Parte XIII- Abrindo o Jogo

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A tarde nova-iorquina estava coberta pela humidade insípida, daquele calor escaldante que culminara na sensação de aquecimento crescente que pairava mediante aquela temperatura quente. Aquecera tão ardentemente que nem parecia que o sol era inexistente, o mesmo parecera estar lá, escondido há algures por detrás de alguma nuvem ou arranha-céu invisível.

Amandla debruçara-se sobre o sofá de couro alvo, fustigada de tanta fadiga por subir aquelas escadas. Justo naquele dia, o elevador tivera de avariar! Ninguém merecera aquilo, ter de subir vinte sete andares num dia tão quente quanto aquele, com certeza os seus pecados todos tinham sido perdoados com aquela maratona. A mesma suspirara, enquanto Natalie pousara as bolsas de ambas na mesinha de centro e dirigira-se a bancada da cozinha, onde depositara água bem gelada em dois copos de vidro e entregara um a Amandla que recebera prontamente. Estava tão sedenta que naquele instante, aquela água parecera a sétima maravilha de mundo tanto que, a sorvera em questão de segundos.

Amandla suspirou profundamente com uma expressão de deleite, mediante o alívio proporcionado pelo líquido em sua garganta.

''Eu estava mesmo a precisar dessa água. O calor de hoje está de morrer!'' exclamara, passando a mão pela fronte.

''A quem o dizes...'' concordou enfaticamente. ''Nem parece que o céu está nublado.''

A moça de pele alva soltou um suspiro, aconchegando-se na poltrona em frente a Amandla para logo em seguida voltar-se para a mesma. ''Estás bem?''

Amandla desviara o olhar, depositando o copo em cima da mesinha de centro.

''O que é que achas Nat?'' questionou com apatia. ''Óbvio que não estou nada bem.'' disse com a voz apertada.

Natalie a analisara atentamente. ''Tu o amas.''

 ''É por isso que ele ainda te afecta assim tanto.'' concluíra sem sombra de dúvidas.

Amandla baixou o olhar, tentando ocultar aquela verdade de si mesma.

''Se tivesses visto a tua cara quando ele saiu daquele carro. Tu estavas em devaneio, parecias uma menina apaixonada.'' observou, remetendo-se há instantes atrás na loja de noivas.

 Ela pestanejara rapidamente, tentando desfazer-se do nervosismo que pairava sobre si.

''Eu o amo Natalie,'' admitiu com uma lágrima cálida que vertia em sua face de canela.''Eu o amo como se o tempo jamais tivesse passado. Como se ele fosse o mesmo Curtis que eu confundi com um ladrão em Kensington,'' prosseguira com um fraco sorriso, limpando as lágrimas sorrateiras que insistiam em cair.

Natalie a encarou com um olhar complacente.

''Então qual é o problema?'' indagara simplesmente. ''Se o amas para de se enganar. Para de enganar o James, e se joga nessa história,'' aconselhou com um sorriso enternecedor. ''Porque pelos vistos ele também não te esqueceu.''

Amandla sacudiu a cabeça.

''Eu não posso, Nat.'' negou relutantemente.  ''Eu não posso me iludir, me enganar outra vez. Eu já sofri tanto por causa dessa história... '' lamentou-se com pesar.

''O que não podes fazer é fugir disso, Amandla. Tens de contar-lhe a verdade sobre quem realmente és,'' instigou suavemente.

Amandla abanou a cabeça fortemente em negação. ''Eu nunca vou ter coragem suficiente para fazer isso,''

 Natalie assentiu, sem entender.

''Ao menos termina com o James,'' determinara.''O James não merece casar com uma mulher que não está inteiramente com ele,'' seu tom era de uma sinceridade severa.

A moça de tez acanelada engoliu em seco, colocando uma parte dos fios de seu cabelo para trás.

''Eu não sei,''

Natalie a encarou rigidamente.

''Não é justo para o James, casar com uma mulher que está apaixonada por outro,'' disse com franqueza. ''Ele não merece isso, e eu também sei que a Amandla que eu conheço não é essa pessoa egoísta,'' salientara com brusquidão.

Amandla assentiu, reflectindo por alguns instantes sobre as palavras proferidas por Natalie.

'' É. Eu vou ter uma conversa séria amanhã com o James,''  disse com firmeza. ''Ele não merece que eu o engane. Não depois de tudo que nós vivemos juntos esse tempo todo.'' reflectiu tristemente.

Natalie a fitou com um fraco sorriso.

''Eu sei que eventualmente farás a coisa certa.'' encorajou-a fortemente, levantando-se da poltrona. ''Vou tomar um banho agora. Estou mesmo a precisar,'' disse com um suspiro.

Amandla esticou os lábios numa tentativa vã de tranquilizar Natalie, enquanto a mesma dirigira-se ao banheiro. A moça reflectira sobre Curtis e reflectira, sobre o quão difícil seria não seguir o impulso de seus sentimentos. Por vezes imaginava-se recuando no tempo, com Curtis naquela loja, e desejava ardentemente ter aceite todas as propostas que o mesmo tinha em sua mente. Almejava permanecer no calor daqueles braços que até aquele instante causavam tamanho tremor em suas pernas. Em meio ao frenético tumulto que habitava em seu coração, era deveras tortuoso imaginar de antemão o que significaria ou no que resultaria, tomar a decisão mais acertada em detrimento daquela circunstância.



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