NIRRTY (Season 2)

I Don't Wanna Care Anymore

Liam

Olhe para ela, confortavelmente deitada na cama. Respiração calma e constante. Seria Bela Adormecida se não fosse todos esses machucados e curativos. Mesmo que ela fosse, eu não seria seu príncipe. De jeito nenhum que eu a despertaria com um beijo, ou de qualquer outra forma. A não ser, é claro, que esse beijo fizesse ela perder a memória.

Visito Sophia todos os dias depois da escola. Se algum dia ela acordar, eu quero ser a primeira pessoa que ela verá.

É tão chato ficar aqui no hospital. Não tem nada pra fazer a não ser assistir TV, então comecei a trazer algumas coisas pra fazer aqui, como filmes, por exemplo. Faço o papel de namorado preocupado quando alguém está por perto, seguro a mão dela, acaricio sua testa e converso com ela. Deixo que eles ouçam o que me interessa, mas quando sussurro em seu ouvido, é apenas para dizer que foi tudo um acidente. Repito tanto minha versão dos fatos que, quem sabe, quando ela despertar, essa será a única versão que ela conhecerá.

Próximo do anoitecer, os pais dela aparecem. Geralmente converso com eles por uns cinco minutos e finjo que dói partir e vê-la assim, mas tão cedo eu entro no carro, já sinto o alívio de não ter mais que ficar nesse hospital. Pergunto-me quanto tempo vai demorar até acontecer alguma coisa. Logo vou me cansar de ficar fazendo visitas.

Eu vi Zayn hoje na escola. Ele estava de cabeça baixa na maior parte do tempo. Eu queria falar com ele, mas ainda não pude. Está muito recente. Preciso que ele esfrie um pouco a cabeça para que possa me ouvir. Isso pode levar alguns dias... só espero que não leve semanas.

Logo é domingo e a imagem de Niall tentando colocar uma gravata vem até a minha mente. Consigo até sentir o cheiro da colônia que ele usava para ir a igreja. Bom, ele não está mais aqui. Há um espaço vago no carro, e não é o espaço de Nicola: é de Niall, mesmo. Me pergunto como ele está.

Meus pais não poderiam estar mais animados para ver o discurso de Louis na igreja hoje, em que ele vai falar sobre sua missão. Ele já está no altar, junto com outras pessoas, quando nos acomodamos no hall cerimonial. Em poucos minutos, inicia-se o de sempre: as canções, as orações, a hóstia... e, no final, Louis toma a palavra.

Ele faz um lindo discurso, relacionando passagens da palavra com momentos de sua missão. Ele fala de sua família, de seus amigos e emociona bastante gente. Esse menino sabe como falar em público, além de ser bastante elegante. Ao final, todos o elogiam pelo discurso e o cumprimentam por onde quer que ele passe.

"E você?" ele para diante de mim na parte exterior do hall enquanto aguardamos as classes começarem. "Não vai me dar um abraço?" Eu era o único que faltava, já que meus pais e Ruth já haviam se adiantado. Sendo assim, sorrio e lhe abraço com força, dando um tapinha em suas costas.

"Belo discurso", digo. "Emocionante. Parabéns!"

"Obrigado", ele sorri e suaviza a mão pelo meu corpo ao nos soltarmos.

"Liam, querido", Jay aparece sorridente e me cumprimenta. Dá pra notar o quanto ela já chorou. "Vamos ter uma pequena comemoração lá em casa para dar boas vindas de volta ao meu bebê", ela aperta a bochecha de Louis, que não reclama. "Vocês tem que voltar com a gente".

"Ah, claro que iremos", minha mãe toma um passo adiante. "E vamos levar uma torta".

"Oh, vocês não precisam se incomodar com isso", Jay responde.

"Do que está falando? Não é incomodo nenhum..."

E, assim, elas começam uma pequena discussão amigável até as aulas iniciarem. Louis sorri e vem até mim, seguindo-me até a classe.