Capítulo VI- Anseios de amor !

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O  tempo é voraz, se não o devoramos ele é quem devora-nos com toda sua  fustigação, Ymelda Chilli.

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Primavera, 2002

A cidade de Nova Iorque não fora mais a mesma, desde o cruel desvanecer das torres gêmeas em plena luz do dia, aquele ar enegrecido pela nuvem densa de fumaça beirava a memória de todo cidadão nova iorquino que testemunhara aquela cena fatídica, seja de modo presente ou pela televisão. Não havia dúvidas que as cinzas daquela explosão assombrosa do World Trade Center permaneciam ali, por entre os condados e as avenidas da cidade insone que durante aqueles sete meses tentava reestabelecer a sua harmonia e segurança na existência da vida. Apoiada no vidro laminado da varanda, Amandla rememorara o pânico que se apossara de toda a redacção da Tinsel ao auscultar o estrondo daquela explosão nas imediações do arranha-céus da décima avenida; uma hora depois o edifício começara a ser evacuado devido ao pavor e instabilidade que se apossara de todos presentes, que temiam que aqueles ataques se alastrassem até ali. A mesma recordara-se de ter corrido como jamais correra antes, discando o número de Natalie em seu celular com a mão trêmula com vista a localizá-la; no entanto a deficiência na rede telefónica só exarcebara ainda mais a preocupação pela sua amiga que naquele dia estivera fora a fazer uma matéria sobre o romance por trás do Empire State Building. Em suspiros agonizantes, a moça prosseguira caminhando desgovernada pelas ruas de Manhattan, até apanhar um táxi que a levara em direcção ao apartamento que a mesma dividira com Natalie em Midtown— todavia, aquela terça-feira negra tivera terminado bem para as duas que correram para abraçar-se calorosamente logo que Natalie em desmazelo, irrompera porta-a-dentro.

Os latidos de Neón, o Chow Chow castanho de sua amiga, a dispersaram daquelas reflecções; Amandla baixara-se para afagar as orelhinhas do mesmo que acabara de despertar e empurrara a tigela de ração canina que trouxera consigo para que o mesmo pudesse comer, antes de levá-lo ao veterinário para aparar os pelos mais tarde. No auge dos seus vinte e seis anos, Amandla mal conseguira acreditar no rumo que a sua vida tomara naqueles últimos oito anos, um rumo que a levara para aquele espaçoso e refinado apartamento em Manhattan que excedera qualquer sonho que a mesma detivera em sua adolescência, sempre cercada de um luxo e opulência que jamais desfrutara. Quando poderia algum dia imaginar que pudesse residir em Manhattan? Naquele coração de Nova Iorque que abrigara um êxtase de emoções inéditas mesclado de todo aquele mar de esplendor e agitação constante. E tudo aquilo devera-se a Natalie Smith, a moça caucasiana de estatura baixa com os olhos esverdeados que se assemelhavam a pureza de uma jade— a primeira vista, a moça irradiara uma simpatia natural em sua figura pequena e gentil. Ambas se tinham conhecido no primeiro semestre da faculdade de Comunicação Social e logo de primeira, a empatia fora evidente, ainda mais pelo facto das duas partilharem o infortúnio de dividir o quarto com colegas de quarto completamente distintas de si; tanto que á medida que o tempo passara, as duas tornaram-se inseparáveis quase que irmãs, principalmente pela modéstia de Natalie que mesmo sendo proveniente de uma família aristocrática texana, monopolizadora do sector petrolífero naquela região, revelara-se sempre amigável e solicíta. Aquele requintando apartamento tipo dois em Midtwon, fora presente do agradável senhor Abraham Smith, que quando as duas amigas resolveram embarcar numa aventura nova iorquina após o fim dos estudos, não quisera permitir que ambas gastassem dinheiro arrendando um apartamento, quando ele detivera vários imóveis espalhados por aquela cidade cosmopolita. Também sugerira, entrar em contacto com um de seus conhecidos na cidade para arranjá-las um emprego em algum jornal proeminente, mas Natalie prontamente recusara a oferta, pois desejara desassociar-se da influência de seu pai em sua vida, pelo menos não naquele momento em que buscara obter mérito pelas suas conquistas. Todavia, Amandla entusiasmara-se só com a ideia de Nova Iorque, de tal forma que em questão de semanas arrumara as malas com euforia, movida pela forte pretensão de um dia trabalhar no New York Times, o maior e o mais conceituado jornal do mundo do jornalismo; trabalhar lá seria o ápice para qualquer recém-formado. Pelo menos é o que acreditara naquela altura em que lograram conseguir um estágio na Harper's Bazaar, que logo se transformara num emprego para Natalie, enquanto Amandla depois do findar do mesmo prosseguira trabalhando em pequenos jornais até conseguir através de um conhecido, uma entrevista de emprego na revista Tinsel que posteriormente também recebera uma Natalie ansiosa por lidar com um jornalismo mais versátil.

Forever Amandla! #wattys2017Onde histórias criam vida. Descubra agora