Capitulo 9

160 24 1
                                    

Melissa

O carro de Eric cheirava deliciosamente bem a sua colônia o que me fez ficar um pouco desconcertada.
Remexi-me um pouco no banco e virei-me para olhar para ele. Era um homem muito bonito.
Os seus olhos azuis e o seu cabelo grisalho davam- lhe um charme encantador e eu não pude deixar de reparar na sua postura firme mesmo a conduzir.

— Tu és muito diferente da tua irmã.
— Sim não temos nada a ver uma com a outra, a Amber tem um estilo muito único.
— Reparei nisso. — olhou para mim de raspão para dar um sorriso e voltou os seus olhos para estrada — Então vamos primeiro jantar e depois a exposição, estás de acordo ?
— Por mim pode ser.
— Já te disse que estás linda hoje?

Se eu fosse branca neste momento estaria vermelha como um tomate, dei um sorriso bobo e ele retribuiu com outro.

10 minutos depois ... Chegamos ao Olivier e o restaurante estava cheio, Eric saiu do carro e abriu a porta do meu lado para eu sair. O restaurante era muito luxuoso, apesar de ter crescido numa família bastante rica os meus pais nunca nos deram muito luxo de frequentar sítios assim, éramos muito humildes e apenas ia a esse tipo de restaurantes em ocasiões especiais ou reuniões de negócios.

Um dos empregados veio ter connosco e indicou-nos a mesa onde iríamos nos sentar. Seguimos o jovem e reparei que as mulheres olhavam para Eric como se ele fosse a última Coca Cola do deserto, era óbvio que ele despertava o interesse de qualquer mulher, parecia um galã de novela, os olhares descarados das mulheres irritaram-me muito não sei porquê mas não gostei da forma que os olhos seguiam os passos dele. Sentamo-nos finalmente em uma das mesas e Eric olhava para mim com um olhar profundo como se quisesse ver o interior. Ele era um homem extremamente bonito e desconcertante.
— Tenho alguma coisa na cara? — pergunto para cortar o clima.
— Não não estava apenas a admirar-te.
— Eu não tenho nada para admirar...
— Isso pensas tu.

Escolhemos o nosso prato e Eric se prontificou a escolher o vinho. Conversamos sobre música, literatura e arte. Principalmente arte, eu sou fascinada por pinturas de diferentes estilos o que causou interesse em Eric.
— Não sabia que entendias tanto de arte, ainda bem que decidi levar-te hoje a exposição, estava com medo que não fosses adepta.
— Eu adoro arte, adoro pintar, sempre tive o sonho de abrir uma galeria de arte onde pudesse expor os meus quadros, me sinto livre quando pinto.
— E já não pintas?
— Não tenho tido tempo para nada nos últimos anos, principalmente agora que estou a tomar conta da empresa. Amber nunca esteve interessada em seguir as pisadas do meu pai e sempre esteve mais ligado ao mundo da moda, Alicia é nova e tem que estudar, só resta eu.
— Então puseste de lado o teu sonho para gerir a empresa do teu pai e da tua mãe ?
— Basicamente é isso. — bebo um gole do copo.
— E achas que és feliz assim?
— Infeliz também não sou. Alguém tem de gerir o negócio de família.
— Porquê que não arranjas alguém para gerir a empresa e dás-te umas férias temporárias, aproveitas esse tempo e pintas, dedicas tempo a algo que realmente gostes de fazer. — sugeriu Eric.
—Não sei... Agora com as investigações sobre a morte dos meus pais fico com medo de que possam tentar algo contra e empresa. Principalmente porque já virou assunto de imprensa.
— Sim eu tenho conhecimento, lamento imenso.
— Pois... Eu também lamento.
— Eu também perdi a minha filha há uns anos atrás e todos os dias ainda me custa digerir isso. Talvez tenha sido por isso que eu e a minha mulher nos divorciamos. A culpa foi minha.
— Como assim a culpa foi tua ?
— Tivemos acidente e a Lili não tinha posto o cinto e eu também não tinha conferido se ela tinha posto ou não. Estava muito apressado para ir pra o trabalho e esqueci completamente de ver isso. O carro capotou e ... — os olhos de Eric começaram a ficar vermelhos e me senti no dever de o confortar. Segurei a sua mão com força e ele olhou para mim.
— Ela não sobreviveu Melissa. Aquele idiota estava bêbado e bateu contra nós. Onde já se viu um homem bêbado as 9h da manhã. Nunca me perdoei por não ter visto se ela tinha posto ou não o cinto, a custa disso perdi a minha menina.
— A culpa não é tua. A culpa é daquele desgraçado que não teve noção das consequências dos seus atos.

Eric estava muito fragilizado ainda com esse assunto, também não era para menos, era a única filha.

— Por mais que eu diga isso para mim, não me sinto assim. E isso destruiu o meu casamento.
— Já pensaste em consultar um psicólogo?
— Não.
— Porquê?
— Não sou capaz de me abrir para ninguém.
— Abriste-te para mim.
— Tu és diferente.

Sorri

— Pensa bem Eric, tens que estar em paz contigo mesmo, não podes deixar a culpa consumir-te, e quanto ao teu casamento, tu és um homem bonito e encantador de certeza que ainda não é tarde para um novo recomeço.
— Talvez... Então e tu ?
— Eu o quê?
— Não pensas em recomeçar ?
— Não sei se estou preparada para um novo relacionamento, eu e o meu ex, o Sam, ficamos muito tempo e as coisas não acabaram assim tão bem. Não tenho tempo para nada.
— Quem quer arranja sempre tempo, não está aqui arranjaste tempo para jantar comigo.

Sorri e concordei com a afirmação dele.

O jantar terminou e apesar da minha insistência para dividir a conta, ele pagou tudo sozinho.

Saímos do restaurante e fomos para a exposição.

Já lá eu parecia uma criança numa loja de doces, estava maravilhada com as pinturas da artista, as pinturas de diferentes estilos, a mulher era realmente dotada de talento. Eric percebeu o quanto eu estava maravilhada com tudo e sorria para mim, o seu sorriso era extremamente sexy e fazia o meu coração acelerar. Depois de quase uma hora a apreciar os quadros, já tinha visto e revisto toda a exposição e comentado com Eric que aparentemente não sabia tanto como eu. Felicitei a artista pelo seu enorme talento e encomendei um dos quadros que mais me chamou a atenção.

Depois da exposição Eric levou-me para casa.
— Espero que tenhas gostado da noite.
— Gostei imenso, foi muito agradável passar esse tempo contigo. — disse sincera, o tempo passou muito rápido e gostaria que a sua noite com ele durasse mais.
— Então haverá uma próxima vez?
— Com certeza. — sorri que nem uma criança.

Eric tirou o seu cinto e aproximou-se de mim, agarrou-me pela cintura e puxou-me para ele. Os seus olhos penetravam nos meus e foi então que ele encostou os seus lábios nos meus. Foi um beijo suave de despedida. Um beijo que despertou muito as minhas emoções.
— Boa Noite Melissa. — disse parando o beijo.
— Boa noite Eric. — digo e saio do carro em direção à porta.

Entro em casa e vejo o carro dele a afastar-se pela janela e assim que acendo a luz deparo-me com as minhas irmãs de pijamas à espera.
— Eu não acredito que vocês ficaram a minha espera ?
— Vês Alicia! Eu disse que a tua irmã não iria fazer sexo e que iria voltar para casa, deves-me 20 dólares.
— Sinceramente mana, estava mesmo à espera que não dormisses em casa. — Alicia foi buscar a carteira que estava na mesa de centro e deu 20 dólares a Amber.
— Mas vocês agora fazem apostas sobre a minha vida pessoal? — digo irritada.
— Mel Mel Mel deixa disso tá. Eu só sei que se tu continuares a fazer cu doce e não dares aí o abacate ele vai apodrecer e aí ninguém vai querer comer. — gozou Amber fazendo Alicia gargalhar sem parar.
— Deixa de ser tarada. Foi o meu primeiro encontro com ele, NÃO ESTOU DESESPERADA!
— Hummmm, então vai haver um segundo. — Alicia ri.
— Não sei quem sabe mas para que conste nós nos beijamos.
— Obaaaaa, pelo menos isso hein. — disse Amber.
— Agora vão dormir por favor que eu não tenho tempo de ficar aqui a conversar.
— Amanhã de manhã quero detalhes do vosso jantar.
— Espera sentada Amber.
— Ok velha.

Revirei os olhos.

Alicia sorria que nem uma criança.

Era óbvio que elas queriam muito que eu arranjasse alguém mas não sei se Eric seria o par ideal, isto é, tanto eu como ele tínhamos problemas e se realmente viéssemos a ter algo precisávamos de resolver os nossos problemas para termos um começo.

Sisters: Uma Vida NovaOnde histórias criam vida. Descubra agora