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*Selene.

Edu: Alerta vermelho, os coelhos entraram na toca.

       Já se passava das 18:00h quando recebemos o comunicado de Edu que se encontrava no topo da escada, um silêncio se instalou na sala por alguns segundos antes de cada um pegar seu respectivo equipamento. Seguimos para os cantos estratégicos da casa e aguardamos o primeiro passo deles.
Um grito de dor ecoou do lado de fora da casa, olho pela janela e consigo ver um rapaz loiro no chão com a perna presa em uma armadilha, ele tenta se desfazer dela mas parece que toda sua força sobrenatural foi absorvida pelo metal em seu tornozelo, até o momento em que ele apaga completamente.
       A porta da sala é arrancada brutalmente e um pequeno grupo de seres armados entram observando cada cômodo do andar de baixo. Na frente estava Matthew guiando os demais pois já tinha conhecimento da onde estava, não era um lugar estranho pra ele.
       Matthew: Filhos da puta, eles já sabiam.
       Selene: Claro que sim!
       Digo alto o suficiente e miro a balestra em sua cabeça, solto a flecha já prevendo seu movimento de pegá-la e nossos olhares se encontram. Ele abre um sorriso malicioso e quebra a flecha ao meio, eu sinto tanta raiva por tudo que ele fez tanto com a sami quanto com o restante da minha família que se eu chegasse perto dele arrancaria sua cabeça com minhas próprias mãos.
        Selene: Você é fraco Matthew, só tinha uma única missão e falhou vergonhosamente. O que acha que vai acontecer quando você voltar para seu dono sem nem ter ao menos uma gota do nosso sangue?
        Matthew: Foi muito fácil entrar aqui nessa família, acompanhar cada um de perto e descobrir o ponto fraco de cada um de vocês, devo isso a Samira, aquela vadia foi tão fácil de domar, estava comendo em minhas mãos.
        Selene: Você sabe que pra mim não é sacrifício nenhum arrancar sua cabeça, é só mais uma, a única diferença agora é que como você mesmo disse, mexeu no ponto fraco, faça o que for comigo, mas nunca encoste em alguém da minha família.
         Nessa altura todos os comparsas dele já estavam ao seu lado e minha família se juntou a mim, todos os nossos fortemente armados, cena cômica se não estivéssemos putos da vida por isso não acabar logo para podermos viver em paz, literalmente esperamos lidar com um exército e nos mandaram um grupo mais despreparado de tudo, eles não pareciam tão confiantes e muito menos dispostos a nos enfrentar, não julgo, para acabar como eles apenas dois minutos seriam suficientes.
          Victor: Saiam daqui, não queremos lutar e muito menos matar vocês, todos não passam de peões nas mãos de um cara que quer vingança mas não tem coragem o suficiente para sair da toca, ele criou todo o caos por um motivo pessoal mas é muito mais fácil ficar escondido e deixar que seus brinquedos resolvam e até morram por culpa dele do que ir para a luta e se arriscar. Um superior de verdade luta com sua tropa e não se esconde atrás dela, eu proponho um duelo, sem qualquer tipo de armas, corpo a corpo com o vosso líder, levem esse desafio até ele, ou se preferirem continuar, nós mesmo nos encarregaremos de levar suas cabeças como forma de desafio, vocês não tem a menor chance contra nós.
           Eles trocam olhares desconfiados sem saberem o que fazer, é notável a desvantagem deles e talvez até estejam pensando que meu pai tem razão, Matthew pensa por uns segundos antes de se render.
           Matthew: Certo, nos veremos em breve, com ou sem duelo considerem-se mortos, até breve.
           Ele sai batente a fora com os demais seguindo-o, dois deles ficam para trás para ajudar o rapaz desacordado enquanto nós ficamos parados por alguns instantes até cair a ficha, que merda foi essa? Olhamos um para o outro até todos cair na gargalhada, cadê a grande guerra? Os soldados que vieram com sangue nos olhos para depois saírem com o rabo entre as pernas, onde foi parar a coragem deles? Todo o trabalho que tivemos e a incerteza do que seria após essa noite foi tudo em vão, criamos expectativas demais e pensamos de menos, essa é a maior fofoca que já ouvimos, repassamos e ainda aumentamos.
           Pedro: Bom, é melhor eu ir tirar as armadilhas, ao menos uma foi usada — Ele ri com gosto — não saiam até eu ter terminado, tem muitas espalhadas. Não acredito que tive todo esse trabalho atoa.
           Sami: Vou ajudar! — Diz ela como se não fosse nada de mais.
           Edu olha pra ela desconfiado e uma pequena tensão se forma no ar, não é novidade pra ninguém o que os dois fazem um com o outro, uma coisa tão boba que poderia ser evitada se algum deles tivesse vergonha na cara, na verdade, todos já estão irritados com essa enrolação só que são educados demais para se intrometer.
           Pedro da de ombros e segue para fora sem ao menos esperar por ela, reviro os olhos por tal grosseria e mais ainda por ver a decepção e o desconforto estampado na cara de Sami, uma chama de esperança cresce em mim de que os dois vão se resolver agora, seria um problema a menos.
           — Bom, vou arrumar essa porta, que exagero deles, pensaram que estavam em filme de ação, só destruíram minha porta por prazer, enfim tivemos a nossa própria versão de crepúsculo . — Resmunga Max saindo de perto.
            Aos poucos cada um segue seu rumo, sinceramente não sei o que pensar, o medo de perder qualquer um da minha família me apavora, não acho que o líder deles aceitará o desafio tão fácil, ou talvez até aceite mas vai fazer alguma coisa contra as regras, tenho a sensação que essa luta não vai ser justa como deve ser.
        *****
           Hoje é dia da casa ficar cheia, domingo ninguém trabalha e é o dia que eu mais gosto, é terrível ficar sem companhia durante a semana. Estou arrumando o quarto junto com Sami que está totalmente calada, não puxo assunto porque sei que ela precisa de um tempo e quando ela estiver pronta para conversar vai vir até mim.
           Uma movimentação estranha pelo corredor chama minha atenção, boto a cabeça pra fora para checar o corredor e vejo Edu correndo e depois Leo, estão indo para onde ficam as câmeras. Achei que estavam desativadas. Começo a ir para o mesmo destino já com os pensamentos a milhões, chegando na sala ninguém se dá conta de que estou lá, escuto o que Edu fala e parece que as palavras perfuram meu cérebro.
             Edu: Victor sumiu!
             Selene: O que?!
           A atenção se volta pra mim e Leo comprime os lábios sem saber o que dizer.
             Edu: Demos falta dele de madrugada, achamos que ele tinha ido treinar ou algo do tipo mas não encontramos ele lá, estou buscando nas câmeras pra ver se encontro alguma coisa.
             Leo: Ali! Volta um pouco.
             Está bem escuro as imagens mas ainda é possível ver a silhueta de alguém do lado de fora, ele joga algo no chão e olha fixamente para um ponto, faz um gesto com as mãos e em seguida vai embora num piscar de olhos. As imagens que vemos a seguir é do meu pai pegando o que quer que tenha caído no chão e seguir em passos calmos rumo a floresta.
             Selene: O que o senhor tem na cabeça, pai?!
            
      

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