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*3° Pessoa.

          Samira estava extremamente feliz com o pedido de namoro que recebera à 2 dias atrás, gostava de Matthew, achava-o incrível, mas no fundo, bem no fundo, ela desejava que outra pessoa tivesse feito o pedido.
          O mais novo casal decidiram anunciar a novidade para toda a família no domingo quando todos estivessem reunidos, a felicidade deles era perceptível, porém, cada um tinha um motivo diferente para explicar tal sentimento.

           **
         O grande dia havia chegado, ninguém na casa entendia o motivo de Samira estar tão eufórica, exceto Pedro que tinha uma ideia do que aconteceria naquele domingo, seu coração se partiu em milhares de pedaços ao confirmar as suas suspeitas.   
         Quando  viu aquele jovem entrar pela porta e entrelaçar seus dedos com os de Samira, aquela pequena chama de esperança que estava em seu peito, torcendo para que ele estivesse errado, se apagou rapidamente, deixando apenas um vazio em sua mente e coração.
           Samira: Então família, a surpresa que eu havia comentado era essa, ou melhor, ele.-Apontou para o jovem ao seu lado.-Nós estamos namorando, nos conhecemos no parque e mantivemos contato, até ele me pedir em namoro.
           A atenção de todos estava em Matthew, ninguém pronunciou nada por alguns minutos, até que uma voz quebra  aquele silêncio constrangedor.
             Edu: Como se chama?
             Matthew: Matthew, Matthew cooper, é um prazer conhecer vocês.
              Pedro: Pena que não podemos dizer o mesmo.-murmurou.
              Max, que não estava estudando Matthew como todos os outros estavam fazendo, foi o único que prestou atenção em Pedro. Ambos se encararam e Max não aguentou ouvir o comentário provocante feito por Pedro sem soltar uma risada extremamente estrondosa, que apenas ele era capaz de dar.
          Todos voltaram a atenção para Max, que ainda ria estranhamente enquanto se debatia, até que sua risada perdeu o som e só restou ele batendo as mãos em sua perna de uma forma exagerada. Alguns ainda não havia entendido o que estava acontecendo, mas Samira percebeu e lançou um olhar furioso para Pedro.
         Quando tudo voltou ao normal, Matthew participou de um interrogatório feito por Edu, que tentava esconder ao máximo sua insatisfação em relação ao namorado de sua irmã, não confiava naquele jovem, mas decidiu dar-lhe uma chance, tentando convencer a si mesmo de que a insatisfação que sentira poderia ser explicada pelo seu ciúmes de irmão.
            Quando o interrogatório chegou ao fim, uma conversa agradável surgiu entre quase todos presentes na sala, Pedro não havia pronunciado nem mais uma palavra, encarava um ponto fixo, com os pensamentos longe até alguém o tirar do seu devaneio.
          Max: - Terra chamando Pedro.-Sorriu de forma amigável.-Quer conversar?
          Pedro negou com a cabeça e apontou para o caminho que levava até o quarto de Selene, indicando silenciosamente que iria até lá. Max apenas concordou, sentindo um aperto no coração ao ver a tristeza estampada nos olhos do garoto, mas ainda acreditava que os dois ficariam juntos.
          Enquanto subia a escada, Pedro sentiu um par de olhos queimar em suas costas, ele parou na metade do caminho e voltou seus olhos para a sala, Matthew o encarava com um sorriso irônico, como se quisesse dizer "agora ela é minha". Pedro sustentou o olhar até Matthew desviar, voltando a conversar com os outros como se nada tivesse acontecido.
          Chegando ao quarto de Selene, seus olhos encheram-se de lágrimas, um enorme sorriso estampou seu rosto, as cenas de minutos atrás sumiram de sua mente naquele instante, a dor excrusciante que dilacerava seu coração foi substituída por pura felicidade. Selene acordou, piscava seus olhos de uma forma lenta, tentando reacostumar com a claridade, olhava o teto fixamente, sua expressão estava neutra até àquele momento.
             Pedro não sabia o que fazer, não sabia se ficava lá com ela e contando as novidades, ou se descia e chamava os outros. Optou pela 1° opção, ele estava feliz, não, feliz é mt pouco pra descrever o que sentia, Pedro a via como uma irmã, uma garota forte e guerreira, mas ao mesmo tempo, uma garotinha frágil que precisa de todo apoio do mundo.
          Se aproximou da cama, pegou uma cadeira que estava lá e sentou-se ao lado de Selene, o mais próximo que conseguia, segurou uma de suas mãos e não pode evitar que lágrimas brotassem em seus olhos, com a voz trêmula, conseguiu pronunciar:
           Pedro: Como você está?
           Selene: Á-agua.-respondeu baixinho.
           Pedro: Acho que não é disso que vc precisa.-Sorriu.
           Pedro pegou uma bolsa de sangue e levou até a boca dela, que logo deixou os dentes pontiagudos á mostra e começou a tomar o conteúdo da bolsa rapidamente.
            Seus olhos mudaram de cor, o que antes eram castanhos, agora se encontram vermelhos, uma cor viva e brilhante, pode-se dizer: únicos.
            Ao terminar, deixou a bolsa de lado e encarou Pedro com um pequeno e sincero sorriso, apertou a mão do amigo e pequenas lágrimas formaram no canto de seus olhos que já voltaram a cor natural.
            Pedro: Como você está?
            Selene: Sinto uma coisa estranha dentro de mim, como se ela não devesse estar aqui, mas tirando isso, estou viva.-Disse com a voz fraca acompanhda de um riso baixo.
             Pedro: Porra garota, nem acordou direito e já fazendo piada.-Riu do bom humor de sua amiga.-Vou avisar os outros que a senhorita acordou, foi um verdadeiro inferno sem ter você aprontando nessa casa.-sorriu.
           Ela fez uma careta por conta do comentário, mas ignorou, estava ansiosa demais para ver os outros novamente.
          Selene encarou seu amigo mais detalhadamente, e notou que algo estava diferente em Pedro, seus olhos não tinham o mesmo brilho que antes. Não sabia quanto tempo tinha ficado naquele estado e nem queria saber, mas sabia que foi o suficiente para muitas coisas mudarem, e uma dessas mudanças afetou seu amigo e isso fez com que seu coração apertasse, ele já passara por muitas coisas ruins, não merecia o que quer que esteja acontecendo agora, não comentou nada, daria um jeito de descobrir depois.
         Pedro beijou a sua testa e logo em seguida saiu correndo, já tinha controlado por muito tempo a euforia que estava dentro dele, trombava em vários lugares por ser desengonçado, chegou na sala com os olhos arregalados e um sorriso enorme que chegava aos olhos.
              Pedro: Seleneacordouhoje.-Falou tão rápido que ninguém foi capaz de compreender.
              Max: Respira garoto, parece que viu um fantasma.
              Pedro: A Selene... Ela acordou.
              Todos correram para o andar de cima num piscar de olhos, ninguém acreditava no que estava acontecendo, apenas Pedro e Victor subiram as escadas calmamente, o pai da garota teve que se conter para não sair correndo igual aos outros, mas seguiu o caminho em pequenos passos. Ao mesmo tempo em que estava extremamente feliz, Victor se sentia culpado por não ter lutado mais pela sua filha e sua mulher, sabia que tinha perdido grande parte da vida de sua menininha, mas estava disposto a recuperar todo o tempo perdido.
          Ao chegarem na porta, quase ficaram entalados, menos Matthew que conseguiu se soltar do aperto de Samira e só observava a cena, seus pensamentos eram os mais macabros possíveis, comemorava internamente o despertar de Selene, havia chegado na hora certa.
           Selene desviou os olhos do teto ao ouvir um enorme barulho que vinha na direção da porta, isso a fez levar um grande susto, seus olhos, antes arregalados, agora estavam banhados em lágrimas, viu sua família caída ao chão, e riu ao ver que continuavam destrambelhados.
        Léo foi o mais ágil e foi o primeiro a chegar em Selene, dando um selinho demorado, com gosto de saudade, sangue e lágrimas de ambas as partes.
         Todos ali presentes choravam, até mesmo Max, que nem a conhecia direito mas passou a ter um enorme carinho por aquela menina.
         Fizeram uma rodinha em volta da cama, felizes demais para conseguir pronunciar qualquer palavra, Leo mal conseguia acreditar, parecia estar em um sonho, apertava a mão de Selene como se quisesse ter certeza de que era real, e com um medo de que se a soltasse ela voltaria para um sono eterno.
           Sami: AAAAAAA, MINHA SANGUE-SUGA ACORDOU.
           Seu grito pegou todo mundo desprevenido, assustando-os, os olhares voltaram-se para ela, a maioria deixou visível a súbita vontade de cortar sua língua.
           Selene deu um sorriso fraco, e quando seus olhos atingiram a porta, seu coração falhou algumas batidas, milhares de sentimentos passaram dentro de si, ele estava ali.

   *Ouçam a música :3

             
          
            
             

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