[Uma hora e meia antes] [Tails Point Of View]
Depois de toda a construção das armas automatizadas, estava exausto. Minhas pálpebras pesavam cada vez mais a medida que eu piscava. Depois de um banho que esperava a muito, fui ao meu quarto, entro de olhos fechados para não perder o sono, fecho a porta e tenho minha visão a fim de achar a cama.
Eis que me deparo com ela, Cream chorando deitada em minha cama, me assustei e de imediato fui acudi-la.
-O que foi Cream? Por que está chorando assim? Por favor me conte.
Ela me olhou e imediatamente me abraçou, aquele foi um abraço de desespero, de socorro. Sentei ela na cama delicadamente e enxuguei suas lágrimas, porém não paravam de cair mais e mais.
-E-eu... soube de toda a verdade Tails...
-Sobre o que? –Ainda olhava tentando saber o que se passava naquelas orbes pequenas e com medo.
-Minha, mãe... ela...
-Vo-você tem certeza disso?
-Sim... a vila que a senhorita Maria vivia, foi atacada. E nessa mesma vila minha mãe trabalhava lá, a senhorita Maria me chamou em particular e me perguntou se o nome da minha mãe era Vanilla, eu disse que sim. Mas depois do que ela disse eu... não sei o que fazer! Por que com ela?! Ela não tinha feito nada de errado a ninguém! –Ela me abraçou novamente, derramando mais gotas de tristezas. –Tails, por que os inocentes são os que mais sofrem?
Nesse momento eu me calei, não sabia o que responder ficava vidrado e desesperado observando aquelas orbes, seu corpo tremia, suava frio, a sua boca abria mas não saia som algum.
-C-cream, vai dar tudo certo, porque eu sei que a sua mãe como a pessoa boa que ela devia ser, sei que ela estará sempre te observando mais de cima, guiando seus passos ao longe. E no final, vingaremos a morte de sua mãe, eu te prometo. –Aquelas palavras foram as únicas que consegui pronunciar.
Ela me abraçou ainda mais forte, despejando suas lagrimas, tossia e fungava sem parar. Coloquei minha mão sobre sua cabeça e comecei acaricia-la. Comecei pela cabeça e desci para limpar as lágrimas que cobriam seu rosto. Deitei junto com ela na cama e neste momento ela já estava mais calma, ela me abraçava com tanta força, pedindo socorro, pedindo consolo. Estávamos, eu e ela deitados na cama nos acolhendo em nossos desesperos.
Depois de muitos minutos calados eu fixei meus olhos da paisagem da janela, era noite e as estrelas brilhavam de uma maneira diferente do habitual, estranhei no começo, porém eu já sabia o que era de verdade.
-Cream, olhe para as estrelas. –Ela assim fez.
-O que tem elas? –Indagou fungando.
-Elas nunca brilharam assim antes. Eu li que quando isso acontece é quando uma pessoa especial que já se foi quer mandar uma benção de proteção aos vivos que ama. –Os olhos dela brilharam por um instante.
-Você acha?
-Não só acho, mas como tenho certeza, sua mãe te ama e com essa benção você não sofrerá tanto. Agora, não chore por ela, Vanilla iria ficar muito triste em saber que sua filha está sofrendo tanto por causa dela mesma. –Ela abaixou a face e disse.
-Você tem razão, vamos dormir.
Ela deitou a cabeça em meu peito e me olhava mais calma do que antes, ela apenas parecia, só. Ela queria o amor que a mãe não daria mais, eu preciso ama-la! Custe o que custar, mas como eu tenho minha ética cientifica eu tenho meus princípios. Não a deixarei nunca em dificuldades!
A abracei e a cobri com minhas caudas, minhas mãos acariciavam seus pelos finos e macios, apesar de tudo que estava fazendo ainda conseguia ouvir alguns soluços e lágrimas molhando meus pelos.
-Cream. –A chamei olhando para o teto.
-Hm?
A olhei nos olhos e sorri, mas não sorri por simplesmente acalma-la. Sorri porque eu consegui ver que mesmo uma pessoa que só pensava em equações e reações químicas pode amar, eu sentia o corpo dela junto ao meu e aquilo me trazia felicidade, estar junto dela sempre me fazia tranquilo, sem preocupações e vivia aquilo que ela vivia comigo. Eu a puxei e beijei sua testa, depois que a soltei, ela subiu de meu peito até o meu pescoço, ainda com lágrimas caindo de seus olhos. Ela se segurava em mim como se fosse a última pessoa do mundo, ela não queria soltar porque sabia que eu era a última pessoa que ela amava de verdade.
-Tails –Ela diminuía a força do abraço. –Por favor, me poderia fazer uma promessa? –Dizia ainda olhando para baixo.
-Claro, mas com uma condição.
-Qual? –Ela ainda olhava para meu pescoço.
-Olhe para mim. –Assim puxei seu queixo com meus dedos delicadamente.
-T-Tails, prometa que nunca me deixará. –Ela disse com convicção tentando engolir o choro, que era inútil.
Ela esperava a resposta fixando seus orbes nos meus, eu não falava nada, apenas fiz o que achei que deveria ser feito. A puxei para um beijo, um beijo simples, amoroso e calmo. Depois de alguns segundos me separei dela, e finalmente disse.
-Prometo nunca de deixar, Cream, nunca.
-Eu te amo tanto Tails.
E ficamos ali, deitados um do lado do outro, aproveitando cada caricia, cada carinho que o outro oferecia. Até que o sono nos pegou e o recinto apenas ouvia-se o barulho do vento gélido que entrava pelas janelas e das respirações calmas e sonolentas de dois indivíduos.
[Shadow Point Of View]
Entrei no quarto, ai que vi Maria sentada na cama com uma perdeneira na mão. Mas...
-Maria, por que está assim?
Ela não me respondeu. Eu me aproximei dela e vi que o seu olhar era sem emoção para o chão.
-Maria, o que houve? –Seus olhos estavam cinzas e não respondiam. –Maria?! Maria!
[Meia hora antes] [Maria Point Of View]
Estava no meu quarto, contei tudo que eu sabia para a Cream, ela saiu correndo com lágrimas em seu rosto desabando como uma queda d'água. Me senti culpada por mandar uma notícia tão má quanto essa, eu olhava para a janela e para uma arma de fogo ao meu lado. Estava realmente pensando em tirar minha própria vida? Pelo menos se eu morresse toda essa confusão terminará, com minha morte os atacantes do castelo não teriam motivo para lutar e assim deixariam meus amigos em paz. Mas eu realmente pensava, e o Shadow? Ele já tinha perdido os pais e perderia agora a pessoa que mais ama? Eu não me perdoaria, porém, isto é, por uma causa muito maior. Respirei fundo e me decidi, a sobrevivência de todos é mais importante que a de um, peguei a arma e apontei para meu crânio, não pensei em mais nada e puxei o gatilho.
Não ouvi som algum, estava em um local escuro, que logo se iluminou quando um clarão me atordoou, quando recuperei a visão eu não acreditava no que estava vendo, seria aquilo que estava escrito nos livros antigos?
-Quem é você?
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A Flor e A Sombra - Segundo Arco
FanficMobius, 1786. Maria depois de acordar se encontra em um lugar desconhdcido. Lá dentro vai conhecer pessoas que mudarão sua vida, ou apenas uma que mudará ela toda. Continuação de O Espadachim de Vento, fatos não explicados serão expostos nessa. [Kn...