Capítulo 44

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— Pera aí, Dressa! Como assim, demissão? — Mariana me perguntava seguindo-me do quarto até a sala.

Eu havia cometido o erro de contá-la sobre meus planos de amanhã.

— Mari...Relaxa! Eu só vou pedir demissão. O mundo não vai acabar.

— Mas, poxa, me dê um motivo. Faz mais de dois anos que você trabalha lá...

— Por isso mesmo, tudo ficará bem. Tanto tempo de casa, eles com certeza farão uma bela carta de recomendação para mim. E, para falar a verdade, eu não sei o que minha decisão tem haver com você.

— Tudo! Você tem que ter um motivo, e eu só quero saber.

— É minha escolha, Mariana!

— Mas, por que?! — perguntou irritada sem paciência. — Por acaso, David te pediu para se demitir, pois quer te sustentar...

— Não, mas é claro que não! — digo sem paciência, andando com passos pesados até a cozinha. — Esquece tudo que eu disse. Eu decido o que é melhor para mim.

— Qual é o seu problema, Andressa? — ela me perguntava, enquanto me seguia. — Faz duas semanas que vou ver o Rô na empresa, e você nunca está lá. Às vezes vejo o seu Dom Juan, parado na janela do prédio.  — Mariana parou pra pensar. — Aliás, nunca o vejo junto com você. Eu só vejo você aqui tancada. O que está acontecendo com você, Dressa? Você tem que se abrir para mim. Somos melhores amigas, Dressa... — sussurrou abaixando a cabeça. — Pensei que você pudesse confiar em mim.

Céus, essa gravidez da Mari à deixa de irritada, para sentimental!

— Você está certa. Vou lhe contar tudo. — respiro fundo. — Sabe porquê você nunca nos vê juntos? — indago sentindo um incomodo na garganta. — Porque...Porque, nós não estamos juntos, Mari... — digo abaixando a cabeça. — É isso. — repouso meu corpo sobre o balcão.

— Dressa...O que você está falando? — ela chegou perto de mim, e pôs suas mãos nos meus cabelos. 

— Nós dois não somos nada. Nunca houve namoro, Mari. — respiro fundo erguendo a cabeça. — Nós não fugimos para viver uma aventura, como você disse. — percorro meus olhos ao chão, logo voltando a encará-la. — Fomos sequestrados...

— Meu Deus, Andressa! — exclamou incrédula, pondo suas mãos na boca. — Como você pôde esconder isso de mim? — indagou indignada. — Temos que informar a polícia, e por esses monstros na cadeia! — disse determinada, indo de encontro ao telefone enganchado na parede, e já preparando os dedos para teclar.

— Não, Mari! O que você está fazendo? — digo  rodeando o balcão e, em um pulo, já estou tirando o telefone de suas mãos.

— Oh, meu Deus! Eles ameaçaram vocês? — perguntou assustada. 

— Não, não! Escuta Mari, pode parecer estranho....Para mim foi algo surreal, mas, não foi nada disso que você está pensando, agora. — digo tentando acalmá-la, segurando seus braços.

— Então, é melhor você me explicar, e agora, pois se não, eu irei pegar esse telefone e denunciarei quem quer que tenha sequestrado vocês. — faço uma careta para ela. — E se você não me disser logo, que droga aconteceu nesse últimos seis meses, eu irei atrás de David e tirarei essa história a limpo! — avisou cruzando os braços.

— O.K. Tudo bem, eu explico tudo. Agora vêm. — chamo-a para ir até a sala. Ela me segue e nós nos sentamos no sofá. Respiro bem fundo antes de começar. Explico tudo à ela. Desde dos joguinhos que o pai de David nos fazia passar, desde seus motivos, além dos beijos, carinhos, toques...E meus momentos de frustração com o "Dom Juan". — Depois que o vi beijando outra mulher na porta do nosso quarto de hotel...Eu simplesmente desisti de cultivar esse sentimento. Eu não posso voltar a trabalhar com o cara que me apaixonei e que me magoara tanto....Eu não posso.

Algemada Com Meu Chefe!Onde histórias criam vida. Descubra agora