Capítulo VII- Reencontro!

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 Por vezes tememos o passado, pois o mesmo ainda não passou, está impregnado em nós como a força de uma sombra tangível, Ymelda Chilli.

Naquela manhã fresca, de quarta-feira. Terrence finalizara os exercícios no ginásio do andar de baixo e fora tomar um duche rápido na suíte-master, de modo a que pudesse preparar-se para reunião com a sua equipe no escritório da mansão. A decoração clássica com nuances dourados dera elegância ao amplo recinto em que todos encontravam-se devidamente sentados em cadeiras estofadas bege. O mesmo posicionara-se em sua cadeira giratória de couro marrom, enquanto orientara a sua equipe em relação ao próximo projecto que ele detivera para a sua marca. O projecto consistira num terreno antigo que o mesmo tivera adquirido em Rochester no ano anterior. O terreno produzira excelentes videiras, o que era perfeito para as suas aspirações; pois finalmente lançaria o vinho idealizado pelo mesmo. Se tudo corresse de acordo com o esperado, o lançamento ocorreria em um mês e finalmente conseguiria disponibilizar a sua primeira safra nos mercados.

Tornara-se num enófilo, desde que tivera experimentado o Romanée Conti na França. A maciez do vinho quando maravilhosamente degustado o fizera ter bastante apreciação por aquela bebida, tanto que o mesmo possuíra uma adega só para vinhos em sua cozinha. Para o mesmo, a bebida era tão especial que só servira para brindar e celebrar alguma coisa que realmente fosse relevante;  nem mesmo um moet em seus lábios se equiparara a qualidade de um bom vinho. Esperava que o Cartel d'amour pudesse se impor com firmeza no mercado, assim como tantos outros vinhos tintos que o mesmo apreciara.

Trabalhar com aquela equipe, era fantástico. Todos tinham objectivos, todos estavam engajados em alcançar as metas pré-definidas. Há dois atrás tinham comprado a editora Forever que já tinha liberado mais de cinquenta livros, entre eles vinte foram best seller, e três eram de sua autoria: uma sátira política, um conto de opressão e uma balada de paixão. Quando comprara aquela editora, o objectivo primordial tivera sido gerar oportunidade para os talentos juvenis desconhecidos, principalmente para os membros de comunidade; que geravam uma versatilidade em talentos. Um mantra que repetira constantemente para si mesmo era '' Da opressão nascia muita arte, ''  ao longo do tempo a sua teoria comprovara-se, pois já tinha conseguido ajudar muitos aspirantes á  escritores. Actualmente, pretendera explorar ainda mais aquele seu lado mentor; queria amparar a juventude das comunidades. Queria que a mesma tivesse uma referência, a referência que o mesmo fortemente buscara ao longo de sua mocidade. Perdido entre seus mais profundos pensamentos, enquanto digitara um de seus poemas numa página recém-aberta do Word —lentamente alguém abrira a porta e sentara-se na cadeira a sua frente. O mesmo sorrira ao ver Desmond com um burrito na mão.

Terrence ergueu o olhar para encarar Desmond.

''Quando vais te cansar desses burritos? ''

Desmond sacudiu a cabeça, mordendo o burrito.

''Quando eles deixarem de ser assim tão bons.''exaltou de modo guloso. ''Então, estás de volta á casa. A noite deve ter sido bem interessante.'' insinuou com uma careta matreira.

Terrence sorriu maliciosamente.

''Eu sabia! Eu sabia!'' disparou freneticamente. ''É alguma novidade? Eu conheço?'' questionara.

Terrence abanou a cabeça com um ar misterioso. ''Não é nenhuma novidade, Des''

Desmond arregalou os olhos ligeiramente.

''É a Malina.'' confessou com um sorriso travesso.

''Ah. Com que então, a santa tem nome. Hum e que nome! '' constatou com um olhar pecaminoso. ''Nem preciso perguntar, se a noite rendeu. A tua cara já diz tudo.''  incitou malicioso. ''Quem não vai gostar nada disso é a Sidney,''  pontuou com um olhar de lado.

Terrence bufou ar por entre os lábios enquanto fechava o laptop.

''A Sidney e eu já não temos mais nada,'' esclareceu num tom coloquial. '' É melhor assim. Ela estava começar a confundir as coisas,  e isso não é bom para a relação de negócios que temos,'' aventara de forma prática.

Desmond anuiu.

''É uma pena, porque a Sidney não é de se jogar fora,'' observara, passando a mão pelo queixo. ''Ontem, ela não parou de interrogar-me para saber onde estavas, e só foi dormir a meia-noite,'' relatou Desmond.

''Essa reforma tem que acabar logo para Sidney poder sair daqui,'' pontuara, referindo-se a reforma da cobertura da mesma no Upper East Side. ''Estar aqui só torna as coisas ainda mais constrangedoras.'' salientou com um esgar impaciente.

''A Sidney é uma boa mulher e o melhor de tudo é que ela gosta de ti de verdade,'' disse seriamente. '' Esteve contigo durante o teu coma e não é só isso, está contigo em todos momentos e te conhece como ninguém. Eu acho que devias considerar isso,'' frisara num tom ameno.

Terrence passou a mão pela sua barba rala. ''Eu gosto da Sidney, Des e é por isso que não quero que ela alimente falsas esperanças em relação a nós. Ela não é só uma mulher com quem eu já fui para cama. É uma mulher que durante esse tempo todo eu aprendi a respeitar e a valorizar, por isso não a quero iludir mais.

Desmond inclinou levemente a cabeça.

''Se pensas assim,  porquê não tentas ter uma relação séria com ela?'' sugeriu, passando o dedo por sua sobrancelha rasa. ''Sempre achei que a Sidney era muito melhor para ti do que a Imani.''  pontuou assertivo.

Os sobrolhos de Terrence juntaram-se.

''Tu melhor que ninguém, sabes que a Imani nunca foi minha namorada.'' afirmara de modo displicente. '' Tivemos bons momentos no ano passado. Mas nunca foi um relacionamento de facto,'' disse convicto.

Desmond pigarreou de forma provocativa. '' Como se só tivesse sido no ano passado...''

Terrence abriu um sorriso descarado.

'' Eu não vou dizer que a recaída de há semanas atrás não tenha sido agradável.''

Desmond deu de ombros.

''Tu és adulto, sabes o que fazes. Mas pelo tipo de vida que vivemos, as noites. As festas. Nós dois sabemos que mulheres como a Sidney não aparecem todos dias.'' alertou perspicazmente.

''Não te preocupes com a minha vida emocional.'' disse com casualidade. '' Quando eu quiser uma relação séria. Eu vou saber escolher a mulher ideal hum,'' tranquilizou com um meio-sorriso.

Ele passou os  dedos pela borda do laptop e questionara. ''Investigaste aquele detective?''

''Eu ainda estou no processo, Curtis,'' respondeu com cautela. ''Mas algo me diz que o passado dele não é nada bonito,'' insinuara com o cenho erguido.

Terrence recostou-se confortavelmente em sua cadeira.

''Espero que não seja. Assim ele para de me perseguir,''  disse com o olhar semicerrado. ''Detesto recorrer a esse tipo de coisa, mas detesto ainda mais ser perseguido.''  suplantara tenazmente.

''Não te preocupes Curtis, em breve a perseguição do detective Grant vai acabar,'' disse taxativo. ''Hum, é amanhã que vamos ter os abutres aqui em casa?'' questionara, mudando de assunto.

Terrence soltou um suspiro.

'' É já tinha me esquecido que é amanhã a entrevista com a Tinsel,'' lembrou-se de maneira tediosa. ''É. Essas são as graças de ser uma celebridade,'' havia ironia pura em sua voz.

Desmond o olhou de maneira divertida.

''É meu amigo! Boa sorte com as feras amanhã,'' desejou o amigo com um sorrisinho de lado.

Terrence abanou a cabeça.

'' Vais estar aqui amanhã. Não há necessidade de me desejares boa sorte.'' ressaltara Terrence com um sorriso, fazendo com que o mesmo bufasse ar por entre os lábios. '' Afinal para que servem os grandes amigos?''


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