Um dia na vida de Zayn Malik

218 21 8
                                    

Quando eu acordo, a primeira coisa que faço é esquecer meus sonhos, para assim desviar das lembranças tuas. Há várias maneiras de se inibir algo. Mas há coisas que simplesmente não tem como se escapar. Ainda sim, eu tento... mesmo preso nesse sentimento como uma mosca em uma teia de aranha — tão astuta, mas tão perdida.

Não faço ideia do rumo que minha vida está seguindo. De uma maneira esquisita, eu nem me importo. Eu acreditava que grafitar os lugares cinzas dessa cidade me traria satisfação... deixar minha marca no mundo... mas ao invés disso, eles pintaram minhas cores de cinza novamente. Cinquenta tons de frustração.

Mesmo que eu quisesse continuar grafitando, não teria material para isso. Todo o dinheiro que eu havia economizado para comprar as latinhas se foram com a cocaína que, por sinal, já acabou. Não me resta nada. Apenas saudade.

Um toque suave e singelo na porta do meu quarto faz com que ela se abra, trazendo a figura de minha mãe já pronta para ir trabalhar. É só o que ela faz. Com um sorriso simples, ela me dá bom dia e se senta próximo de mim na cama.

"Eu já estou indo. Mas vou voltar mais cedo dessa vez. Eu pensei em assistirmos um filme de terror mais tarde, o que acha?"

"O mais aterrorizador possível", respondo, relembrando uma frase que eu usava quando era criança. Minha mãe repete a frase com um riso que eu já não via a um bom tempo e segura minha mão.

"Tá tudo bem, filho?" ela volta a ficar sério.

"Está", respondo baixinho com o cenho franzido. "Por que?"

"Eu sei que tu és bastante privado com tua vida e lacônico às vezes, mas... eu estou sob a impressão de que estás precisando de algo".

"É só impressão, mãe", minto, "estou bem".

Ela sabe que estou mentindo. O olhar dela em seu rosto, esbanjando um pouco de nervosismo, tristeza e confusão deixam claro que ela sabe que estou mentindo, mas quer fingir que acredita em mim. Penso em lhe contar sobre Niall agora, mas não tenho forças para isso. Pelo menos, ainda não.

"Tudo bem", ela diz por fim. "Quando eu voltar, vamos estourar alguns milhos e misturar com geléia, ok?"

"Ok", forço um sorriso.

"Será nossa noite!" minha mãe aperta minha mão e se levanta da cama, dando-me um aceno ao sair do quarto e ir para o seu trabalho. Eu fico jogado por mais um momento, pensando em nada e em tudo ao mesmo tempo.

Não quero ir para a escola. Mas eu preciso ir... afinal, preciso de mais doce.

>>>>

Hoje eu tive aula de Álgebra, Economia, História e, pra fechar com chave de ouro, Literatura. O professor, antes de nos liberar, passou uma atividade para casa: escrever uma poesia. Essa seria apenas mais uma tarefa que eu não faria, de qualquer jeito. Principalmente essa, em que ele pede para tirarmos do "âmago de nossa alma" o que queremos dizer. Não, obrigado.

Saio da sala de aula e deixo alguns livros no meu armário, os que já estão pesando na minha velha mochila. Apenas dois deles ficam dentro dela — e um deles estou indo trocar com Josh agora mesmo. Avisto-o no estacionamento, caminhando até uma parte mais afastada. Vamos fazer isso rápido.

Abro um dos livros e vejo o dinheiro que coloquei ali dentro mais cedo. Minhas últimas notas. Não sei o que vou fazer depois que esse novo maço acabar, mas não quero me preocupar com isso agora. Sendo assim, começo a caminhar. E, então, algo me impede.

"Z", é Liam, para variar.

"O que foi?"

"E então... pensou?"

NIRRTY (Season 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora