Maria da Periferia: 4 - Jesus

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Fora uma semana de ardor, caminho duro rumo ao interior. Necessidades cívicas, o governo e suas burocracias. O principal oprimido é o pobre: os Josés, as Marias, que seguem carregando a Esperança na barriga.

José, homem decente. Assumiu o filho que não era seu. Maria, mulher corajosa: não fez como outros, não escolheu o aborto.

Cidade fria, era noite. Chovia. José e sua Maria, não encontraram lugar na hospedaria. Como não há nada mau que não fique pior, a bolsa estoura, e a história conhecemos de cor.

Que Deus abençoe a boa alma que cedeu ao casal o lugar que tinha: a estribaria.

Feliz do jumento e da vaca, que via, na manjedoura ao lado da coxia, sem tweet ou nota no jornal, sem holofotes, sem enxoval, nascer o Cristo. Sem convênio, sem SUS, sem hospital. Do fundo da estribaria, num lugar tão humilde quanto imundo. Do meio do esterco, surgiu o Salvador do mundo.

A incerteza, sentimento humano, normal, certamente tomava o casal. O início do cumprimento da Promessa parecia começar tão mal...

O início das coisas sempre é difícil. Ainda que seja para Cristo...

A incerteza atravessava a noite e o coração do casal. Essa é a história que nos sequer lembramos mais no Natal. Quem nasceu? Porque nasceu? Era pra salvar voce e eu. Enfim, a própria origem do natal, como data, é controversa. Então vamos manter o foco, e não fugir da conversa. O foco é Cristo, o Salvador que estava vindo. A luz no meio da noite, a esperança em meio ao desespero, dormia calmamente nos braços da mãe, depois de alguns minutos de peito.

E José observava a cena, emocionado, porém preocupado: como vou cuidar do Filho de Deus neste estado? O peso da responsabilidade, uma bigorna em seus ombros. Era o desespero tentando vencer o encanto.

Não é de hoje que esquecemos: é Deus quem dá, é Deus quem cuida. É Deus quem planta e dá o crescimento. A nós basta a fé, a obediência, a perseverança e a paciência.

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