Can't Get You Outta My Head

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Zayn

Levei uns dezoito minutos para ir até Safaa. Dezoitos minutos que pareciam dezoito horas, dezoito dias. Acho que nunca fiquei tão preocupado assim com alguém. Meu coração bate tão forte que parece que vou ter um ataque cardíaco a qualquer momento.

Desço correndo do ônibus e olho para todos os lados freneticamente, encontrando minha irmã encostada em uma grade. Sua respiração indica que ela está tentando conter o choro. Corro até ela e a abraço assim que a encontro, seu corpo mole segurado pelo meu. Ela me abraça de volta ao balbuciar meu nome e chora mais um pouco.

Pelos minutos que se passam, não falo nada, nem faço perguntas; apenas afago seus cabelos tentando acalma-la. Ela respira profundamente várias vezes e, assim que se tranquiliza, me encara com a face completamente amassada e vermelha.

"O que aconteceu?" finalmente pergunto. Safaa balança a cabeça e desvia o olhar.

"Deixa pra lá. Já passou".

"Como assim 'deixa pra lá', Safaa? Tu me ligou passando mal de tanto chorar e diz pra deixar pra lá? Não dá!"

"Desculpa, desculpa", ele solta um riso choroso, "não queria te assustar assim".

"Então ao menos me diz o que tá acontecendo. Tu me deve isso!"

"Sim, mas..." ela olha em volta. "Não aqui".

Assinto.

"Queres comer alguma coisa? Beber algo?" pergunto.

"Uhum. Tem uma lanchonete aqui perto. Anda comigo".

Passo o braço pelo ombro da minha irmã e ela me abraça enquanto caminhamos pela rua lentamente até uma loja de conveniência com uma lanchonete nos fundos. Fico apreensivo por cada segundo, tentando entender o que poderia ter acontecido de tão grave e porque Safaa se recusa a me dizer.

Pedimos um sanduíche cada, com um achocolatado para mim e um iogurte para ela. Sentamos em uma pequena mesa redonda, onde fico encarando Safaa comer quase que tranquilamente, como se nada tivesse acontecido.

"Vai me contar ou não?" peço.

"Hum", ela toma um longo gole de iogurte e me encara com os olhos bem abertos, "certo".

"O que foi, Safaa?"

"Eu tentei te contar, mas..."

"Oh", recordo-me de toda as vezes em que Safaa me ligou e eu não parei para conversar com ela; toda as vezes que eu deveria ter retornado a ligação e não retornei, "me desculpa. Sou o pior irmão do mundo..."

"Não é isso", ela balança a cabeça. "Eu só queria passar um tempo contigo pra escapar um pouco. Reviver o tempo em que ainda éramos apenas uma família, sabe?"

"Oof", assinto com um suspiro.

"Mas eu sei que isso é só uma ilusão".

"Não precisa ser", seguro sua mão.

"Nunca mais seremos uma família..."

"Eu sei que foi muito difícil a separação dos pais pra ti, mas... o que podemos fazer?"

"Eu poderia morar com vocês!" ela me suplica com os olhos.

"Bem", preciso ser realista agora, "tu sabe que se dependesse de mim, eu ia adorar, mas... a mãe tá muito enrolada com as contas e eu me sinto um inútil por não ajuda-la."

"Oh", os olhos de Safaa se enchem de lágrimas instantaneamente.

"Hey, sis, num fica assim", minha mão solta a sua e vai até seu braço, buscando lhe dar conforto. Ela aperta os olhos e as lágrimas escapam como rios. "Tu ainda num me disse o que aconteceu", recordo-me, "é alguma coisa com o pai?"

NIRRTY (Season 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora