Hóspede do Inferno

Capítulo 1 - De Sombra Assombrará

Nunca foi tão chato ir para a escola como hoje, todo mundo estava falando sobre as roupas e a quantidade de dinheiro que levariam ao shopping. Mesmo que eu não quisesse, já estava falando sobre Ostium lateris ad infernum ao chegar, isso estava se tornando uma febre.

Camila: Bê, você vai com a gente no cinema, né?
Bela: Eu ainda nem falei com a minha mãe, Ca. Mas provavelmente vou sim, estou sendo um amor de filha nesses últimos dias.
Rebeca: Você tem que ir Bela, vai ser muito legal! Conseguimos fechar a sala pra nossa escola, e você sabe né? Teu crush estará presente.
Bela: O Daniel vai? GENTE, eu preciso ir!
Camila: A gente totalmente concorda. Mas olha aqui, não é pra dar nó na última hora.
Rebeca: Vamos pra sala meninas, bateu o sinal.
Bela: Não vou dar nó, Camila. Minha mãe que pode dar (risadas). Vamos Beca.

Não consegui prestar atenção em nenhuma aula. Eu tinha que dar um jeito de ir, e tinha que fazer bem feito. Minha mãe sempre conseguia negar um rolê de última hora, mas eu não podia deixar esse passar. São 12:00, acabou de bater o sinal mais libertador de todos. Vou correndo embora, tinha umas coisas para arrumar.

Bela: Cheguei, mãe!
Mãe: Oi meu amor, como foi a aula?
Bela: Ah, foi ótima! - menti - Sabe mãe, meus amigos vão no cinema hoje e me convidaram. Será que eu posso ir?
Mãe: Que horas vai ser? Você vai com quem?
Bela: O filme começa às 22:00, mas a Rebeca vem me buscar umas 21:00 ou 21:30 pra comprarmos as coisas e os ingressos.
Mãe: Termina as coisas que você tem pra fazer, e pode ir. Ah! Não faz muito barulho, seu irmão ainda está dormindo.
Bela: Aaaah obrigada mãe! - eu a abracei - pode deixar.

Eu tinha conseguido, aaaah. Estava muito mais do que feliz, almocei e mandei mensagem pra minha amiga dizendo que eu ia. Logo após, fui arrumar meu quarto e o banheiro.

Estava retirando as roupas sujas​ do cesto do banheiro e levando-as para o cesto de fora quando senti algo do meu lado. Virei rápido e vi apenas um vulto. Meu cachorro me olhou com carinho, então descartei meu medo. Ao entrar em casa, ouvi algo cair no chão e vi o mesmo vulto de novo. Gritei minha mãe mas acho que ela não me ouviu. Segui para o meu quarto, mas estava assustada. Quando eu empurrei a porta, vi um vulto e na mesma hora algo segurou meu pé.

Eu chutei com toda a força que eu podia e sai correndo, encostei onde a claridade do sol era mais forte e destampei a chorar. Passou alguns minutos e minha mãe apareceu com meu irmão no colo, a boca dele estava sangrando. Ela mandou que eu levantasse e fosse até a sala com ela. Ela me deu a mão, e me guiou até a sala de estar.

Mãe: Vendo todo esse estrago, eu não preciso nem perguntar o que aconteceu, né mocinha?
Bela: Como assim? Eu não fiz nada.
Mãe: O Diego acabou de me contar que você o chutou. Mas vendo você encostada no canto aos prantos, também nem preciso perguntar o que aconteceu, né Diego?
Diego: Mamaaãe - choramingou ele - a Bela me chutou.
Mãe: Eu já disse mil vezes que eu não quero vocês dois com esse tipo de brincadeira. Bela, você é maior, qualquer coisa que você fizer vai machucá-lo.
Bela: Mãe, como eu ia saber que era ele? Você sabe que eu tenho medo dessas coisas e ele sempre me assusta!
Mãe: De qualquer forma, você chutou ele Isabela, não precisava fazer isso.
Bela: O Diego me assustou, mãe! - gritei - eu não o chutaria se soubesse que era ele. Eu não sabia!
Mãe: Eu não quero mais ouvir esse tipo de queixa de nenhum de vocês dois, estão me ouvindo?
(Bela e Diego assendiram)
Mãe: Vão os dois para o quarto até segunda ordem.
Bela: Mãe, eu tenho que arrumar as coisas e me arrumar pra sair.
Mãe: Até segunda ordem.

Nessa hora, eu percebi que meu rolê foi cancelado, de novo. Eu estava explodindo de raiva e gritei.

Bela: EU TE ODEIO, DIEGO!
Mãe: Isabela, vá agora para o seu quarto. Agora!

Eu saí pisando forte no chão, bati a porta do quarto assim que cheguei e comecei a chorar.