A Raptada

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O tempo parece passar,

tudo o que mais queria era me afastar.


Era noite. Meu coração palpitava, infelizmente.
Costumo chama-lo de camaleão. Ninguém sabe realmente qual é sua cor. Camufla-se para passar-se por despercebido. Logo depois, agarra sua presa.

Ele era louco,

falava sobre a terra, a água e o mar,

mas o queria era me aprisonar.


Era isso que ele era, um louco, frio e absurdamente calculista. Um psicopata. Boa parte de mim pensava assim. Enquanto isso, a outra parte o desejava. Aqueles lábios carnudos e vermelhos gritavam por mim. Uma fome insaciável por ele corrompia qualquer outros pensamentos meus.

Ele me queria.

Não importaria 

o que tivesse que passar para ter-me.

As areias o ordenaram que ele deveria.

Ty era alto, meigo e protetor, mas ele havia me sequestrado. Havia tirado-me de uma famíla que não me pertencia. Havia tirado-me de uma uma casa que eu nunca tivera me sentido bem. Ele não era tão ruim assim. Tyler me salvou?

Ty era inocente,

ele percebia quem era o ausente.

Você estava certo,

nosso melhor amigo é o deserto.

Fomos alimentar as galinhas do deserto. Enquanto eu as acariciava, Ty revisava nosso sistema de água. Num segundo de distração, o galo ali presente me bicou, e passei a chamar Ty de galo também.

"Síndrome de Estocolmo" a psicóloga dizia,

mas não era ela quem sentia.

Hoje, eu e ele, nos tocamos pela primeira vez. Aquele corpo gostoso me chama, ou melhor, gritava pelo meu nome. Eu nunca havia dormido tão bem, desde quando havia vindo para cá. Podia sentir que o calor do deserto não se comparava ao calor que nós sentimos. Quando acordei, Ty estava conferindo nossas reservas de comida, e passou assim o dia inteiro. Até que de noite, ele voltou e preparou uma espécie de banquete (nas condições do possível). Depois de comer, vimos as estrelas e ouvimos o som do silêncio, até cairmos no sono profundo.

Toquei em Tyler

mas foi porque eu quis.

Era apenas uma aprendiz,

que só ele contradiz.

Tyler, hoje, mostrou-me as mais diferentes árvores. Ensinou-me o que podia fazer com carícias. Ensinou também que, no deserto, tudo que parece que é, não é. Enquanto me ensinava, uma cobra apareceu. Eu estava nervosa, apesar de já ter lidado com uma antes. Ele tranquilizava-me  dizendo que ela não era venenosa,  avisou-me para não me mexer. Mas o medo e o nervosismo percorriam minha veias. Em uma ato rápido, saí correndo. Mas parece que não fui a única.

A cobra veio atrás de mim,

sentindo que eu fosse uma ameaça, me picou.

E foi ali, ali que meu destino mudou.

Ele não queria me perder, era sua única alternativa.

E de mim, ele se afastou.

Inspirada em Stolen, resolvi criar um conto com uma poesia, pois esse livro me fez sentir na pele o que sua protagonista sentia. Eu nunca havia visto um livro tratar sobre o tema tão delicado desta forma. Parabéns Lucy Christopher, você ferrou com meu psicológico.

Gi <3

Loucura em PalavrasOnde histórias criam vida. Descubra agora