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Enquanto os minutos se transformaram em horas, comecei a fitar o teto, suspirando, tentando entender como aquilo tudo podia estar acontecendo.
Aquela situação toda estava consumindo cada pingo de energia que ainda me restava, lutar contra aquilo tudo era ainda mais difícil, queria apenas me jogar no chão e chorar, não me importando mais no que aconteceria comigo. Eu teria feito isso, se não me recordasse de que não era apenas a minha vida que estava em risco, Yura também pagaria por meu descuido e teimosia.

Meus devaneios foram p embora quando ouvi o mesmo homem de antes se aproximando da minha cela. Ele se virou para mim, e com um sorriso tenebroso disse:

"Ele chegou."

Passos começaram a ecoar pelo lugar,não apenas de uma pessoa, mas de um grupo delas. Estes começaram a ficar mais altos à medida que iam descendo as escadas. Por um minuto achei que todos os suspiros de medo vinham de mim, entretanto todos os homens que antes jogavam, agora estavam em pé com a postura rígida, em respeito àquele que por ali passava, seu chefe.

Como que um escudo, vários homens engravatados andavam em volta dele, no mesmo ritmo.
Ele andava de modo diferente, seu andar era mais leve, arriscava dizer "feliz". Usava um terno como todos  os outros, mas tinha objetos de luxo pendurados pelo corpo como que um mostruário de uma loja chique. Seu corpo era preenchido por relógios, anéis, cintos de couro e sapatos perfeitamente engomados.

Enquanto o analisava, ele se aproximou de onde eu estava e fez sinal para que meu sequestrador abrisse. Sem esperar mais, no minuto em que a chave girou e vi a porta abrindo-se, pulei ferozmente em seu pescoço, socando o mais forte que podia até os nós dos dedos doerem.

Logo senti algo chocando-se contra meu rosto, provocando uma dor excruciante, não demorando para que sentisse o sangue escorrendo, o que me fez cair no chão.

"Você acertou, Seoung."- falou o ex marido de Yura, que recebeu ajuda para se levantar.-"ela é igual a mãe."

"Não se atreva a falar dela!"-esbravejei.

"Tragam-na!"

Ele virou-se e foi em direção à porta que ficava no fundo daquele corredor, enquanto eu era novamente puxada contra minha vontade.

Eu tentava me soltar dele, mas ele era visivelmente mais forte que eu, e já tinha mostrado que não tinha problemas em me agredir para que eu cooperasse.

Entramos numa sala escura e sem janelas, onde no centro havia uma mesa redonda com dois lugares postos um na frente do outro. Em um deles, estava o ex-marido de Yura, aguardando eu me sentar.

Uma luz no centro da sala, exatamente onde estávamos, foi acesa, revelando um prato enorme de ensopado.

"Creio que não nos conhecemos, eu sou Chung-ho."- falou num falso sorriso.

Eu continuei calada, olhando fixamente para ele.

"Acho que você não gosta muito de fazer novas amizades, certo?"

"Não quando essas amizades me sequestram."-esbravejei.

Ele levou uma colher de ensopado até sua boca e me encarou.

"Coma. Temos negócios para tratar."

Mesmo querendo ser o mais firme que podia, estava sem comer há décadas e meu estômago rugia para ganhar comida.

Eu levei uma colherada até a boca, castigando a mim mesma mentalmente.

"Sabe, eu não sou muito amigável com quem tenta me agredir, mas como você é de essencial importância para meu plano, darei outra chance."

"E o que você quer de mim?"-falei em tom baixo.

"Eu tenho uma proposta que será de seu interesse."-"Eu quero que você me ajude a atrair Yura até aqui, e em troca disso eu não só deixarei de te matar, coisa que eu tenho total direito por conta de seus pais, como também deixarei que seja livre. É claro, livre em minhas condições."

"O que te faz pensar que eu entregaria minha mãe para você de bandeja?"

"Sua mãe..? Ah, é claro. Você chama ela de mãe, afinal."-"Eu achei que talvez você tivesse mais amor à sua própria vida."

"Se minha liberdade significa sacrificar aqueles que eu amo, então eu prefiro morrer em cativeiro ao invés de ajudar alguém tão desprezível como você."

"Decisão errada."- ele fez um sinal para um dos homens engravatados que estava no extremo da sala e este me arrastou não de volta para aquela cela imunda, mas para dentro de um armário da sala que não tinha visto por conta da escuridão.

"Você não quis cooperar por bem, então irá cooperar por mal."- ouvi sua voz já abafada, vinda de fora do cubículo em que fui colocada.

Eu comecei a respirar rapidamente, chorando e me debatendo, implorando para que me tirassem dali, mas agora só havia eu, naquele lugar escuro e fechado, sem ninguém para me ajudar.

As lágrimas começaram a cair pelo rosto, me fazendo sentir o seu gosto salgado e também amargo por conta do sangue que ainda estava ali . Comecei a sentir minhas mãos e pés formigando, a garganta fechando e uma forte dor de cabeça tomando conta de mim e eu temia saber o que era aquilo.

Eu estava tendo uma crise de pânico.

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The Teacher •Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora