou não. Ele chega rápido e a abraça forte. Depois, se sentam no sofá e ele lhe diz:

-- Independente do que estiver escrito aí, me promete uma coisa?

-- Diga o que é...

-- Que você não vai me esquecer pra viver um romance tosco americano.

-- Ah, menos né Gustavo. ~ ela diz e os dois riem ~ Além de eu ser brasileira, tenho uma vida ótima com você. Eu não te trocaria, nem pretendo trocar. 

-- Sua fofa! ~ eles se beijam.

Ela abre a carta e um sorriso de orelha a orelha se abre quando ela lê a palavra "aceita" em grandes letras digitadas em vermelho.

-- Fui aceita... Eu fui aceita Gustavo! ~ Aline grita de felicidade, já com lágrimas nos olhos.

Ele sorri e a abraça. E eles lêem o resto da carta, que dizia que ela foi aceita, porém, nas faculdades de São Paulo já estavam sem vagas. Devido a isso, Aline deveria se mudar para perto da divisa entre o Pará e a Amazônia para estudar no campus dali. Na carta também dizia que todas as faculdades do país estavam lotadas.

-- Que estranho... Por que tão longe daqui?

-- Ah, essa faculdade é disputada por muita gente. Provavelmente estavam lotadas mesmo.

Gustavo estranhou a carta de ponta a ponta.

-- Por que não diz o tempo que essa bolsa vai durar? ~ Ele questiona novamente.

-- Sei lá... Mas eu estou feliz. Você não está feliz por mim?

-- Estou meu amor, mas... Pensa na realidade agora. E o Lucas?

-- O Júlio pode cuidar dele pra mim, eu acho. Qualquer coisa eu peço pra Isabelle ou a Isabella cuidarem dele.

-- E a sua casa?

-- Eu arranjo um trabalho lá e mando o dinheiro pras meninas pagarem.

-- Aline, você tem que pensar direito nisso. Eu vou pra casa. Me chama quando você tiver saído das nuvens.

Ele sai sem ao menos se despedir e Aline sai de transe. Começou a pensar no que seu amado dissera agora pouco. Para ela, tudo teria um jeito. Para não se perder nos pensamentos, a mesma resolve dormir.
No dia seguinte, a mesma acorda decidida a contar a novidade para seu filho. Afinal, concluiu que omitir a verdade não adiantaria nada, e ainda faria o pequeno sentir raiva da própria mãe. Ela não queria isso para si, portanto, acordou, se arrumou para o trabalho e arrumou Lucas para a escola. Ao terminarem, tomaram café e foram para o carro, onde Aline decidiu dar a notícia:

-- Filho...

-- Oi, mãe.

-- Sabe aquela "escola pra adultos" que a mamãe quer tanto entrar pra ter um futuro melhor?

-- Sim e isso é bom, não é?

-- Sim, isso é ótimo. ~ Ela respira fundo e continua ~ E eu fui aceita nessa "escola".

Lucas abre um sorriso de orelha a orelha e Aline para o carro em uma calçada para continuar.

-- Parabéns mãe! ~ Lucas diz e lhe dá um abraço forte.

Lágrimas se formam no rosto de Aline ao lembrar que terá de dizer palavras amargas ao seu próprio filho.

-- Então... A mamãe terá que se mudar por um tempinho.

O sorriso que havia no rosto de Lucas se desmancha como uma flor que está ficando sem pétalas devido ao vento.

-- Calma meu amor! Nós nos falaremos todo dia por internet! ~ ela tenta o acalmar, mas ele já está em prantos.

-- Mãe... Me promete uma coisa?

-- Qualquer coisa!

Ele se cala por um momento, pega a mão de Aline e termina:

-- Promete que vai manter contato e não me esquecer?

Aline dá um sorriso fraco e responde:

-- Eu nunca vou te esquecer meu filho.

Os dois se abraçam e Aline resolve não levar o filho à escola devido ao seu rosto inchado de tanto chorar.

Depois De Me EsquecerOnde histórias criam vida. Descubra agora