Quem inventou o Amor?: 2 - A queda

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E assim foi. Deus anestesiou Adão, e em seu sono, ele criou Eva, da sua costela. Eva era formosa, e seria companheira de Adão a partir daquele momento. Eles não se desgrudavam. Ela o ajudava em toda a rotina no Éden, com todo o carinho e dedicação. Adão gostava muito de não sentir mais solidão e ter alguém como ele, um humano, para lhe fazer companhia. Mas foi em mais um dos bate-papos com Deus que Adão revelou:

— Deus, eu ainda não sei o que é amor. O Senhor me deu está mulher, e é muito agradável passar todo o tempo com ela... Mas, sabe... essa convicção que o Senhor usa quando diz que me ama? Então, confesso que ainda não consigo sentir isso...

— Calma Adão. Eu não te disse que lhe ensinaria sobre o amor? Então, este é apenas o início do meu plano. Fique calmo... — o confortou Deus, enquanto fazia posição para sair da presença de Adão — Aliás, tenho um aviso para você e sua mulher: tá vendo aquela árvore lá no meio do jardim? Não coma do seu fruto. No dia em que vocês comerem daquele fruto, vocês morrerão.

Então Adão olhou para o centro do Éden, e viu ela lá, a arvore, bonita.

— Nunca tinha reparado ela aqui. Ela é bonita mesmo!" — exclamou Eva, enquanto observava minuciosamente seus frutos — Isso deve ser muito gostoso...

— Não, Eva! Não mexe nisso! Você não ouviu as ordens de Deus?" — advertiu Adão, que apesar de aparentar seriedade, nutria em si a mesma curiosidade acerca da misteriosa árvore cuja existência ele nem havia notado antes da ordem de Deus.

Conta-se que todos os dias, ambos, cada um em um horário, secretamente, iam até a árvore, e ficavam observando seus frutos, que pareciam cada dia mais deliciosos. "Porque Deus teria criado uma árvore mortífera? E a largado aqui, no centro do jardim?" Era a pergunta recorrente na cabeça dos dois. Aliás, o próprio conceito de morte era nebuloso para eles. Não que Adão e Eva nunca tivessem presenciado a morte, pois eles já haviam visto alguns pequenos animais morrendo no jardim, mas ainda assim, tudo era muito difícil de entender.

Bem, foi em uma dessas visitas secretas de Eva, no momento em que ela observava a árvore, quase que hipnotizada, ela pode ouvir uma voz estranha:

— Frutos gostosos os dessa arvore, não é?

— Bem... e o que parece. Na verdade, nunca comi. — respondeu Eva a pergunta da serpente. De tão hipnotizada com a árvore, Eva não estava em condições de questionar o porquê de uma serpente estar falando.

— Por que você não come?

— Não podemos! Deus deixou bem claro: se comermos, morreremos!

— E você acredita nisso? É certo que isso é invenção! — Eva parou um pouco e prestou mais atenção à serpente, que se enrolava na copa da árvore e subia, lentamente, até o caule onde se encontrava o mais belo e suculento dos frutos — E certo que se você comer, não morrer á, mas sim se tornará como ele, Deus... — dizia a serpente, olhando para o alto, como quem aponta para o céu, com seu ar de astúcia.

Eva sabia pouco sobre os atributos de Deus. Ela apenas se encantava muito com a glória que emanava dele, e com o fato de ter sido ele o criador de toda aquela beleza, o Éden. Enfim, não posso afirmar se Eva queria ser como Deus, ou se ela apenas queria sentir o gosto do fruto proibido. Enfim, ela já havia dado a primeira bocada. Que delicia! Maravilhoso! Logo ela já havia comido tudo! Conta-se que Adão não queria comer do fruto, mas acabou não resistindo aos encantos de Eva, e deu a sua bocada também. Não se sabe se pelos encantos de sua linda mulher, se pelo gosto do proibido ou se porque ele também queria ser Deus...

O que se sabe é que logo após terem comido, um sentimento mortal de culpa os tomaram e seus olhos não eram mais os mesmos. Adão olhou para si e se envergonhou da sua nudez natural. O mesmo aconteceu com Eva. Um sentimento novo, de vergonha, os tomaram, a ponto de sequer poderem se ver naquelas condições. Para cobrir sua nudez, ambos tiveram que improvisar roupas com folhas de árvores.

Não demorou muito, e Deus chegou, como de costume. E ao perceber a presença dele ali, ambos, mesmo vestidos com suas folhas de árvores, se esconderam, tamanha a vergonha que sentiam.

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