Playing Dangerous

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Liam

Zayn...

Para onde quer que eu olhe, ele não está lá. Passei a manhã inteira procurando por ele. Passei o almoço inteiro tentando falar com ele, enviando mensagens do tipo "você veio pra escola hoje?", "você não vem pra aula?". Me sinto da mesma maneira que me sentia assim que o conheci e ficava esperando ele chegar na sala de aula. Até guardava lugar pra ele. Hoje em dia, ele nem senta mais perto de mim.

É só no final do almoço, quando a campa já até tocou, que encontro Zayn no corredor mexendo em seu armário. Fico contente instantaneamente em vê-lo, mas aí reparo que ele está de óculos escuros e acho isso estranho. Na escola, sério? Será que está de tersol? Bom, pelo menos gostoso ele está.

"Hey!" aproximo-me animado e escuto em resposta um "hey" bem seco. Não tenho nem como ter certeza que ele olhou pra mim. "Tudo bem?" pergunto. "Te procurei a manhã inteira, onde você esteve?" passo a mão sutilmente em seu ombro para lhe chamar a atenção.

"Oh, cara..." ele fala rasteiramente e fecha levemente a porta de seu armário. "Por que tu tá gritando?"

"Eu não tô gritando", digo em tom normal e ele parece se estressar um pouco. Sua boca se retorce e ele massageia a têmpora, como se estivesse com dor de cabeça. Percebendo que ele não vai falar nada, puxo outro assunto: "Qual é a do óculos?"

"Preciso ir pra aula", ele passa por mim em passos largos.

"Espera. Eu vou também!"

No caminho até lá, procuro não dizer mais nada. É evidente que Zayn não está muito para papo. Parece aborrecido com alguma coisa, ou estressado. Quero conversar com ele, oferecer meu apoio, mas ele está cheio de reservas. Está muito estranho.

Assim que nos sentamos na sala de aula (e, dessa vez, eu faço questão de me sentar próximo a ele), passo a mão pelo seu ombro demonstrando suporte e pergunto se ele precisa de alguma coisa.

"Dor de cabeça", ele fala baixinho.

"Oi?"

"Tudo bem, é só uma dor de cabeça".

Assinto e me ajeito em minha cadeira, aguardando a aula começar. Mas não paro de olhar para Zayn.

O professor anuncia que hoje é a entrega da tal poesia que ele pediu para escrevermos. Já fiz faz um tempinho, apenas preciso procura-la em minha pasta. Preocupo-me se Zayn fez essa tarefa e o observo. Ele está tão bagunçado esses dias que já nem sei mais se ele se lembra de fazer as tarefas. Felizmente, ele fez. Vejo quando ele pega o papel e segura em suas mãos.

"Hoje nós vamos explorar o que vocês mesmo produziram", diz o professor, "o que implica dizer que a poesia de vocês será lida aqui na frente", ele aponta para o chão sob seus pés e vários murmúrios ecoam pela sala. Percebo quando Zayn sutilmente aperta o papel que segura, demonstrando nervosismo. "Agora, tudo bem. Eu sei que alguns de vocês tem vergonha, ou talvez tenham escrito algo pessoal demais... tudo bem, tudo bem. Podem deixar que eu leio por vocês em anônimo. Mas primeiro, eu preciso de um corajoso para ler sua poesia aqui na frente e realizar uma atividade. Quem se habilita?"

O professor olha esperançoso de um lado para outro da sala, aguardando alguém se manifestar. Noto quando Zayn sutilmente amassa o papel em suas mãos e finge que não possui nada. Logo, algo me ocorre.

"Pode ser eu", levanto a mão. Não pensei em nada, apenas tomei o impulso. Zayn faz menção de que vai olhar para mim, mas se impede.

"Liam. Ótimo. Temos um guerreiro na classe", diz o professor. "Venha pra cá".

NIRRTY (Season 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora