"Sociedade agora me aceitando, rezem pelos jovens."
The Weeknd, Rambo
30 de setembro, 2016.
— E só PAH! Direto nos miolos do desgraçado! — Burlow ri no banco de trás, simulando o disparo com seus dedos longos e finos — Você devia ter visto, Jonah, a chefia tava preso embaixo daquele gigante e eu apareci pra salvar o pescoço dele.
Jonah é o unico dá atenção para o eufórico Burlow, sentado do lado dele enquanto os adultos — Johnny e eu — ficamos em silêncio no banco da frente. Minha mente voando entre a opção de ficar no meu apartamento verificando resolvendo a papelada deixada pelos falecidos, ou finalmente ligar para Rose e tentar alguma coisa. Pensar nela me trazia um cheiro de conforto de chocolate quente.
— Bem, está tudo certo com Los Soldados. Mas e com o restante das famílias, os Moretti e os Reznov? Você chegou a falar com eles? — Johnny não se resigna a olhar pra mim enquanto indaga. Ele lembra a Aaron nesse aspecto.
Não gosto disso.
— Eles são ratos ambiciosos, dificilmente vão querer ficar de fora. Tudo que eles querem é dinheiro e é isso que ofereço.
Ele menea a cabeça em silêncio e assim permanece durante a viagem inteira. Até chegarmos a esse restaurante no centro da cidade, amplo e de gente fina, com coloração perolada e ouro, cristais por todos os lugares. O restaurante de Dom Moretti, escrito em letras cursivas douradas na fachada: Dom.
Tentei me vestir de maneira adequada para o lugar, formal com meu conjunto preto e gravata vermelha escura. É a primeira vez que uso terno desde o funeral. Johnny se veste como um segurança comum, camisa branca, gravata preta, tudo barato e funcional. Enquanto Jonah e Burlow, eles destoam totalmente do local.
O restaurante está cheio exceto por uma mesa redonda e ampla no centro do salão, toalha perolada como o teto, taças de cristal e talheres de prata. Um pouco indiscreto para mim, mas anciões como Reznov, preferem manter as tradições.
Me viro para Jonah e Burlow.
— Vocês dois estão aqui para caso aconteçam problemas, não para causá-los. Então, não roubem ninguém e não "cheguem" nas peruas. — meu tom é baixo como de quem arquiteta um assassinato, o que poderia acontecer no pior dos casos — Sacaram?
Eles acenam a cabeça meio hesitantes, sorriso maldosos e divertidos nos lábios. Voltam e se sentam no carro.
Apenas Dom está presente na mesa, por enquanto, o que é o mínimo de se esperar já que mora alguns andares acima do restaurante. Ele me cumprimenta com um sorriso mínimo, seu nariz adunco apontando para mim. Ele ganhou fios grisalhos nesses últimos dias, combinavam com as roupas cinzentas e formais que ele usa.
— Como estão as coisas, rapaz? — ele tinha a mania de me chamar daquela maneira. Não o recrimino, não me incomodo de deixar estampado que sou mais novo que ele.
— Tranquilas demais para o meu gosto, talvez seja pela morte de Aaron, talvez seja algo mais.
— Temos que manter olhos na nuca nesse estilo de vida. — apoia os cotovelos no outro lado da mesa, seus olhos azuis tentando examinar minha alma — Foi seu pai que me ensinou isso.
Moretti foi um dos últimos e dos difíceis de convencer a trair meu pai, não que ele tenha feito qualquer coisa, apenas teve que liberar caminho. Mas ele era leal ao meu velho, ainda assim tinha um preço fácil de ser pago.
— Ele era um homem de palavras, mas não de ação. Talvez se fosse, ainda estaria vivo.
Sorrimos um para o outro, farpas trocadas em palavras veladas, não gosto desse tipo de jogo, prefiro murros trocados com clareza e ódio. Garçons no servem vinho da mesma garrafa, um vinho velho e raro segundo o italiano.
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Castelos & Ruínas
General FictionTodos querem ser Rei. Dominar, estar por cima da carne seca, status, poder, dinheiro e mulheres. Esse é o sonho de todos na cidade pecaminosa e cheia de oportunidades de Lion's Den, nem que seja percorrendo a margem da lei. Adam Jones Ives é uma est...