Unusual attitudes

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"Ás vezes, nosso coração é estupidamente idiota por amar a pessoa errada"

Era sexta feira, a tão esperada sexta feira, meus funcionários estavam exaustos, porém mesmo assim programavam festas e viagens para o final de semana. Eram quase cinco horas da tarde, meu celular tocou inesperadamente dando-me um leve susto, pior ainda foi quando eu li o nome do contato na tela, Sebastian.

Desde nossa briga no restaurante eu não o vejo mais, quando cheguei em casa naquele dia uma boa parte de suas roupas estavam faltando. Chorei compulsivamente ao saber que eu praticamente o entreguei para as mãos da outra, que agora ele tinha mais um pretexto para me largar, que agora eu estava mais só do que antes.

Submeti forças e coragem logo rejeitando sua chamada, por mais que eu o quisesse de volta, por mais que eu estivesse arrependida de tê-lo expulsado de casa, o restante do meu orgulho ainda sim falava mais alto.

Uma lágrima ousou escorrer lentamente pela minha bochecha e meus olhos automaticamente olharam para o pequeno jarro com quatro tulipas em cima da minha mesa, um sorriso fraco preencheu meus lábios ao lembrar das minhas várias conversas com Nicholas e de todas as vezes que cheguei no meu escritório e encontrei uma flor, todos os dias ele fazia questão de me dar uma e ainda dizia "Sempre que estiver triste, olhe para as tulipas, lembre-se de mim e das minhas várias palavras de encorajamento. Viva, Safira, viva intensamente.".

- Vejo que lembrou de minhas palavras - disse Nicholas encostado na porta da minha sala e com um sorriso de lado. Eu apenas assenti enquanto limpava a lágrima que havia descido - Sebastian? - perguntou ele me olhando fixamente e eu abaixei minha cabeça, tentava ao máximo controlar meu choro.

- Eu nunca vou entender como chegamos a esse ponto - minha voz estava trêmula, assim como minhas mãos - o que ela tem que eu não tenho?

- Nunca mais repita isso, Safira, não se rebaixe só porque o seu marido é um traíra e não valoriza o que tem - ele se aproximou de mim e pegou minhas mãos que estavam em cima da mesa. Minhas mãos mesmo trêmulas sentiram um pequeno choque ao entrar em contato com a pele quente de Harvey, o leve carinho que ele fazia em mim me levava ao êxtase por mais reles que seja - não quero mais chegar aqui em sua sala e te encontrar às lágrimas, quando estiver triste me procure, sempre estarei aqui quando precisar.

- Obrigada, Harvey, por tudo, principalmente pelas flores e as palavras de conforto, uma pena elas não curarem a cicatriz em meu peito - sorri forçadamente para ele que assentiu, ainda me olhava fixamente nos olhos e logo um sorriso pequeno apareceu em sua face.

- Agradeça à Mariah, ela morre de orgulho do seu jardim - comentou ele fazendo uma leve careta - vamos? Hoje é sexta, Safira, anime-se - era um tanto quanto engraçado o seu empenho em me animar quando eu sabia que na maior parte do dia ele se encontrava triste, durante a semana eu o vi várias vezes olhando para uma mesma foto de uma mulher, presumi que fosse sua esposa falecida. Entretanto eu tive muita sorte de ter um amigo como Nicholas, meu primeiro amigo depois de anos sozinha.

Uma hora depois eu estacionava meu carro na garagem da minha casa, estranhei as luzes estarem acesas e logo pressupus que havia esquecido de apagá-las pela manhã. Fechei o portão da garagem com o controle e entrei em casa pela porta da cozinha. Levei um grande susto ao encontrar a mesa arrumada com velas, um par de pratos, talheres e taças, sem falar em várias tigelas que serviam um maravilhoso jantar. A garrafa de vinho combinava perfeitamente com o vaso de flores enfeitado com tulipas, aquilo fez-me lembrar de Nicholas. A luz se apagou de repente e um par de braços muito conhecidos por mim me envolveram por trás e um buquê de rosas apareceu em minha frente sendo segurado por uma mão esquerda com aliança. Era o meu Sebastian.

Alarm [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora