21:00
- Fome? - Oferece um pouco da seleta de legumes.
- Não, obrigado. - Tenta mandar mensagem, mas todas dão erro - De agora em diante, os serviços telefônicos estão mortos. - Respira fundo, deitando-se no sofá e colocando as pernas no colo de Eloísa - Ou pelo menos o da minha operadora.
- Em três horas não precisaremos de nada disso. - Termina de comer, pendendo seu corpo para frente e colocando a lata em cima do mezanino da sala.
- Nunca perderemos o contato com a torre de comando e os pilotos de Paris. - Comenta, baixo como um sussurro.
- Como pode ter tanta certeza?
- Nosso sistema está conectado com os satélites. - Diz orgulhoso.
- Mas com certeza eles não farão a manutenção deles, logo a comunicação só funcionará quando o satélite estiver no raio de alcance, ou seja, funcionará por um curto período de tempo. E não sabemos quanto tempo eles dão a volta na Terra. - Tira as pernas de Daniel de seu colo e se levanta - Vou dar uma olhada pela casa - A iluminação retorna - Não consigo ficar parada.
***
22:30
Portando uma faca afiada, vira o corpo, do soldado morto, de barriga para cima, desabotoa toda a camisa e afunda a lâmina em toda a região intestinal. Samuel pega uma grande quantidade de sangue escurecido e vísceras, banhando-se como se estivesse aproveitando do mais puro leite de rosas.
- Pela vida a gente beija até o Diabo na boca. - Passa um pouco de sangue no rosto - Vou sair daqui eu juro. - Levanta-se e olha para o céu pela janela - Esperarei secar um pouco e vou pôr mais uma segunda camada.
***
23:57
- ELOÍSA! Estão embarcando os políticos da casa Branca.
- Vamos com o presidente? - Pergunta do banheiro.
- Não, ele saiu faz vinte minutos, faltam dez pessoas para embarcar, contando com a gente! Venha logo!
- Pronto. - Abre a porta do banheiro e ambos caminham para fora da casa - Resolvi fazer xixi aqui, não gosto do banheiro de avião.
- Ainda mais jatinho particular.
- Problema em dobro. - Trancam a porta da casa ao mesmo tempo que veem a energia de todo o aeroporto se apagando.
- Como vamos embarcar agora, provavelmente eles vão ligar os geradores e deixarem - Correm até o setor de embarque, na área coberta.
- Deixarão aqui ao relento? - Param no final da fila.
- Abandonarão este aeroporto. - Assente - Quando acabar a gasolina dos geradores, será o fim desse lugar.
Cinco minutos depois
- Bem-vindos ao voo emergencial da CCD, nome por favor. - Diz a funcionaria, segurando uma prancheta.
- Daniel Balerine e Eloísa Balmain.
- Na primeira fileira da esquerda, as poltronas C02 e C03 os aguardam.
- Obrigado. - Seguem no interior do jato, encontrando seus assentos logo de cara.
"Aqui é o piloto informando que as condições climáticas estão ótimas, recebi o aval de decolagem, em até dez minutos estaremos iniciando o voo. Afivelem seus cintos e tenham uma boa viagem. "
- Espero conseguir desenvolver a cura, nem que seja individual. - Respira fundo, acomodando-se na poltrona.
- De um em um você salvará o mundo. - Eloísa segura suas mãos.
- Tomara.
***
Dois dias depois
Nos arredores de North JordanSamuel chega em frente ao portão da chácara e ajoelha-se em um choro sofrido. Juntando suas mãos e encostando sua testa na terra batida, alguns militares apontam suas armas em direção a ele, em dúvida sobre ser um doente ou um civil.
- Estou vivo porra. - Murmura.
- O que é isso em sua mão direita? - Um dos soldados abaixa a arma.
- Uma maleta? - Ironiza - Por acaso é cego?
- Diga seu nome! - Pergunta em tom autoritário.
- Samuel Lessa - Ri como um homem bêbado - Sujo de sangue, assado de merda, com bolhas nos pés e sangramentos horríveis nas unhas.
- Deixe-o entrar! - Tosse, semelhante a um asmático.
Todos os soldados fazem continência e o portão elétrico é aberto.
- A doença te pegou pelo visto. - Caminha para perto de seu colega.
- Fico mais aliviado agora! - Estende o braço, mostrando a mordida - Um soldado filho da puta morreu e me atacou. Vamos entrando, mal amanheceu e está frio demais.
Seguem para o interior da chácara enquanto conversam.
- Preciso me recompor, nunca cheguei tão próximo do limite como estou agora.
- Vá tomar um banho, Lessa! Pegue o que precisar - Tosse, apoiando-se em Samuel - E esta maleta?
- Vim da base militar de South Jordan até aqui! - Param de andar - Essa maleta possui uma vacina temporária. - Reformula sua explicação - Ela prolonga sua vida por até sete dias depois da infecção.
- E funciona com quem já está doente?
- Infelizmente não, deve-se estar saudável para poder aplica-la - Suspira - Sinto muito.
- Não esquente com isso. - Para próximo ao megafone central que fica em meio ao jardim - Vamos deixar as coisas oficiais por aqui.
- Como assim?
- Você verá! - Liga o aparelho e começa a falar:
"Bom dia a todos, aqui quem fala é o capitão general de vocês. Tive o infortúnio de ser infectado com este vírus novo, nesta madrugada de segunda-feira, dezesseis de setembro de dois mil e dezenove. Padecerei em algumas horas e em melhor momento, meu sucessor apareceu para me salvar. Após minha morte, o Prefeito Samuel Lessa, recém-chegado ao nosso território, assumirá o comando total de vocês. O que isso significa? Caso não acatem alguma ordem dele, sofrerão as devidas punições, baseado no que ele acredita como medida de correção. A partir disso, agradeço ao batalhão a lealdade de vocês, obrigado. "
Todos os soldados próximos batem palmas.
- Estou na contagem regressiva para ver esse peso morto partindo dessa para pior. E em breve poderei começar a brincar. - Pensa, rindo sutilmente.
- O que foi? - Encara-o de canto.
- Nada, lembrei de uma coisa. - Toca no ombro do capitão general - Pode contar comigo para qualquer coisa, a partir de agora, viveremos em um mundo onde tudo e todos estarão devastados e dizimados.
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O Projeto
Ciencia FicciónLivro I Criado por Daniel Balerine, o vírus provava, a comunidade científica, ser um perigoso avanço na medicina, principalmente em relação ao armamento militar biológico (AMB). "O projeto", inicialmente foi apresentado em seu país de origem, Estado...