Ridiculous

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“O tempo deixa perguntas, mostra respostas, esclarece dúvidas, mas, acima de tudo, o tempo traz verdades.“

Depois de longos minutos de reflexão sobre a longa noite com Nicholas, cheguei às seguintes conclusões:

Fui estúpida ao ter beijado Harvey apenas para libertar um pouco da minha mágoa em seus brandos lábios, porém ele também foi estúpido ao fazer o mesmo;

Nunca mais irei beber com uma pessoa bonita pois corro o risco de atacá-la sexualmente;

Estou feliz e triste por ter traído Sebastian. Feliz porque paguei na mesma moeda e triste pela mesma coisa. Eu não deveria ter que me rebaixar ao seu nível deplorável e ridículo;

Eu não sei lidar com essa situação.

Eu começara a me arrepender de tê-lo beijado, só estando bêbada para fazer tal atrocidade. Eu não sabia se contava a ele que me lembrava, eu sequer sabia se ele se lembrava, confesso que estava torcendo para que não.

Pude ouvir três batidas leves na porta, minha respiração falhou, minha cabeça pesou e minha boca amargou.

- Safira? Está acordada? - era agora a hora de enfrentar o furacão Harvey.

- Entre, Nicholas - respondi me acomodando mais na cama e fechando o hobby que eu havia posto sobre mim. Já havia tomado banho e trocado o meu vestido que recendia cheiro de bebida alcoólica. Aos poucos a porta se abriu revelando um loiro de óculos escuros, um hábito seu que não me agradava pois gostava de observar seus belos olhos de mel, eles me traziam paz mesmo que eu pudesse ver todo o sofrimento por trás de suas belas íris.

- Você está bem? - perguntou-me andando em minha direção e parando à minha frente me observando por completo, cada detalhe, em busca de algo que eu não sabia o que era.

- Na medida do possível - o respondi também o observando, tentando enxergar o homem por trás daqueles óculos - obrigada por cuidar de mim, devo ter dado trabalho a você.

- Deve? - indagou-me - Não lembra de nada da noite passada?

- Deveria? Acho que bebi o bastante para ter essa amnésia - e mais uma vez lá estava eu fugindo de uma situação difícil. Ah Safira, por que é tão covarde?

- Hum - murmurou ele sentando-se ao meu lado e mesmo com os óculos eu pude ver que seu olhar estava fixo na porta do quarto - lembro-me vagamente de algumas coisas, na maior parte das lembranças você está bebendo ou dançando.

- Apenas isso?

- Sim, por que?

- Nada não - a partir daí permanecemos em silêncio, imersos em pensamentos constantes e paralelos. Eu apenas lembrava do beijo, cada vez que ouvia sua respiração um pouco mais forte era como se eu estivesse lembrando do momento. Testas coladas, corações palpitantes, mãos entrelaçadas e as pessoas ao meu redor dançando em câmera lenta enquanto nossos olhares incertos se fixaram buscando apenas uma única certeza, a de que realmente queríamos isso.

- Safira! - gritou Nicholas ao meu lado fazendo-me dar um pulo de susto e quase cair da ponta da cama.

- Ai meu Deus! Pra quê gritar? - perguntei atordoada enquanto tentava acalmar meu coração que quase saltava pela minha boca.

- Estou te chamando a horas e você só fica me olhando… Assim! - exclamou ele bagunçando o cabelo já bagunçado e rindo da minha cara de pânico.

- Assim? Assim como? - indaguei estreitando meus olhos.

Alarm [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora