1+1 {one plus one}

3. Fugir

Notas:
Músicas: River flows in you - Yiruma / My heart will go on - Céline Dion
Local da imagem: Cleveland, Ohio - EUA
Ps.: o momento do play da música ficará explícito.
deixe-as tocando até o momento que for dito.
Ps2.: tentem não lembrar de Titanic hahahah.

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"Quando você pega no sono, você vai além da presença de si mesmo para a sua verdadeira presença. Você não é apenas "você". Você é o céu e o oceano profundo. O seu poderoso "tu", o qual é 99% dos cem, é o oceano, o mergulho no milhões de "tu" dentro de você." Disse Rumi em um dos seus momentos reflexivos. Eu estava como ela hoje, reflexiva. Na verdade, desde que fugi da vida que levava para me reencontrar, eu tenho estado reflexiva.

Na noite em que Chris me deixou, odiei com todas as minhas forças ter praticado por tantos anos o despertar dos meus Chakras, que foi a forma da qual me comuniquei com ele brevemente. Infelizmente, nem sempre posso controlar isso.

Talvez por não poder controlar nem isso e nem a minha própria vida, eu tenha pegado o voo do dia seguinte para Ohio, um estado que retêm muito carinho meu. E aqui estava sozinha há duas semanas, distante emocionalmente de tudo e todos, até mesmo as apresentações pedi para me substituirem.

Há momentos em que me olho no espelho e vejo a mesma mulher que iria se casar, feliz e plena. Um segundo se passa e me vejo atualmente, inconformada e triste. Muito triste.

Eu não consigo entender em qual momento eu ou Chris erramos para ter nossas vidas destruídas dessa forma. Nada me convence. Eu tenho tentado respirar devagar e me habituar. Mas a cada expirar, é uma avalanche diferente de sentimentos que não consigo arrumar.

Quando eu comecei a estudar a respeito do meu corpo em forma espiritual, passei a me ver e a ver os outros de uma maneira mais ampla. Porque, alem dos cinco sentidos, possuímos mais sete. Que são chamados de Chakras. Eu poderia dizer que são energias não-habitadas em nós mesmos. E todas as vezes que eu trabalhei nessas energias em mim e consegui fazer uma viagem astral, via o meu futuro com Christopher através da Clarividência. Todos os mantras que sempre me acompanharam, me incentivavam a estar ao lado dele. Então novamente eu me pergunto: onde será que erramos?

Fui interrompida dos meus devaneios por um toque estridente vindo da mesa de centro à minha frente. Levantei-me para pegá-lo e gemi de dor, acho que não é muito saudável passar horas do seu dia sentada e olhando para a parede. Quando alcancei o telefone, suspirei.

Lauren.

Ela não cansaria nunca, pelo visto. Se eu me permitisse contar, ficaria assustada com o número de ligações dela. Não só dela como de inúmeras outras pessoas que faziam questão de me ligar para me dar as condolências ou algo do tipo. O que elas não entendiam era que eu não queria suas palavras de conforto, porque elas não confortariam. A única coisa que me confortaria era ter Chris de volta, e isso como eu já estou cansada de saber, não aconteceria.

Joguei o celular de volta na mesinha e o bloqueei, Lauren teria que me desculpar.

Acho que boa parte das pessoas devem estar achando que sou uma cretina sem sentimentos por não ter aparecido ao próprio enterro do meu noivo. O que elas não sabem é que pra mim não fazia mais sentido vê-lo. Não da forma que ele estaria. Eu prefiro guardar as memórias de cada sorriso, abraço, beijo e carinho que tivemos. Não quero te-lo em minha mente de um jeito apagado e frio.

Apontou 8:00h da manhã no meu relógio e me permiti levantar para fazer o mesmo de sempre: tomar um banho, ir à padaria, comer, depois sentar novamente e olhar para a parede até o momento em que o sono me vencesse e eu acordasse pela madrugada cheia de insônia.