Colecionador de Garotas

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A única iluminação que havia naquela sala vinha de uma vela, que estava quase se apagando. Meus olhos não queriam encarar a realidade. Minhas mãos pareciam ter sido arrancadas, pois eu não as sentia mais. Minha cabeça estava baixa. Eu estava com medo. Muito medo.

Quando finalmente eu ergui a minha cabeça, meu mundo desabou. A vela estava a centímetros do meu rosto. O lugar fedia a inferno. No teto, gotas de sangue pingavam lentamente, percorrendo seu caminho até o chão. Pinturas bizarras e escrituras com uma linguagem indecifrável se encontravam nas paredes. Esse era só o começo.

Em minha frente, várias mesas se encontravam cheias de corpos de garotas. Os corpos estavam nus e suas cabeças empenduradas acima dos mesmos. Deveriam ter a mesma idade que eu. Estavam machucadas, cheias de hematomas. Em uma das mesas, havia uma placa com um espaço para outro corpo. "Bruna", estava escrito. Meu nome. Meu lugar. Minha morte.

- Gostou de ver o seu destino? - uma voz grave perguntou, atrás de mim.

- Monstro! - rosnei. Estava irritada demais para chorar. Irritada demais para mostrar meu medo. O homem gargalhou alto, como se tudo aquilo que ele tivesse feito fosse uma grande piada. 

- Não precisa fingir que é corajosa. - diz, sua voz agora mais distante. Olhei para os lados, querendo encontrá-lo. Ele queria brincar de se esconder?

- Não precisa se esconder, eu não mordo! - provoco, arrumando coragem de algum lugar indefinido. Em menos de um segundo,  minha cadeira inclinou-se para trás, sendo segurada pela mão do homem. Seu rosto, centímetros do meu, havia derrubado a vela, já apagada, que caiu no sangue. Meu corpo todo estava tremendo. As lágrimas brotaram em meus olhos. Não conseguia mais esconder meu medo.

- Cala a boca! - diz. Seu rosto era aterrorizante. Seus olhos eram totalmente pretos. Sua pele tinha manchas, também pretas. Seus dentes afiados morderam meus lábios até os mesmos sangrarem. Fechei meus olhos com força, tentando parar a dor e as lágrimas. Sem sucesso. - Boa garota!

Em minha mente, a frase "minha irmã irá me salvar" se repetia.

- O que você quer de mim? - perguntei, com certa dificuldade. A "criatura" se afastou e largou minha cadeira. Hesitou um pouco em responder.

- Diversão! - diz, com um sorriso diabólico. Arranjando coragem novamente, provoco:

- Em um parque de diversão você acha! - em troca das minhas palavras, recebo um tapa na cara. Mais lágrimas. Depois de segundos, sinto minhas mãos sendo desamarradas. Meu corpo é erguido da cadeira e encostado brutalmente na parede. O ser não humano estava a minha frente, segurando meu corpo com uma mão.  Senti um ponta afiada passar pelo meu ombro. Um gemido escapa da minha boca.

- Implore! - ordena.

- Nunca! - grito, sentindo a lâmina furar mais minha pele. Depois disso, tudo aconteceu rapidamente.

Um estrondo na porta. Um tiro. Uma salvação.

Minha irmã havia vindo me salvar do colecionador de garotas.

Lalah *-*

Loucura em PalavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora