Narizinho & Batatinhas

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Quando acordei sentia meu corpo mais relaxado, a soneca tirou toda a tensão que estava sentindo.

Fiquei um longo tempo absorto em pensamentos inúteis até finalmente ter coragem para me levantar e encontrar algo para comer. Mesmo que estivesse receoso sobre o que encontraria fora daquela sala eu tinha que acalmar meu estômago que roncava sem parar.

Saí pelos corredores pervertidos e desci as escadas, parei no meio do caminho quando dei de cara com uma porta preta por onde era possível escutar uma música bem animada.

Bufei irritado e dei meia volta. Eu não iria encontrar comida numa boate!

Voltei pra maldita sala e sentei na poltrona de qualquer jeito, logo me arrependi pois minha costela deu uma fisgada que fez com que me curvasse de tanta dor.

Fiquei segurando meu flanco até que a dor se tornasse pequenos latejamentos suportáveis. Quando a dor foi embora a louca do leque voltou.

  - Oh! Finalmente acordou, pequeno.- ela abriu o leque e ficou se abanando.- Você quer algo?

  - Eu estou com fome.- meu estômago roncou mais uma vez e acho que Nikita ouviu pois ela abriu um sorriso e me levou até o maldito corredor.

  - Vamos, narizinho.- revirei os olhos pelo apelido sem noção mas a segui.

Caminhamos até a maldita porta preta e como eu já esperava era a boate. Quando passamos por ela percebi que estávamos no bar.

A som alto me incomodou um pouco, uma situação engraçada pois eu costumava dançar em um lugar parecido com esse. Agora as memórias da minha época de dançarino são sem graça e a minha vida de casado é tudo o que eu poderia pedir.

Mesmo que meu marido saia atrás de monstros por aí.

Nikita estava falando com um rapaz, um  tatuado com um moicano verde bem brega, e apontou pra mim. O cara me encarou por longos segundos e abriu um sorriso malicioso que encarei com a maior expressão tédio.

  - Querido, eu não posso ficar aqui, tenho muito trabalho. Mas John vai preparar algo para você.- Nikita piscou e saiu me deixando sozinho com o tatuado nojento.

  - O que o gatinho vai querer?- ele se aproximou para falar no meu ouvido e eu sabia que não era apenas pelo som alto.

  - Achei que nesses lugares não tivesse comida.- falei alto, tentando evitar chegar muito perto dele.

  - Nikita é uma mulher excêntrica.- ele piscou.- Temos temaki, rolinho primavera e sushis.

Não gosto de nada daquilo. Odeio coisa crua.

Bufei impaciente e involuntariamente fiz um bico irritado. John ficou encarando a minha boca e eu o encarei de volta, mas entediado e com nojo.

  - Eu não gosto de peixe cru.- reclamei. Ia dar meia volta mas ele segurou.

  - Você não é o primeiro cliente que não gosta de peixe cru. Por isso temos batata frita.

Sorri animado já pensando nas batatinhas e balancei a cabeça.

  - Eu quero muitas batatas!

O cara de moicano sorriu e foi até uma fritadeira toda moderna onde encheu de batatas e as mergulhou no óleo quente.

  - Por conta da casa, gatinho.

  - Eu sou casado.- seu sorriso vacilou um pouco mas ele disfarçou.

  - Já deveria imaginar.- ele continuava com aquele sorriso no rosto e revirei os olhos.- Ei, calma! A partir de agora não vou tentar nada, eu não sou assim. E as batatas continuam sendo por conta da casa.

Bom, depois disso ele não me parecia tão nojento assim.

______

Dentro do bar tinha uns bancos onde eu estava sentado me deliciando com uma vasilha cheia de batatas gordurosas. John estava atentendo os clientes e agora mais um o ajudava no serviço; Clay, um ruivinho bem simpático e bem animado.

Suguei o canudo, tomando o último gole da coca cola e lambi os dedos, levando o sal e o óleo. Esfreguei a minha barriga que estava estufada e arrotei alto.

De onde eu estava era possível ver o paredão de pessoas se esfregando umas nas outras. De vez em quando alguém ia até o balcão pedir uma bebida pra mim, eu negava e apontava para John ou Clay. Ou então um babaca só apoiava os braços no balcão e tentava iniciar uma conversa comigo, com esses eu não era educado, sacrifiquei muitas batatas que foram guerreiras e acertaram bem no meio da testa desses sujeitos.

  - Quer mais alguma coisa, Louis?- Clay pegou a louça suja e colocou para lavar.

  - Já estou satisfeito, obrigado.- sorri gentil e desci do banco.- Eu vou voltar, nos vemos por aí.

Me despedi dos dois e voltei para a sala de Nikita. Minha barriga estava tão cheia que estava andando meio curvado.

Quando cheguei encontrei a asiática olhando alguns papéis sentada atrá de uma mesa grande. Silenciosamente me deitei no divã que estava do outro lado do cômodo.

  - Como você fisgou o Styles?- fiz um barulho com a garganta e a olhei.- Ele realmente está apaixonado.

  - Eu não o "fisguei".- fiz sinal de aspas com os dedos- Eu o amo e somos casados, isso é tudo que tenho pra te falar.

Ela deu um riso anasalado e se levantou largando os papéis.

  - Você sempre está na defensiva?

  - Você sempre se mete na vida pessoal dos outros?

A asiática abriu o maldito leque e fechou, repetindo o movimento várias vezes.

  - Muitas mulheres e homens passaram na vida dele, e nem mesmo Amanda conseguiu prendê-lo da forma que você fez. Só estou curiosa.

O nome da ex noiva de Harry me deu um incômodo no peito, no entanto fiz questão de empurrar esse sentimento para longe.

Nikita continuava me encarando, esperando por uma resposta ou sei lá o que.

  - Enfia essa sua curiosidade no-

Antes que eu pudesse terminar a porta foi aberta do nada e um Clay com olhos arregalados apareceu.

  - Sullivan 'tá aqui!

Soltei um "hã?!" e olhei para Nikita que tinha um olhar assustado quebrando toda a sua feição pacífica de gueixa.

  - Quem é esse cara?- Clay alternava o olhar entre mim e uma Nikita estática.

  - Hã...é um demônio que Nikita costumava ter relações, hum, sexuais.

  - Você transava com um demônio?! São deles que eu tô me escondendo!

Nikita suspirou derrotada e me olhou.

  - Sullivan é um demônio diferente, ele não é ruim, ao menos nunca foi comigo. Mas certas atitudes que ele tomou me fizeram deixá-lo. E, bom, ele não gostou muito.- ela limpou a garganta e continuou.- Eu meio que agora me escondo dele?

Ela deu um risinho malicioso e escondeu o rosto com o leque.

  - Se você foge dele então por que tá dando risada?

  - Oras, por que essa é a nossa brincadeira.- Nikita suspirou e mordeu o lábio e me assustei com a forma com que ela mudou de expressão tão fácil, de assustada para um olhar assassino.- Deixe-o entrar, Clay. Acho que está na hora de acabar com isso.



My Husband Is A Hunter- [ larry ] Onde histórias criam vida. Descubra agora