Capítulo 2

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Chegando em casa tive que me trancar no quarto com meu avô e mostrar que ainda sou a mesma netinha que ele conhece. Meu estilo atual é apenas para irritar meu pai o que acredito estar dando certo.

Meu avôzinho é o máximo. Ele aprendeu a mexer nas redes sociais para que nós continuássemos nos vendo e conversando. Posso afirmar que ele acompanhou meus estudos à distância, literalmente, pois diversas vezes ele me obrigava a dar um resumo das minhas aulas. Nesses seis anos que passei fora, todas as minhas férias ele me visitou e passou ao meu lado.

A primeira coisa que fiz, quando retornei ao lar, foi comprar uma moto de corrida para mim e já estava nos meus planos mexer nela um pouquinho.

Pausa.

Preciso explicar uma coisa:

Enquanto morei na Europa e "presa" naquele Colégio, eu tive aulas todas as manhãs e tardes e achei que iria enlouquecer. Até que, em um final de semana, quando éramos liberados para sair, conheci James Miller, um mecânico que virou meu amigo. Até que, com minha curiosidade aguçada, comecei a pesquisar muito, a mexer, a fazer algumas experiências e fui criando algumas coisas diferentes nas máquinas.

No mês seguinte que retornei ao Brasil, Connor Williams, meu namorado há um mês, veio morar na mesma cidade que eu, depois que o convenci a fazer uma Faculdade.

A mãe do Connor estava sempre preocupada com o futuro do filho, pois ele só pensava em diversão e usufruir o dinheiro da família. Ele começou a se empolgava com cada projeto que eu desenvolvia e resolveu estudar também.

Eu podia ser rica e sustentada pelo meu pai, mas gostei de trabalhar nas horas vagas e fazer meu próprio dinheiro.

No terceiro mês de volta ao lar, fui visitar meu pai no trabalho vestida com um look informal: meia fina preta, short jeans com os bolsos amostra, camiseta de manga longa, decote em canoa e com uma estampa de caveira e sneakers de salto.

Como estava chovendo, peguei o carro do meu avô emprestado, um clássico Mercedes-Benz SLS AMG, vermelho. É o xodó dele e, por isso, recebi várias recomendações para cuidar bem.

Após prometer escravidão eterna para conseguir o carro emprestado, fui conhecer o local de trabalho do meu pai.

- Oi, Danielle. – Meu pai me cumprimentou fazendo uma avaliação na minha roupa, do alto dos meus cabelos, com mexas rosa pink, até meus pés.

- Oi, pai.

- O que você faz aqui?

- Vim conhecer seu trabalho. Tudo bem?

- E você não podia colocar uma roupa normal?

- Normal? Como assim? O que vem a ser normal, pai? – Debochei.

- Tenho uma reunião, Danielle, por isso não posso te dar atenção. – Disse depois de tomar uma respiração profunda.

- O senhor não pode ou o senhor não quer?

- Escuta, Danielle... Trabalho com pessoas que tem dinheiro... aliás, pessoas que tem muito dinheiro...

- Dinheiro o senhor também tem, pai, então fala logo.

- Não quero você desfilando trajada assim pelos corredores.

- Estou sendo convidada a me retirar? É isso?

- Filha...

- É ou não é, pai?

- É, Danielle! É! – Ele gritou comigo. – Entenda, filha...

- Não enche! - Saí disparada dali.

Rejeição e preconceito. Aqui estão algumas palavras que eu odeio.

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