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No caminho de volta para casa, eu fico quieta olhando pela janela enquanto Yura dirige tranquilamente, sendo  o único som presente do rádio, que nesse momento toca uma música desconhecida por mim.

Minha consulta com o psicólogo na era logo no outro dia, o que me deixava um curto espaço de tempo para absorver todas as notícias. Yura expressava algo semelhante à alívio, por saber que eu logo estaria curada, e no entanto, eu só conseguia pensar em como eu queria que aquelas crises nunca mais voltassem.

O retorno para casa foi um rebuliço total, pois a entrada do prédio estava cheio de paparazzis, como sempre. Quando chegamos até o apartamento,
meu celular vibra com uma ligação de Asuka, e eu me apresso em atender.

"Alô?"- eu digo.

"Oi, como você tá?"- ela diz, do outro lado da linha.

"Bem, eu acho. Eu tenho um psicólogo pra ir amanhã, ele vai tentar tirar meu trauma ou algo assim, mas é assustador."

"Eu sei, sinto muito. Aguenta firme! Pensa positivo, se você se esforçar, isso vai acabar logo. O Jimin volta daqui a pouco, a gente vai se formar... vai dar tudo certo."

"Só de te ouvir já me sinto mais animada, sabia?"-digo rindo.-"Mas você tem razão, eu vou tentar relaxar mais daqui pra frente."

"Eu vou ficar de olho! Preciso ir Aly, tchau."

"Tchau."

Deitada sobre a cama, ouço patinhas ecoando pelo piso, sendo seguidas de latidos animados de Rowler.
Ele sobe na cama e dá uma lambida no meu rosto, já se aconchegando ao meu lado.
Eu passo as mãos por seu pelo, enquanto seus  olhos vão lentamente  fechando até que ele dormisse.

Eu me estico para pegar o notebook e o coloco em meu colo, tomando cuidado para não batê-lo em Rowler.

Eu entro no site da minha faculdade e depois que faço o login não demora para eu ser bombardeada de e-mails sobre todo tipo de assunto. Desde eventos que eu perdi, até as faltas que eu acumulei ao longo desse ano.
Yura não deve nem ter se lembrado sobre isso.

Então eu escrevo um e-mail explicando toda a situação, e com dor no coração, termino-o avisando que já estaria de volta em 2 dias.

  Eu dou um longo suspiro antes de começar minha "divertida" maratona de estudos, para recuperar todas as tarefas que perdi.

Eu só me dou conta de quanto tempo gastei estudando quando eu puxo a cortina e vejo o sol se pondo. Eu me desvencilho de Rowler e ando em direção à cozinha, onde eu encontro minha mãe fazendo alguma coisa no fogão.

Eu apoio meus cotovelos na bancada, observando o que ela faz sem dar nenhum "piu".

"Está com fome?"-pergunta. Eu balanço a cabeça para cima e para baixo, ficando ansiosa pelo cheiro exalado pela comida.

"Faz tempo que não te vejo cozinhar..."-digo.

"É... Faz mesmo, eu senti falta disso."-Ela diz, com um sorriso nostálgico.-"quer me ajudar?"

"Achei que não ia perguntar!"-respondo, já dando a volta pela bancada e me colocando ao seu lado.
Ela me dá as instruções do que eu devo fazer e ficamos assim, uma ao lado da outra, cozinhando e rindo enquanto lembrávamos sobre a época que eu era criança.

"Você lembra da primeira vez que eu tomei leite de banana, e que eu acabei rindo e inalei o leite?"-Falo.

"Claro! Eu fiquei desesperada. Eu tinha uma criança espirrando leite e chorando, o livro "como cuidar de crianças" não me avisou sobre isso!"

"Você comprou um livro sobre crianças??"-zombei.

"CLARO. Eu não tinha nenhuma experiência como mãe!"- Tentava se explicar rapidamente.

"Mãe, relaxa. Você fez o melhor trabalho que podia, ok?"-Colocamos nosso jantar nos pratos e nos direcionamos para a mesa.
Sentamos uma de frente para a outra, e no final da noite, acabamos dormindo no sofá enquanto ela acariciava meu cabelo.

The Teacher •Park JiminOnde histórias criam vida. Descubra agora