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Amber

O caminho até à esquadra foi em silêncio.
Assim que chegamos, Allan levou-me até a salinha à frente da sala de interrogatório em que eu podia ver tudo mas do outro lado não podiam me ver. Rodrigo estava sentado, tinha a mão em cima da mesa e batia com o dedo, era um comportamento antigo, significava que estava nervoso. Dentro de mim, eu implorava para que ele não tivesse nada a ver com a morte dos meus pais, não iria conseguir suportar tal coisa.

Allan entrou dentro da sala e eu respirei fundo.

— Rodrigo Ventura, correto ?
— Sim.
— Dá para ver que não é americano.
— Se me apreendeu aqui porque acha que sou ilegal está enganado, estou a legalizado a muitos anos. — disse de forma defensiva, nunca soube que Rodrigo era ilegal.
— Não está aqui por causa da nacionalidade.
— Então do que se trata.
— Da morte dos Senhores Adam's. Os pais da sua ex namorada.
— Não tive nada a ver com a morte deles. — defendeu-se.
— É isso que vamos descobrir. — Allan estava determinado.
— Por mais que eu odiasse o pai da Amber jamais faria algo contra ele, sei que Amber nunca me perdoaria.
— No entanto foi embora com outra. — rematou Allan, me fazendo ficar constrangida, parece que ele tinha feito bem o trabalho de casa e já sabia boa parte da vida de Rodrigo.

Rodrigo deu um sorriso irónico.

— Eu sei bem o que tu queres da Amber, eu te vi no desfile dela a falares com ela, antes de me ir embora.
— Não mude de assunto Rodrigo. Tem um passado muito turbulento, ilegalidade, dependência de droga não sei como roubo não está aqui.
— Vá direto ao motivo pelo qual eu sou suspeito.
— Diz que odeia o pai de Amber mas no entanto recebia uma quantia bastante elevada de dinheiro por parte dele todos os meses. E isso parou poucos meses antes da morte dele. Será que isso levou-te a passar dos limites?

Rodrigo riu

— É isso que me faz suspeito?
— Sim.
— Pois bem eu acho que precisa de mais para me pôr preso ou para construir um caso por isso se eu fosse a você continuava a procura de mais provas para me prender por homicídio.
— Eu só acho que devia fazer isto pela Amber. Devia dizer a verdade se realmente alguma vez a amou.
— É por a amar que eu não digo. Mas uma coisa é certa eu posso ter cometido muitos erros mas não sou nenhum assassino . — disse Rodrigo — A partir da agora só falo na presença do meu advogado.

O interrogatório de Rodrigo me deixou muito desconcertada. Eu sei que ele não seria capaz disso. "É por a amar que eu não digo" as palavras dele faziam eco na minha cabeça, eu preciso de descobrir o quê que o Rodrigo está a esconder.

Allan veio ter comigo na sala.

— Estás bem?
— Sim...
— Eu vou provar que ele cometeu homicídio não te preocupes .
— Ele não matou os meus pais.
— Tu o conheces bem Amber, acreditas mesmo na inocência dele? Depois de tudo que ele já fez . — Allan estava chocado.
— É por o conhecer bem que acredito na inocência dele, mas uma coisa é certa... Ele deve saber quem matou.

Sai da esquadra e entrei no meu carro, ia esperar Rodrigo sair e segui-lo, eu precisava saber a verdade.

Passou 1 hora e finalmente ele saiu e se dirigia à paragem de táxis quando vou ao encontro dele.
— Rodrigo!
— O quê que estás aqui a fazer?
— Precisamos de falar Rodrigo... Porquê que o meu pai te pagava, o quê que aconteceu? Quem matou os meus pais Rodrigo?! — pegava no colarinho dele e puxava enquanto chorava sem parar.

Ele estava imóvel a olhar para mim enquanto eu o sacodia e foi então que me abraçou e eu rendi-me ao seu abraço. Estava muito frágil naquele momento .
— Porquê que estás a fazer isso comigo ?
— Tudo que eu fiz foi para te proteger Amber acredita.
— Não é justo o que estás a fazer comigo.

Rodrigo baixou a cabeça e respirou fundo.

— Eu sou apenas um peão neste quebra cabeças Amber, o teu pai ...Ele... eu não posso, eu não ...
— Diz-me Rodrigo...
— Eu não posso te perder Amber, tu não podes saber a verdade por mim eu nunca me perdoaria se algo te acontecesse.
— Em quê que o meu pai se meteu.. Meu Deus.
— Deixa a polícia resolver isso. Por favor, não te metas Amber, é muito perigoso, tem pessoas que não sabes do que são capazes envolvidas nisso.

Tudo isso parecia um pesadelo.

— Eu só quero a verdade.
— Eu sei. Eu tenho de ir, eles não podem me ver a falar contigo, de certeza que já sabem que eu estive aqui.
— Nao Rodrigo não vás..
— Amber tu corres risco de vida, ainda não entendeste isso? O teu pai meteu-se com quem não devia e isso custou a vida dele e da tua mãe. E eu não vou deixar que isso custe a tua. Vive a tua vida e deixa a polícia investigar.

— Achas que é fácil ?
— Nao não é mas tens duas irmãs que precisam de ti agora. E tens de ser a mulher forte que sempre foste.

Rodrigo aproxima-se lentamente e beija-me. Um beijo repleto de nostalgia, ele segura-me pela cintura e aprofunda o beijo. Tudo o que vivemos veio a minha memória naquele momento, sentimentos que eu pensei que tivessem mortos reapareceram e eu mergulhei fundo no passado.

Empurrei-o.

— Primeiro foges com o meu dinheiro que eu teu dei, me deixas, casas com a minha melhor amiga, agora voltas e dizes que odeias o meu pai, sabes quem o matou e recusas a dizer. Rodrigo eu não sei como é que eu ainda te amo mas acredita eu dava tudo para não sentir o que eu sinto. Nunca mais voltes a te aproximar de mim nem das minhas irmãs nem da minha casa enquanto não me dizeres a verdade. Eu não consigo lidar com tanta coisa a acontecer e tu só pioras. Dizes que me amas mas só me magoas cada vez mais.

— Amber eu..
— Adeus Rodrigo.

Até o próximo capítulo 😘

Sisters: Uma Vida NovaOnde histórias criam vida. Descubra agora