-Violet? - olho pra trás e vejo Ellie. Seu rosto estava vermelho, o tipo que fica quando ela chora, e aquilo me quebrou. -Ele se matou. - ela diz aquilo tão claro, como se realemnte fosse verdade, como se meu irmãozinho tivesse acabado com a própria vida assim de repente.
-É mentira, Ellie. - digo. Mas não parecia mentira, porque lágrimas corriam pelo seu rosto tão rápido. -É mentira, né? - e aí que meus olhos enchem d'água, é aí que eu percebo.
Ele realmente havia se matado. Ou cortado ou pulsos, ou atirado em sua própria cabeça, ou se jogado na frente de um carro.
Ele estava bem, eu tinha certeza. Eu não conseguia acreditar, era inevitável. E aí que Ellie me abraça. Ela me baraça e eu choro, eu choro como nunca chorei antes, nem mesmo no enterro dos meus avós, e nunca havia chorado assim.
-Eu sinto muito, meu amor. - ela diz.
+ + +
Entramos em casa. Eu mal tinha forças pra falar alguma coisa ao ver meus pais juntos. Ao ver mamãe chorando e pergunta a Deus porque ele havia feito isso, ele era nosso menino, o que se passava naquela cabeça.
-Foi culpa minha. - digo, e mamãe me olha.
-Não, amor, ele fez isso porque decidiu. - ela fala, tentando ter a maior força possível.
-Eu deveria ter ficado com ele, deveria vê-lo de manhã, mesmo sendo tarde demais. - eu não tinha expressão nenhum, só rolavam lágrimas sozinhas pela minha bochecha. -Eu deveria ter perguntado se estava tudo bem.
Eu saio dalí. Ellie diz algo, mas mamãe diz pra me deixar ir, e eu fui. Eu fui até o lago, o lago que eu e Daniel adorávamos quando éramos crianças, quando mamãe estava grávida pela primeira vez, e estávamos completamente felizes por ela.
Eu me deitei alí e fiquei. Aquilo parecia aquela cena clichê quando se perde alguém, e eu entedia imensamente a dor daquelas pessoas. E o tempo passou tão rápido, passou rápido demais, e eu agradeci. Agradeci porque eu estava cansada de chorar, estava cansada de saber que isso realmente tinha acontecido, quando eu queria que fosse apenas um sonho.
-Daniel disse que você viria pra cá. - olho pro lado e vejo o carro de Jack parado alí na frente, e ele estava em pé.
O olho. Ele tinha pena nos olhos, o que me fez saber que ele já sabia o que tinha acontecido, e aquilo me deixou com tanto dor. Me sento.
-Estava tudo bem. - sussurro.
-Ainda está. - ele vem até mim e se senta no chão. E eu o abraço.
E naquele instante, eu soube que tudo ficaria bem. Eu acreditava nisso. Tinha certeza. Mas não agora, e eu teria que esperar.
-Eu não entendo. - digo enquanto lágrimas passavam pelo meu quiexo e molhavam sua blusa branca. -Por que, Jack? Por que?
-Eu não sei amor, não sei. - ele diz sussurrando em meu ouvido. -Mas eu tô aqui, tô aqui enquanto precisar, tá bom?
E ficamos alí, abraçados enquanto eu chorava e fazia milhares de perguntam a mim mesma.
Depois, ele me levou pra casa e me prometeu que tudo ficaria bem. Ele me prometeu isso enquanto segurava a minha mão, e aquilo me fez chorar, já que era a única coisa que eu fazia.
Ele me levou pra sua casa.
-Não tem ninguém aqui, não precisa limpar o rosto e fingir que está tudo bem. - ele diz enquanto abre a porta. Sorrio de lado e entramos. Ele sobe pro quarto e eu me sento na cama. -Eu vou pegar água pra você, tudo bem? - assinto e ele desce, me fazendo olhar seu quarto.
Ele tinha uma estante de livros, eu não tinha reparado na outra vez, e ela estava chia pra falar a verdadade. Jack não perecia ser o tipo que gosta de ler. Tinham livros ótimos lá, livros que eu gostava demais.
Ele entra no quarto, me fazendo olhá-lo.
-Não sabia que gostava de ler. - digo.
-Ah, claro. Não sou o tipo que parece que gosta? - ele diz, sorrindo. Ele tava tentando me fazer sorrir.
-Isso é estranho. - digo. -Eu tô aqui. Eu devia estar chorando muito enquanto tô jogada em cima do corpo do meu irmão morto. - ele fica surpreso pelas minhas últimas palavras.
-Você deveria dormir. - ele diz.
-Não consigo. - digo.
-Só tenta. - e então, me deito na cama.
Sabe aquele tipo de lágrima, que desce sem querer mesmo quando você está deitada e elas passam pela sua bochecha e depois entram no seu ouvido? São as mais sofridas, na minha opinião. São mais sofridas do que aquelas que vem junto com soluços, são mais sofridas que aquelas que você chora tanto até sua cabeça doer e seu nariz entupir. São sofridas porque descem sem você pedir, e você não tem ação. Só chora alí deitada.
É o que tava acontecendo. Era o que tava acontecendo comigo. E eu mal entendia, eu não entendia muita coisa ultimamente. Não entendia porque Andy tinha feito aquilo, não entendia porque Jack tava fazendo isso, e eu mal entendia porque minha vida tava assim. Porque antes, eu achava que uma briguinha por mim era tudo, era muito preocupação. Mas agora, meu irmão cortou os pulsos sozinho no banheiro, e agora eu sei o que é preocupação.
Aquilo me deixava confusa, porque Jack podia estar fazendo isso só por pena, ou porque realemnte gosta de mim. Pra falar a verdade isso nem tem mais importado, meu irmõa acabou de se matar e eu tô preocupada com a minha paixãozinha pelo Jack.
E por incrível que pareça, eu consegui dormir. E graças a Deus, eu não tive sonhos ruins com Andy.
Eu acordo e vejo Jack sentado, encostado na porta mexendo no celular. Ele não nota que eu acordei. Me sento e ele sorri pra mim. Prendo meu cabelo em um coque e me levanto.
-Eu preciso ir pra casa. - digo. Pego meu celular. Eram 19:30.
-Tudo bem. - ele diz. -Vou te levar.
-Não, não, tudo bem. - digo. -Eu quero andar.
-Tá bom. - ele diz, levantando. -Mas me liga se precisar de algo.
Ele só disse aquilo e eu sorri. E então eu saí. Fui lá pra baixo e comecei a andar pelas ruas.
Eu não sentia nada. E eu agradecia por isso, porque eu não sentia dor. Não sentia dor, saudade, tristeza, amor, felicidade ou o que for, eu não sentia nada.
Entro em casa e vejo mamãe e papai sentado no sofá, conversando com um policial. Olho pras ruas outra vez e vejo o carro da polícia.
Mamãe e papai olham pra mim, quando percebem que eu estava alí. Mamãe estava como os olhos completamente vermelhos.
-Achei que não viria. - mamãe diz.
-Eu vim. - digo.
-Essa é a Violet. - papai diz, me apresentando pro policial.
O policial veio com todo aquele papo de "sinto muito" e disse que precisa me fazer perguntas.
-Por que? Ele não se matou? Por que precisa de perguntas? Acha que alguma pessoa o ajudou a cortar os pulsos? - eu gritava mais do que o normal.
-Eu entendo, tudo bem. - desciam lágrimas nos meus olhos. Ele falava baixo.
-Não, não tá tudo bem. Achamos que estava tudo bem mas não estava. E agora é tarde pra tentar ajudar. - digo e subo pro meu quarto.
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Boys. 💛 Why Don't We. - (concluída)
FanficViolet só queria continuar a mesma. Continuar a menina que nunca saía de casa e preferia se agarrar a um livro do que a um garoto. Mas sua amizade de infância com Daniel volta e ela acaba se envolvendo com coisas não muito legais. Com garotos não mu...