Capítulo 4 - O que (diabos) faz aqui?

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Estou deitada. O que aconteceu? Onde estou? Está tudo tão escuro, e eu estou morrendo de calor. Levanto apressada prestes a correr, quando algo pressiona meu pé e eu caio. Como não consigo enxergar, tateio o chão em busca do que atrapalhou meu arranque. Pareciam correntes, fui seguindo-as com a mão e senti uma esfera. Com a mesma rapidez que a toquei, a soltei. Estava quente demais, por pouco queimo meu dedo.

O ar começou a ficar rarefeito, e estava dificultando minha respiração. Meus pulmões clamam por oxigênio. Enxergo uma brecha com luz fraca e traço minha rota. Apenas uma coisa me impede, aquela esfera quente. Há um anel em meu tornozelo, e eu preciso tirá-lo, estou morrendo constatei.

Sei que não devia, e que provavelmente me arrependeria mais tarde, mas começo a forçar meu pé para que ele saísse desse anel. Sinto meu sangue parar a cada força que faço para que meu tornozelo desencaixe do anel. Ouço um estrondo avassalador e uma dor rumina em meu ser, bem como a quantia de sangue que sinto espalhar-se pelo chão. Consigo engatinhar para a fresta de luz, e ao passar por aquele vão que agora noto ser uma porta, ela se tranca.

Quando olho para meu pé, queria não ter feito. Consigo ver meu osso torto e saindo para fora, vejo muito sangue também e começo a gritar.

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Diego: MÃE! A Bela tá sangrando.
A mãe corre até aonde o menino gritou e entra no quarto da filha. Ao se deparar com toda aquela quantidade de sangue, pergunta-se o que Diego havia feito.
Diego: Eu acabei de chegar. Eu não faria algo assim. Pelo amor de Deus, mãe!
Eles sacodem a Bela, que grita incessantemente​ e depois se cala.
Mãe: Por que ela não acorda? O que faremos?
HAHAHAHAHAHAHAHA'
Diego: Mãe, você ouviu isso?
Mãe: Querido, continue aqui e faça sua irmã acordar.
Ao dizer isso, a mãe anda pelo corredor de forma cautelosa, procura o que transmitiu-lhe aquele som e tenta desvendar o que está havendo.

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Isso parece um jogo, é como aquele jogo em que cada quarto há um novo desafio, e você só ganha se passar por todos. Olho entorno do lugar e reparo que há pequenos pedaços de espelho. Levanto-me com dificuldade devido ao meu pé recém quebrado e me movo para o outro canto da sala.

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Diego começa sacudir a Bela, lhe dando também tapas e beliscões para que ela acorde.

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Tudo começa a sacudir, quase não me mantenho equilibrada. Aqueles caquinhos começam a se deslocar e vez por outra arranham minha pele. Esforço-me para sair o quanto antes daquele lugar, mas não consigo correr. Me agacho e, novamente, engatinho até o final.

Os pequenos pedaços de vidro vão cortando minha pele, principalmente as mãos e meus joelhos. Começo a chorar pela dor insuportável e tudo para de se mover. Levanto-me e ando até atravessar a porta.

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Diego: MÃE! A Bela está sangrando mais. - diz o menino ao parar de sacudi-la.
Diego: MÃE?!
HAHAHAHAHAHAHAHA'
Diego: Quem está aí?
HAHAHAHAHAHAHAHA'
Diego: O que é que você quer?
SUA IRMÃ NUNCA SAIRÁ DESSE FILME
Diego: Maaaaaaãe!

A mulher estava em seus devaneios, em busca do som perdido. Ao ouvir seu filho, saiu correndo e entrou no quarto.
Mãe: O que houve?
Diego: Ele quer nossa Bela.
Mãe: Ele quem?

O garoto apontou para o canto do quarto sem falar nada. A mãe assustada não sabia o que dizer, tirou a criança do quarto e disse para que ele fosse até a casa da vizinha e ficasse por lá.
Diego: Mãe, ele disse que ela não vai sair do filme.
Mãe: Qual filme?
Diego: Eu não sei.
Mãe: Vai pra casa da Pérola, Diego!
Enquanto o menino saia da casa, a mãe voltou para o quarto e percebeu que a garota parecia estar afogando.

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Eu estava em outro quarto. Parecia uma piscina, mas a água estava fervendo. Eu não conseguia abrir meus olhos e tampouco respirar. Examinava as paredes com as mãos e não achava nenhuma saída.
- ABRE O RALO!
Ouvi alguém gritando e fui para o chão. Achei o que parecia ser a porta e a abri. A água foi sugada junto comigo e eu cai em outra sala.

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O celular toca.
Mãe: Alô!
Pérola: Seu filho chegou em casa todo assustado. Ele não para de repetir que precisa descobrir o nome de um filme de terror, um filme que assusta. Sabe, minha filha foi ao cinema ver um filme hoje, será que é esse?
Mãe: Como é o nome do filme?
Pérola: Ostium Lateris Ad Infernum, é traduzido como "Entrada para o inferno".
Mãe: Esse foi o filme que estreou hoje?
Pérola: Sim, a escola de nossas filhas conseguiram fechar a sessão para eles.
Alô?
O celular acabou a bateria, não havia como se comunicarem mais.
HAHAHAHAHAHAHAHA'
Mãe: O que você quer?
SUA FILHA
Mãe: Por que ela?
A ALMA DELA SERÁ VALIOSA PARA MEUS AFAZERES.
Mãe: Ela não vai ficar com você.
A ALMA DELA JÁ É MINHA, ASSIM QUE ELA PASSAR PELO ÚLTIMO ESTÁGIO SERÁ MINHA.
Mãe: Eu não vou deixar isso acontecer.
A mãe estava desesperada, agora correndo contra o tempo para salvar sua filha. Entrou na internet e procurou vários sites que lhe explicassem o que estava acontecendo. Viu, sem querer, o post a respeito do filme que estava sendo falado. Lendo a sinopse para ver se encontrava algo recebeu uma mensagem do site.
✓ Mate-a.
Mãe: O que?
✓ A alma dela não ficará no inferno se você a matar.
Mãe: Eu não posso fazer isso.
✓ Você deve.

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Estou vendo minha mãe e o Diego. Minha saudade por eles está enorme. Eles estão correndo até mim, retribuo o afeto.
Espera algo está errado. Paro de correr e eles também. Eles se mexem na mesma proporção que eu. Algo está errado.
- O que foi, filha?
- Eu não vou te assustar mais, maninha.
Algo está muito errado porém dou mais um passo, minha família também.
- Venha, meu amor. Vamos embora.
Sento para me recompor. Estou muito ferida, e está muito ruim andar. Sento-me e começo a chorar, sei que eles não são quem dizem ser e de qualquer forma quero abraçá-los e fugir desse lugar horrível.

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Hóspede do InfernoOnde histórias criam vida. Descubra agora