Ass Like That

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Zayn

Olhando através da parede enquanto espero meu almoço esquentar no microondas, eu tenho pensamentos recorrentes sobre como eu gostaria que as coisas fossem, mas as terríveis lembranças a estilhaçam como um espelho fino em que tento me olhar. Não importa o que aconteça ou o que eu faça, eu não consigo matar essas memórias, nem esse sentimento.

Estive evitando ir para escola esses dias, pois é muito difícil ver Niall e não falar com ele. Eu tentei levar as coisas numa boa na última vez que nos vimos e, creio eu, que até daria certo, mas a presença de Liam trouxe de volta todas as coisas fodidas dessa relação. Não é só o beijo deles no Creek, nem a maneira erótica como eles estavam se pegando, é toda a manipulação que ele fez. Enquanto Niall morar na casa dele, eu nunca vou ficar tranquilo com meu coração.

Essa é uma situação difícil de lidar, para dizer o mínimo. Toda vez que estou com Niall, eu me sinto inseguro. É como se eu ficasse me comparando com Liam o tempo todo, querendo ser mais presente para Niall do que ele, lhe dar mais carinho e atenção, ser o melhor beijo e o melhor sexo... mas eu sempre sinto que estou perdendo. Enquanto eu não conseguir lidar com toda essa merda, não acho que vale a pena ter algo entre nós dois.

Então eu me fecho em mim mesmo e fico atordoado por não poder tê-lo ao meu lado. Por ser um covarde e não ir para escola encara-lo, ou sequer responder suas mensagens e ligações. Eu até desliguei o meu celular e deixei guardado dentro da gaveta que está quebrada para não mexer nele. Quando minha mãe pergunta porque não atendi suas chamadas, eu apenas digo que o celular estava descarregado. Mas ela já está começando a ficar suspeitosa.

O beep do microondas já soou faz alguns minutos, mas demoro a perceber isso, pois estou preso em meus pensamentos. Ainda com a cabeça avoada, pego o prato que deixei esquentando e o ponho sobre a mesa. Com pouca empolgação, alcanço os talheres e me sento comendo a lasanha. Essa coisa já foi gostosa um dia.

A porta de entrada faz barulho e, em alguns segundos, minha mãe aparece na cozinha. Ela me olha com o cenho franzido e eu sei o que ela vai perguntar. Felizmente, eu já pensei em uma desculpa — outra desculpa — para explicar porque não estou na escola uma hora dessas.

"Tive a segunda metade livre", falo como se não fosse nada.

"Por que?"

"Não sei", dou de ombros.

"Ok. Hã..." minha mãe se aproxima lentamente de cabeça baixa e deixa a bolsa sobre a mesa. Ela leva a mão até a cintura e inspira com força ao se preparar para dizer algo. Sinto que vem bronca por aí. "Tem algo que eu preciso conversar contigo... Se tu ainda não sabe." Não tiro os olhos da comida, apenas me preparo para a bronca. Mas ao invés disso... "Uma menina da sua escola está em coma. Eu acho que você a conhece... Sophia?"

"Sophia está em coma?" deixo de comer imediatamente e virou meus olhar para minha mãe. "O que aconteceu?"

"Um acidente. Ela ia jantar com o namorado e foi atropelada."

Um acidente? Com Liam? Ah, por que isso me cheira mal?

"Obrigado por me contar", digo e volto a comer a lasanha.

"Vai visita-la?"

Dou de ombros. "Talvez".

Depois disso, minha mãe me dá um beijo na testa e sobe para seu quarto. Tenho certeza de que ela vai se jogar na cama e tirar um cochilo. Ela sempre faz isso quando vira a noite no hospital. Mas não é isso que me preocupa, é a condição de Sophia. Não posso acreditar que ela está em coma. Eu não consigo mais comer. Não consigo nem pensar direito.

NIRRTY (Season 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora