Capítulo 4

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O caminho todo é em silêncio, mas não estamos desconfortáveis com isto. Toca uma música que não conheço, mas até gosto e ela preenche todo o carro. Vez ou outra, pelo canto do olho, vejo Eduardo balançar a cabeça no ritmo e sorrio diante da cena que jamais pensei em presenciar.

Chegamos a uma casa gigante. Daquelas que caberiam dezenas de pessoas com facilidade. Olho da casa para o Edu e vice-versa.

— Tudo bem, qual dos seus parentes mora aqui?

— Eu? - Ele está se divertindo e eu estou embasbacada. Literalmente com a boca aberta.

— Volta a fita. Você nunca me disse nada disso. 

— E desde quando a gente conversa? - Ele levanta as duas sobrancelhas.

— Ai. Não me leva a mal ok?! É só que ninguém nunca comentou que você... - Aponto pra enorme mansão a minha frente sem conseguir me expressar.

— E isso muda em quê, Maria Eduarda?!  - Ele respira fundo. — Eu nunca quis que ninguém soubesse, ok? E que continue assim.

— Não está mais aqui quem falou. - Tento mascarar o constrangimento que se instala no carro. — Você está certo, não muda nada. Você continua o mesmo nerd mal-encarado de sempre. - Ele ri. — Vamos enfrentar seus pais.

Ele abre a porta do carro pra mim e caminhamos para dentro da casa de mãos dadas.

Os primeiros que conheço são seus pais, que foram super gentis, devo dizer. Rita me cumprimentou com uma abraço e dois beijos no rosto, enquanto Luís apenas acenou com a cabeça. Aparentemente os dois não viam a hora de conhecer a "nora". Mas quem ganhou meu coração logo de cara foi Bianca, a irmãzinha do Eduardo. Sem cerimônia alguma, a baixinha pulou no meu colo e perguntou se eu trazia algum doce comigo. Não é preciso ser adivinha para saber que essa garotinha tem uma personalidade e tanto.

Seus pais nos deixaram a sós e Eduardo decidiu me mostrar a casa. Bem, a parte que ia até o quarto dele, porque não dava pra ver tudo hoje. E toda a decoração era feita com tantos detalhes que eu acreditei estar em uma revista para decoração ao invés de uma casa.

Chegamos em seu quarto e noto como Eduardo é organizado. Também, eu não esperava nada diferente disto. Não há uma caneta fora do lugar.

— Você está realmente linda. - Ele diz enquanto passo a mão por uma de suas fotografias. Me viro e sorrio para ele. — Minha família está impressionada.

— Só não esquece que isso tem que acabar hoje. 

— Não vou esquecer. - Ele anda na minha direção, lentamente e coloca as mãos na minha cintura. Involuntariamente coloco meus braços em volta de seu pescoço e o olho com divertimento, apesar do meu coração estar batendo muito rápido e eu estar apavorada por dentro. — Que tal sermos mesmo namorados por um dia? - Ele sugere.

— Oh-Ow. Isto pode não dar muito certo. - Cerro os olhos e o analiso. Ele desvia o olhar do meu, em forma de decepção. Eduardo deixa suas mãos caírem e começa a se afastar. O seguro um pouco mais forte e aproximo nossas bocas. Não sei se movida pela coragem ou pela vontade de viver novas aventuras, eu digo: — Mas, vamos correr o risco.

Eduardo sorri e logo estamos nos beijando. Suas mãos apertam minha cintura. Sua língua explora cada parte da minha e, cara... Nem posso comentar mais nada, até porque a mãe dele entra bem na hora e, bom... um flagrante não é bem o que eu esperava hoje.

Uma mãe normal faria cara feia pra "nora", após vê-la "corrompendo" seu filho. Mas Rita não, ela sorri.

Eduardo parece bastante constragido e seus olhos estão tão arregalados quanto os meus, a espera de alguma reação de sua mãe. Porém ela apenas nos chama pra jantar. 

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