Parte VI- Carta

209 11 1
                                    


Em meio a toda aquela emoção que assolou o seu coração. Amandla acabara por adormecer agarrada a aquela carta que regozijava o cume de seus sentimentos. Todavia, aquela sesta se tivera prolongado até o começo da noite, e só fora desperta pela voz estridente de Tara que há muito custo tentara sacudi-la para que despertasse de seu sono profundo. A princípio, a moça pensara que era tudo fruto de sua imaginação, que tudo fazia parte de um longo sonho que a mesma estava tendo. Porém, acordara de imediato ao aperceber-se que aquela voz estava demasiado sonora para que fosse uma mera alucinação.

''Por que dormes há uma horas dessas?'' indagou Tara, acomodando-se na beirada da cama de Amandla.

A moça bocejara levemente enquanto reposicionava-se em sua cama.

''Que horas são?'' inquiriu enrouquecida, devido ao sono.

Tara bufou ar por entre os lábios.

''São quase sete da noite, Amandla, '' estranhara Tara com os lábios comprimidos. ''Uau! Ficar sem ver o Curtis te faz mal. Estás horrível,'' comentara jocosamente, ao olhar para o coque desgrenhado de Amandla.

Amandla revirou os olhos, enquanto arrumava o coque feito em seu cabelo.

''Ele é tão fofo, Tara'' derreteu-se com a voz cantante. ''Acreditas que ele escreveu-me um poema.''

Tara arregalou os olhos.

'' A sério!'' exclamou Tara. ''Está ai, jamais podia imaginar que Curtis Jones pudesse escrever poesia,'' salientou Tara.

Amandla abriu um sorriso largo.

''Sabes, depois de tudo eu já não me surpreendo mais,'' dissera Amandla num devaneio.

Tara mordeu o lábio inferior.

'' Alguém está mais apaixonada que nunca!''  observou Tara brincalhona.

Amandla abanou a cabeça num sorriso.

'' Não posso evitar. Ele é tão especial.''  disse num suspiro alegre, mostrando a carta de Curtis a Tara.

Tara soltou um suspiro.

''Eu não sou romântica, muito menos gosto de romance. Mas isso é muito lindo!'' exaltou Tara, tocada pelo conteúdo das palavras que acabara de ler.

'' Eu sei! Quase chorei acredita.'' disse com candura, entrelaçando as suas mãos entre si. ''Detesto a avó Corinne, por culpa dela nem posso falar com ele!''  resmungou Amandla possessa, passando a mão pela cabeça.

Tara suspirou.

'' É, a tua avó foi extrema. Até escondeu o telefone no quarto. Meu Deus do céu! , concordou Tara pasmada.

Amandla bufou ar por entre os lábios franzinos.

''Mal consigo olhar para ela,''

'' Amandla! A semana já está no fim, anima-te,'' suscitou Tara com um sorriso.

Amandla abriu um meio sorriso.

'' É. Isso é que me conforta.'' corroborou Amandla.

Tara a fitou pensativa, como se uma ideia pairasse sobre sua cabeça.

''A carta é tão bonita, não lhe queres enviar uma resposta'', sugeriu Tara. '' Eu posso entregá-la.''  ofereceu placidamente.

'' Eu nem sei o que escrever.'' gemeu embaraçada. ''Sinto que nada que eu escrever vai ser tão belo quanto isto,'' disse, segurando na carta do rapaz.'' Eu não tenho tanto jeito com as palavras quanto ele. Tudo que eu escrever vai parecer um fracasso perto desse poema.'' expressou-se desanimada.

Tara a olhou fixamente.

'' Amandla! não precisa ser bonito ou trabalhado, basta escreveres aquilo que sentes. Além disso, ele já vai ficar feliz só em saber noticias tuas.''

Amandla assentiu com um sorriso radiante, levantando-se abruptamente da cama para abrir a gaveta de seu criado-mudo, de onde retirara  o seu caderno negro de camurça onde anotara as palavras mais bonitas que conhecera e as suas mùsicas favoritas. Amandla retirara uma folha do caderno e começara a escrever a mensagem singela que queria que Curtis recebesse.

Curtis , meu amor!

Talvez eu não tenha o mesmo traquejo

Que tenhas para falar, escrever

Sobre as coisas doces da vida, como o amor.

Mas o meu traquejo está em amar-te

Sem amarras, sem condições, muito menos medida.

Somente amo-te  de maneira visceral,

Sem nenhum reflexo de sanidade ou contenção.

Sinto imensas saudades tuas Curtis Jones!

A.A


Vote

Comente

E Partilhe !

Forever Amandla! #wattys2017Onde histórias criam vida. Descubra agora