48.

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*Selene.

         Desespero, é o que me define nesse momento. Eu cheguei a pensar que depois da morte de Marcos tudo ficaria bem, que minha família viveria apenas em paz, ledo engano, esse inferno não tem fim, não parece ter uma luz no fim do túnel, e se tiver, ela está quase se apagando.
          Estou deitada com Sami ao meu lado, não tenho noção de quanto tempo estamos encarando o teto, ela se calou desde que comentamos sobre Matthew, era perceptível sua decepção, ela estava dividida entre acreditar que ele era seu namorado perfeito ou que talvez, tudo o que eles viveram foi uma mentira.
          Sami: — Você acha que ele seria capaz? Que seria capaz de machucar a gente?
       Selene: Não o conheço a tempo o suficiente para afirmar algo, mas sei o que vi e ouvi. Mesmo que a gente não esteja envolvido nessa "missão" acho que devemos ficar atentos com ele, principalmente você.
            Sami: Eu não quero acreditar que ele é mal Sel, eu gosto dele, ele me faz bem.
            Selene: Eu não posso dizer que entendo o que você está sentindo, mas eu acho que é pelo fato de você gostar dele que não consegue enxergar algumas coisas, ou pode ser só engano da nossa parte.
          Sami: Talvez...
          Selene: Eu sinto muito por tudo que você está passando Sami, não queria que nada disso estivesse acontecendo.
            Sami: Não é sua culpa, na verdade é toda minha, por mais que eu não queira admitir, tem coisas nele que sempre me incomodaram desde o momento em que a gente se conheceu.
           Selene: Como assim? — me levanto para sentar em sua cama.
           Sami: Família, ele nunca me levou pra conhecer ou se quer fala dela, também não sei nem aonde que ele mora. Não sei se você percebeu na hora mas ele não tem nenhum cheiro, nem de lobisomem, lykan, vampiro e muito menos humano, e isso não seria possível, a não ser que...
        Selene: A não ser que ele use a substância para tirar o cheiro, e se ele a conhece e usa, significa que ele...
         Selene/Sami: Faz parte de algum meio sobrenatural.
         Selene: Então ele conhecia o vampiro com quem estava conversando, sabia todo o tempo do que se tratava.
        Digo conforme as peças vão se encaixando no quebra cabeça, no final das contas Max e Pedro tinham razão.
         Selene: Nunca foi só por ciúmes... — Sussurro olhando para o nada.
         Sami: Como assim?
         Selene: Não é possível que você seja tão lerda ao ponto de não perceber como o Pedro ficou abalado com seu relacionamento. — Reviro os olhos.
        Sami: Talvez eu tenha notado alguma coisa. — Dá de ombros.
        Selene: Todos nós, exceto o Max, achávamos que essa desconfiança do Pedro com o seu namorado era por causa do ciúmes de te ver com outro. Ele sempre esteve certo, por mais que o ciúmes foi um fator importante, o fato dele já não gostar do Matthew fez com que fosse o único a enxergar o que havia por trás de tudo.
         Sami: Meu Deus, tudo isso poderia ter sido evitado, eu fui tão burra por começar um relacionamento com alguém que eu mal conhecia, como eu fui trouxa! — Começa a chorar em desespero.
        Selene: Não se culpe por ter sido enganada, você foi a vítima dessa história, independentemente do final disso, nada foi sua culpa, iriam atrás de nós de qualquer modo e seu relacionamento acabou por nos ajudar a descobrir o que está nos esperando. Coloca na sua cabeça que nada disso é culpa sua, entendeu? Nada!
        Dou-lhe um abraço apertado e espero até que sua última lágrima caia e quando isso acontece ela já está num sono profundo.
         Levanto-me de sua cama e vou para a cozinha pegar um bolsa de sangue, tomo todo o conteúdo e me apoio na pia, olho para a janela que dava para os fundos, um barulho de galho se partindo me chama a atenção e entro em alerta, apuro meu olfato e a minha visão, não havia cheiro e a única coisa que eu enxergava era a silhueta de um homem, cujo rosto estava tampado pela touca.
       Saio da casa e vou em sua direção, entretanto, o homem começa a correr para dentro da floresta em sua total velocidade e não demora muito para que eu comece a correr também. Não penso no perigo que estou correndo, a única coisa que aparece na minha cabeça é a minha família que está correndo perigo, e se eu puder evitar isso não me importo com as consequências que cairão sobre mim.
       A figura corria cada vez mais, tentava me despistar passando por entre árvores estreitas mas em nenhum momento o perdi de vista e assim que me aproximei o suficiente consegui segurá-lo pela calda de seu sobretudo de couro e o joguei para trás na direção de uma árvore. Suas costas batem com força e ele cai no chão, o baque foi tão grande que pude ouvir seus ossos se partindo. Queria que a dor se igualasse a de humanos quando quebram alguma parte.
        Chego perto do corpo caído no chão, o homem estava realizando seu processo de cura e quando tenta se levantar seguro-o pelo pescoço e levanto-lhe do chão, apoiando suas costas na mesma árvore.
          Selene: O que você é? — Pergunto apertando seu pescoço.
          Xxx: Vam-vampiro.
         Selene: O que te trouxe aqui? FALA!
          Xxx: E-Eu só tava de passagem! — Diz quase sem fôlego.
        Selene: NÃO MENTE PRA MIM — Desfiro um soco em seu abdômen com a outra mão. — Só vou perguntar mais uma vez, o que te trouxe aqui?
        Xxx: Foi o meu, meu líder. — Afrouxo o aperto — Só vim dar uma espiada, eu juro.
         Selene: Diga ao seu líder, rei, seja lá o que ele for, que se encostar um dedo na minha família eu irei atrás dele e de todos os envolvidos, eu não pensarei duas vezes em sujar as minhas mãos por causa disso, se eles tiverem um arranhão, considerem-se mortos! — Volto a apertar seu pescoço. — Vá embora e não volte mais aqui, estamos entendidos?
         Ele assente com a cabeça e o solto, deixando que ele caia no chão com a respiração ofegante. Dou-lhe as costas e volto para casa correndo o mais rápido que posso para que não notem a minha saída e me enchem de perguntas.
         Já em casa, entro pela porta da cozinha e a fecho delicadamente, levo um pequeno susto quando alguém acende a luz.
        — Onde você estava? — Questiona Jhony.
      Selene:  — Fui tomar um ar, papai. — ironizo.
      Jhony:  — Está mentindo, consigo ouvir as batidas frenéticas do seu coração, tente outra vez.
        Bufo e me sento na cadeira e logo ele me acompanha.
      Selene:  — Estão nos vigiando, cada passo, cada gesto, tudo! Eu tive a certeza hoje.
     Jhony:  — Como? Você viu?
    Selene: — Sim, vim beber uma bolsa de sangue e vi que tinha alguém a espreita ali na floresta, fui atrás e consegui pegá-lo, o forcei a falar o que estava fazendo aqui e ele me disse que estava a mando do seu líder, estava nos vigiando!
      Jhony: — Mas que filhos da mãe, amanhã mesmo a gente dá um jeito para reforçar a segurança da casa, não se preocupe com isso, vai ficar tudo bem.
        Selene: — Não vai, não enquanto não tiverem a minha cabeça pendurada em uma haste.
       Jhony: — Isso está fora de cogitação, vão parar por bem ou por mal, nada vai acontecer a você e nem com a nossa família, minha missão era e continua sendo a de te proteger, mesmo que tenha encontrado seu pai.
        Selene: — Obrigada, por tudo mesmo. — Aperto a sua mão.
       Jhony:Familia é isso! Ah, e por favor, não fique correndo atrás de qualquer um que você ver pela janela, é perigoso, parece até louca.— Revira os olhos.
        Selene: Okay papai, vou indo, boa noite. — Me levanto e bagunço seu cabelo.
        Jhony: Boa noite, filhota. — ri.
        Reviro os olhos e subo para o meu quarto, deito na cama e penso nas mais diversas possibilidades de como isso vai acabar, de como a minha família irá ficar. Não aguento mais esse inferno, eu só quero um pouco de paz. Por favor.

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Demorei mas não desisti, obrigada pelo apoio e compreensão gente, de verdade, eu amo vocês 💕
Lembrando que "A Híbrida" está chegando na reta final, meu coração tá tão apertado. :(
Mas é isso, boa leitura e espero que gostem. Bjs.

 
   

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