Parte I- Revelações I

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''Quando pensavas em contar-me que o teu amigo recobrou a memória?'' indagou sisudamente.

Desmond pigarreou, revirando todos os documentos perfeitamente organizados na estante de madeira bege do escritório de Terrence.

''Eu... ia contar-te,'' titubeou com a mão no queixo. ''Mas queria ter boas notícias primeiro. Aliás, estou prestes a encontrar o dossiê,'' falou, tentando transmitir maior confiança do que de facto sentira.

Um som desdenhoso se fizera ouvir audivelmente do outro lado da linha.

''Diz-me uma coisa, o Jones e a Avins estão juntos outra vez?'' questionou de modo ardiloso.

Desmond engoliu em seco.

''É. Eles estão juntos, tanto que a Amandla está a morar aqui na mansão,'' confirmou num tom baixo.

A voz firme do outro lado da linha bufou ar por entre os lábios agastadamente.

''Hum,'' balbuciara. ''Essa é uma informação bem interessante. Contudo, não muda o facto da tua incompetência começar a irritar-me Desmond.'' reiterou, impaciente.

Desmond passou a mão pela cabeça.

''Calma, Carter!'' havia nervosismo em sua voz. ''Sabes, que tenho feito tudo para achar esse maldito dossiê,'' praguejou. ''Já sondei a Sidney. A família do Curtis, mas ninguém parece ter ideia de onde ele possa ter deixado esse dossiê, eu passo madrugadas invadindo a Golden Music e nada,''

'' O teu esforço não me serve de nada!'' seu tom era enraivecido.'' Eu quero esses pápeis. Estou a ficar sem tempo,'' exigiu num tom ameaçador. '' Pouco me importa que meios usarás para obtê-los. Mas esse dossiê tem que chegar as minhas mãos,'' determinou taxativo.

Uma ruga formara-se na fronte de Desmond.

''Não te preocupes, o dossiê chegará as tuas mãos,'' tranquilizou fracamente.

''É melhor mesmo Desmond, caso contrário não faltará muito para teres o mesmo fim do Jussie,''ameaçou secamente.

''Ameaças são desnecessárias, Carter,''pontuou contorcendo os lábios de modo irascível, antes que aquele telefonema fosse interrompido de forma brusca. Tinha de mudar de estratégia para encontrar o mais rápido possível aquelas provas. Naquele instante a sua vida dependera disso. Droga! Onde aquele idiota do Curtis tivera escondido essas provas? reflectira consigo mesmo, apertando aquele celular firmemente em suas mãos, naquela madrugada fresca.

                                                   ≈≈≈≈≈

Deitada preguiçosamente, na enorme King Size com o celular em suas mãos. Amandla abstraíra a sua mente da tensão que sentira desde a noite anterior, respondendo as infindáveis mensagens de Natalie e de Corinne naquela manhã. Ambas estavam incineradas de ansiedade para saber se a mesma estivera feliz com aquela decisão. Quanto mais respondera, as mensagens não paravam de entrar, suscitando a mesma a sorrir pela primeira vez no alvorecer daquele dia, deixando aquela apatia de lado. Entre sorrisos discretos, a moça voltara-se para o barulho da porta que tivera sido irrompida por um Terrence com uma bandeja de cama composta de: pãezinhos, rodeados de embutidos e biscoitos de baunilha com pepitas de chocolate e dois cafés com natas. O mesmo chutara a porta com o pé de modo a que pudesse fechá-la e posicionara a bandeja em frente a Amandla,  fazendo com que a mesma se sentasse instintivamente recostada a cabeceira da cama.

A mesma fitara Terrence atentamente, enquanto o mesmo sentara-se na cama e a entregara atenciosamente uma das xícaras de café que estivera na bandeja, para depois também servir-se de uma.

Ele suspirara alto, chamando a atenção de Amandla que o olhava com minúcia, enquanto sorvia o café em sua xícara saborosamente.

''Hum esse café está maravilhoso!'' exclamou, quebrando aquele silêncio constrangedor. ''Tu é que fizeste?'' inquiriu o olhando de soslaio.

Terrence assentiu com um leve sorriso. ''Sim! Eu adoro começar o dia a tomar esse café.''

''Pelo menos, sei que o pequeno almoço não será tedioso ao teu lado,'' troçou, dando um gole na xícara de café.

O mesmo deu um meio-sorriso.

''Que bom que ainda planeas ficar ao meu lado,'' gracejou por um instante. ''Eu devo-te uma explicação, Amandla.'' afirmou de modo circunspecto. ''Ontem fui ríspido contigo, aparentemente sem nenhuma explicação. Por isso queria pedir que me perdoasses por deixar que os fantasmas do meu passado se colocassem entre nós,'' pediu com um olhar torturante.

Amandla o olhou confusamente.

''Eu sei que nesse momento deves estar confusa, sem nem ter ideia do que te estou a dizer,'' iniciou de modo inquieto.

A moça aquiesceu.

''Eu passei a noite inteira em claro, pensando se devia ou não ter essa conversa contigo.''disse.''Mas eu amo-te Amandla, e tinhas razão ontem quando disseste que não deviam haver segredos entre nós, pelo menos não mais,'' disse verdadeiramente. ''E é por acreditar nesse amor e por acreditar que um verdadeiro casal tem de ser cúmplice, que eu vou contar-te coisas sobre mim, que muito pouca gente sabe além das pessoas que vivem nessa casa, outras dessas coisas nem mesmo as pessoas que vivem nessa casa fazem ideia.'' expressou-se com franqueza. ''Hoje eu vou expor-te as partes mais sensíveis da minha vida,'' frisou com a vulnerabilidade patente em seus olhos amendoados.

Amandla mantivera-se concentrada, escutando aquelas palavras com extrema atenção.

''Tudo isso com certeza inclui a pergunta que hesitaste em responder-me ontem?'' a voz franzina da moça manifestou-se receosamente.

Terrence ergueu a cabeça para fitá-la.

''Com certeza que sim,'' disse indubitavelmente. ''Agora, estás pronta para ouvir?'' questionou com os seus olhos presos nos de Amandla.

Ela engoliu em seco nervosamente.

''Sim. Eu quero saber tudo,'' afirmara de forma convicta.



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