Capítulo VI - A salvos e de volta ao poder

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21:00

- Fome? - Oferece um pouco da seleta de legumes.

- Não, obrigado. - Tenta mandar mensagem, mas todas dão erro - De agora em diante, os serviços telefônicos estão mortos. - Respira fundo, deitando-se no sofá e colocando as pernas no colo de Eloísa - Ou pelo menos o da minha operadora.

- Em três horas não precisaremos de nada disso. - Termina de comer, pendendo seu corpo para frente e colocando a lata em cima do mezanino da sala.

- Nunca perderemos o contato com a torre de comando e os pilotos de Paris. - Comenta, baixo como um sussurro.

- Como pode ter tanta certeza?

- Nosso sistema está conectado com os satélites. - Diz orgulhoso.

- Mas com certeza eles não farão a manutenção deles, logo a comunicação só funcionará quando o satélite estiver no raio de alcance, ou seja, funcionará por um curto período de tempo. E não sabemos quanto tempo eles dão a volta na Terra. - Tira as pernas de Daniel de seu colo e se levanta - Vou dar uma olhada pela casa - A iluminação retorna - Não consigo ficar parada.

***

22:30

Portando uma faca afiada, vira o corpo, do soldado morto, de barriga para cima, desabotoa toda a camisa e afunda a lâmina em toda a região intestinal. Samuel pega uma grande quantidade de sangue escurecido e vísceras, banhando-se como se estivesse aproveitando do mais puro leite de rosas.

- Pela vida a gente beija até o Diabo na boca. - Passa um pouco de sangue no rosto - Vou sair daqui eu juro. - Levanta-se e olha para o céu pela janela - Esperarei secar um pouco e vou pôr mais uma segunda camada.

***

23:57

- ELOÍSA! Estão embarcando os políticos da casa Branca.

- Vamos com o presidente? - Pergunta do banheiro.

- Não, ele saiu faz vinte minutos, faltam dez pessoas para embarcar, contando com a gente! Venha logo!

- Pronto. - Abre a porta do banheiro e ambos caminham para fora da casa - Resolvi fazer xixi aqui, não gosto do banheiro de avião.

- Ainda mais jatinho particular.

- Problema em dobro. - Trancam a porta da casa ao mesmo tempo que veem a energia de todo o aeroporto se apagando.

- Como vamos embarcar agora, provavelmente eles vão ligar os geradores e deixarem - Correm até o setor de embarque, na área coberta.

- Deixarão aqui ao relento? - Param no final da fila.

- Abandonarão este aeroporto. - Assente - Quando acabar a gasolina dos geradores, será o fim desse lugar.

Cinco minutos depois

- Bem-vindos ao voo emergencial da CCD, nome por favor. - Diz a funcionaria, segurando uma prancheta.

- Daniel Balerine e Eloísa Balmain.

- Na primeira fileira da esquerda, as poltronas C02 e C03 os aguardam.

- Obrigado. - Seguem no interior do jato, encontrando seus assentos logo de cara.

"Aqui é o piloto informando que as condições climáticas estão ótimas, recebi o aval de decolagem, em até dez minutos estaremos iniciando o voo. Afivelem seus cintos e tenham uma boa viagem. "

- Espero conseguir desenvolver a cura, nem que seja individual. - Respira fundo, acomodando-se na poltrona.

- De um em um você salvará o mundo. - Eloísa segura suas mãos.

- Tomara.

***

Dois dias depois


Nos arredores de North Jordan

Samuel chega em frente ao portão da chácara e ajoelha-se em um choro sofrido. Juntando suas mãos e encostando sua testa na terra batida, alguns militares apontam suas armas em direção a ele, em dúvida sobre ser um doente ou um civil.

- Estou vivo porra. - Murmura.

- O que é isso em sua mão direita? - Um dos soldados abaixa a arma.

- Uma maleta? - Ironiza - Por acaso é cego?

- Diga seu nome! - Pergunta em tom autoritário.

- Samuel Lessa - Ri como um homem bêbado - Sujo de sangue, assado de merda, com bolhas nos pés e sangramentos horríveis nas unhas.

- Deixe-o entrar! - Tosse, semelhante a um asmático.

Todos os soldados fazem continência e o portão elétrico é aberto.

- A doença te pegou pelo visto. - Caminha para perto de seu colega.

- Fico mais aliviado agora! - Estende o braço, mostrando a mordida - Um soldado filho da puta morreu e me atacou. Vamos entrando, mal amanheceu e está frio demais.

Seguem para o interior da chácara enquanto conversam.

- Preciso me recompor, nunca cheguei tão próximo do limite como estou agora.

- Vá tomar um banho, Lessa! Pegue o que precisar - Tosse, apoiando-se em Samuel - E esta maleta?

- Vim da base militar de South Jordan até aqui! - Param de andar - Essa maleta possui uma vacina temporária. - Reformula sua explicação - Ela prolonga sua vida por até sete dias depois da infecção.

- E funciona com quem já está doente?

- Infelizmente não, deve-se estar saudável para poder aplica-la - Suspira - Sinto muito.

- Não esquente com isso. - Para próximo ao megafone central que fica em meio ao jardim - Vamos deixar as coisas oficiais por aqui.

- Como assim?

- Você verá! - Liga o aparelho e começa a falar:

"Bom dia a todos, aqui quem fala é o capitão general de vocês. Tive o infortúnio de ser infectado com este vírus novo, nesta madrugada de segunda-feira, dezesseis de setembro de dois mil e dezenove. Padecerei em algumas horas e em melhor momento, meu sucessor apareceu para me salvar. Após minha morte, o Prefeito Samuel Lessa, recém-chegado ao nosso território, assumirá o comando total de vocês. O que isso significa? Caso não acatem alguma ordem dele, sofrerão as devidas punições, baseado no que ele acredita como medida de correção. A partir disso, agradeço ao batalhão a lealdade de vocês, obrigado. "

Todos os soldados próximos batem palmas.

- Estou na contagem regressiva para ver esse peso morto partindo dessa para pior. E em breve poderei começar a brincar. - Pensa, rindo sutilmente.

- O que foi? - Encara-o de canto.

- Nada, lembrei de uma coisa. - Toca no ombro do capitão general - Pode contar comigo para qualquer coisa, a partir de agora, viveremos em um mundo onde tudo e todos estarão devastados e dizimados.

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