4. Complicado

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Porque meu quarto tem o cheiro inconfundível de baunilha? É o cheiro da Alison.
Ouvi batidas na porta. Serviço de quarto. Café da manhã.
– Não sabia que serviam café no quarto. – Comentei.
– Pagaram por isso. – Mostrou um cartão.
– Ah. Obrigada. – Peguei a bandeja e o cartão.
"Obrigada pela noite. O Giu veio com o meu amigo para cá ontem, aproveitei e vim junto. Agora também posso te encontrar sempre. – Torie"
– "Obrigada pela noite"? – Me olhei no espelho e vi duas marcas vermelhas no pescoço – Ah, não! O que foi que eu fiz?
Troquei de roupa correndo e fui até o salão de café da manhã. Encontrei com Alison no meio do caminho, sozinha.

– Bom dia. – Desejou Ali sorrindo.
– Bom dia. – Respondi, sem entender o motivo do sorriso.
– O que foi?
– Nada. – Não sabia se caminhava até a mesa para me servir ou se ficava para conversar. Não havia tocado na cesta da Torie e estava morrendo de fome.
– Está brava por eu ter ido embora?
Não sabia se ela se referia ao pub ou ao quarto.
– Sei lá.
– Emily! O que foi? Qual o segredo?
– Acho que eu estou hipoglicêmica, preciso comer. – Caminhei até a bancada de comida, deixando Alison para trás.
Victória chegou logo depois.
– Bom dia, princesa. – Deu um beijo demorado em seu rosto.
– Quanto bom humor. – Comentei.
– Shi, parece que dormiu com um dementador. Quem sugou sua luz? A mesma pessoa que fez isso? – Apontou para meu pescoço.
– Não foi você? – Coloquei a mão em cima da marca.
– Se tivesse sido eu, não estaria vermelho, estaria roxo e provavelmente com meu nome. – Sorriu. – Tenho altos talentos.
– Prefiro não comentar sobre isso. – Ri.
– Ta ai o sorriso! Agora já posso ir. Se não sua namorada vai ficar brava comigo. – Deu outro beijo no rosto e saiu.
Alison se sentou à mesa com um copo de café. Me sentei ao seu lado, logo depois.
– Alison. – Eu disse. Alison me olhou, mas eu não sabia o que dizer. – Nada, esquece. – Comecei a comer. Alison continuou a me encarar – Fala, Emily.
– Nada, Ali. Sério.
Alison começou a empalidecer após alguns segundos, me encarando.
– O que foi? O que você está fazendo? – Os olhos dela começaram a se fechar. Percebi que ela não estava respirando. Ali começou a ficar zonza. Levantei-me para que ela não caísse no chão, mas ela não desmaiou.
Depois de irmos à enfermaria, fomos para o quarto. Os pontos turísticos que esperassem.

– Está melhor? – Perguntei.
– Bem melhor. -Alison estava com a cabeça em meu colo e eu mexia em seu cabelo.
– Só você para me fazer vir à Paris e ficar dentro do quarto. – Ri.
– Pensei que o importante era estar comigo. – Ali disse e fez uma careta.
– Besta. Claro que é. – Sorri.
– O que é isso em seu pescoço?
– Você não sabe? – Arqueei as sobrancelhas.
– Bom, acho que sei. Está doendo?
– Não. – Respondi
– Eu gosto de estar com você. – Comentou e segurou uma de minhas mãos.
– Eu também. – Respondi, enquanto ela se sentava no sofá de frente para mim.
– Não me olha assim. – Pedi, sem graça.
– Por que não? Quer que eu olhe como?
– Não sei. Fico com vontade de te beijar. – Respondi. Alison esboçou um meio sorriso, sustentando o olhar. Eu a puxei pelo ombro direito e a beijei. Alison sentou em meu colo, encostando a barriga na minha. Desci a mão do ombro para a cintura e a outra estava na nuca. Alison segurou minhas mãos a cima da cabeça e parou de me beijar. Me encarou com um sorrisinho de poder, por estar no comando das ações. A cada minuto que Alison parava de me beijar, eu achava que era apenas uma brincadeira, bem ou mal, brincando com meus sentimentos.

– Sério, Ali. Qualquer dia eu vou enfartar com isso.
– Como assim? – Tentou se levantar, mas eu a segurei, delicadamente, porém com força o bastante para que ela não pudesse sair.
– Você me beija, depois some. Aparece, parece que não me quer e quando eu me conformo, você vem e me toma como se a gente nunca tivesse se separado.
– Não é mais emocionante ficar com alguém achando que será o último momento?
– Não! Isso é devastante. Se você estivesse doente era uma coisa, mas você faz isso de propósito. Por que não deixa claro o que quer de mim? – Meus olhos estavam vermelhos. Ela estava prestes a chorar.
– Esse é o jeito... - Me deu um selinho. – De mostrar... - Outro selinho – O que eu quero.
– Não Ali, assim não. – A soltei.
– Não quer mais ficar comigo? – Alterou o tom de voz que era carinhoso para rude, enquanto se levantava.
– Alison! Como você pode perguntar isso? Só quero saber o que você quer de mim. Se quer brincar, ficar eternamente, namorar, ter um futuro junto... O que você quer? – As lágrimas escorriam em meu rosto.
Alison sentia a pressão do momento e ela odiava se sentir pressionada, mas também odiava saber que estavam prestes a se afastar dela. Sentou-se numa distância segura de mim e tentou responder sem deixar de ser a "vadia da história".
– Emi, você é minha preferida, sempre foi. Eu quero que essa viagem seja a melhor das nossas vidas, mas não existe a menor possibilidade "da gente" acontecer fora daqui. Rosewood é uma cidade pequena...
– Não... Espera... Alison Dilaurentis com medo do que o povo de Rosewood vai falar? Ali, você praticamente manda lá.
– É complicado, Emily. Não é bem assim.
– Então me explique. – Cruzei os braços.
– Eu senti tanto a sua falta. – Tentou mudar de assunto, ela não se sentia preparada para lidar com seus sentimentos.
– Eu também sentia a sua. Mas você precisa me contar algumas coisas. Precisa confiar em mim.
– Mas eu confio. – Se levantou.
– Vem cá. – Estendi o braço. Alison segurou minha mão, ficando de frente para mim, ainda em pé. - Sabe o que eu acho? – Segurei sua outra mão. – Que você passou tanto tempo tentando e fazendo os outros te amarem e idolatrarem que confundiu a admiração dos outros com um sentimento que não é seu.
Você sempre teve uma vida badalada, só se aproximando dos outros quando lhe era conveniente. De quem você gosta de verdade? Você realmente sabe o que sente por mim ou tem medo de descobrir? Você acha que se... se descobrir que não me ama como amante eu irei me afastar? – Alison parecia ofendida e ao mesmo tempo como se tivesse tomado um choque de realidade ou um tapa na cara. Tentou se desvencilhar de mim, mas não a soltei.
– Me larga, Emily! Acha que pode falar comigo assim? Não pode! Eu não vou deixar! Me larga!
– Eu nunca vou te deixar. Independente de qual seja sua resposta. Só vou tocar a vida de forma diferente. Você nunca vai ficar sozinha de novo.
– Me larga! – Repetiu com menos intensidade. Parecia fraca, quase como se desse por vencida. A soltei. Alison estava pensativa e acuada. Eu entendia que ela precisava de espaço para pensar.
– Eu... - Disse olhando para a porta – Eu preciso dar uma volta.
– Na verdade, você precisa comer algo antes. Você não comeu nada até agora.
– Você não é minha mãe, Emily. Minha mãe está morta! – Gritou e saiu do quarto.

Fiquei com a respiração fraca por alguns segundos.
Deixei-a sair.

Emison em 8 tonsOnde histórias criam vida. Descubra agora