6. Hope

579 45 1
                                        


Voltei para o quarto que ela estava hospedada.
No dia seguinte parecia que era o primeiro dia da viagem. Ficamos 5 horas no Louvre e não vimos nem metade das obras. O museu é ENORME!
Depois do almoço nos encontramos com Hanz e fomos para a porta do hotel da Torie. Era bem formal, mas o jardim da entrada era lindo e quebrava o clima de seriedade, com várias cores e tipos de flores. Sentei-me em um dos bancos e Ali sentou em meu colo, alegando que assim sobraria mais espaço para os outros sentarem. Mas ninguém sentou e nem ela mudou de lugar, até Torie e Dylan saírem.
Fomos a pé até a Torre Eiffel. O Giu achava que íamos lá apenas para tirarmos fotos e fazermos depois compras. De certa forma era verdade. E todos que tinham ido ao pub estavam ali, exceto por Will.
O pedido de namoro foi clichê, mas fofo e romântico. Afinal... talvez até falar palavrão em francês, em frente à Torre seria romântico.
Ali ficou o tempo todo ao meu lado e sempre dava um jeito de encostar-se em mim.
Bom, claro que o Giu aceitou o pedido. E apesar da companhia agradável, minha vontade era de ficar sozinha com a Ali e necessariamente nossa relação exigia isso. Além do mais, estávamos exaustas.

O Sol já tinha se posto, mas o céu ainda estava claro. Parecia que ia começar a esfriar.
Passei o cartão de acesso para abrir a porta do quarto e entramos. Alison me empurrou contra a porta fechada e me beijou. Minha bolsa caiu lentamente no chão, enquanto meus ombros relaxavam após o susto e a surpresa.
Seus dedos deslizaram suavemente para dentro da minha camiseta. Passaram por minha cintura, barriga, cintura novamente e depois por minhas costas. Soltei sua boca trocando-a por seu pescoço. Sua mão subiu decididamente até alcançar a parte de trás do sutiã, mas nada fez. E começou a separar seu braço do meu corpo. A olhei sem entender. Me deu um beijo curto e falou:
– Vou tomar banho.
– Sério, Ali? – Perguntei, sem acreditar. Ela não respondeu, apenas sorriu pegando a toalha. Não consegui mover minhas pernas por alguns segundos. Depois passei os dedos nos meus lábios. Eu estava feliz. Depois de muito tempo.

Ali ainda não havia ligado o chuveiro.
– Tudo bem, Ali?
– Ahan. Estou esperando a banheira encher.
– E precisa esperar ai dentro? – Ri, mas ela não respondeu. Bati na porta. Estava destrancada, mas preferi vê-la sair. Ela abriu a porta enrolada na toalha branca da pousada.
– O que foi?
– Nada. – Franzi a testa. Era muita mudança de humor em poucos minutos. Não dava para acompanhar.
Me afastei da porta e ia sentar na cama. Ela veio atrás.
– A gente podia ir para o norte da Itália depois. – Sugeriu.
– A não ser que eu consiga um emprego aqui, eu não tenho como ir.
– Nem se eu te convidar?
– Não gosto de depender dos outros, Ali. – Me sentei na cama. Ali se sentou em meu colo, abraçando com o braço direito minhas costas.
– Por favor. – Me olhou fixamente e me abraçou.
– Vou pensar, ok? – Ela me olhou, encostou os lábios nos meus e repetiu.
– Por favor. – Me olhou com cara de choro. E repetiu – Por favor. – Meu coração se acelerou e ela o sentia. Colocou os lábios quase encostados em meu ouvido e repetiu mais uma vez – Por favor, Em. – Minha voz não saía. Ela sabia o quanto ela mexia comigo e usava isso contra mim. Por fim ela começou a me encarar e piscar lentamente. Eu a ouvia respirar e também ouvia o barulho da água enchendo a banheira também.
– Eu não consigo falar "Não" para você. – Ela sorriu e se levantou vitoriosa, entrando novamente no banheiro.
"Parabéns Emily Fields, você continua sendo o brinquedinho dela. " – Pensei.

– Só faltam duas coisas aqui.
– O que? – Gritei, perguntando.
– Champagne. – Respondeu.
– E a outra? – Silêncio – Ali? – Silêncio novamente. Me levantei e entrei no banheiro.
– Agora só falta uma. – Sorriu estendendo a mão.
– É nessa hora que o relógio desperta? – Perguntei franzindo a testa.
– Que relógio? Como assim?
– Nada. Mas é sério? – Apontei para a banheira que ela estava.
– Pareço brincar?
– Acho que eu estou com um pouco de vergonha. – Minhas bochechas começaram a corar. Só de imaginar ficar nua, sem ser para trocar de roupa na frente dela, me deixava nervosa. Ali riu e fechou os olhos. Tirei a roupa e entrei na banheira me encolhendo o máximo que dava. Sentei-me ao lado oposto ao dela. E ela abriu os olhos.
– Vem cá, vou ensaboar suas costas.
Me desloquei tentando fazer menos movimentos possíveis e fiquei de costas para ela.

Estávamos sozinhas. Meu coração palpitava tão rápido e tão forte que estava com medo de enfartar, bem ali, nua e vulnerável. Eu a amava tanto que doía. Mas eu estava tão cansada de sentir dor, que a cada gesto carinhoso, imaginava que viria algum golpe. Ao mesmo tempo queria acreditar que dessa vez era verdade e que eu não ia me magoar ou ferir.
Alison estava carinhosa e atenciosa, isso era muito raro. Normalmente isso acontecia quando ela queria algo, facilmente as pessoas cediam. Eu deveria acreditar ou apenas aproveitar sem esperanças de um futuro juntas?

– Emi! Eu te fiz uma pergunta! – Disse, batendo a mão na água.
– Desculpa. O que você disse?
– Ah. Não vou repetir. Eu aqui desabafando e você não ouviu nada?
– Não, me desculpa? – Me virei para ela e ela estava com a cara fechada. – Ah, sério? O que você falou? A gente não vai brigar agora, né?
– Eu disse que vai ser difícil voltar para casa. Vocês vão para a universidade e eu não.
– Não tinha pensado nisso.
– Por um lado é bom. Você fora de Rosewood...
– Eu fora de Rosewood faz com que a gente não tenha nada sério.
– É o que você acha? – Franziu o cenho.
– Não sei. Não é o que "você" acha?
– Já terminei suas costas. – Deixou o sabonete na saboneteira e fechou os olhos, afundando um pouco mais o corpo na banheira.
– Abre os olhos. – Falei firme. Ela obedeceu torcendo a boca, achando engraçado eu tentar dar alguma ordem a ela. – A gente precisa parar de brigar. Eu sei que você quer as coisas do seu jeito, mas a gente vai embora daqui três semanas. Por favor, vamos aproveitar a viagem e depois a gente pensa no depois.
– Sua vez. – Pegou o sabonete e me entregou. Segurei, mas ela não virou as costas.
– Acho que você é a pessoa mais complicada que eu já conheci na minha vida. Olha que minha ex namorada quase me afogou e era apaixonada por mim. Complicação maior só você mesmo.
– E a que você mais ama também. – Sorriu, colocou a mão em meu pescoço e me beijou. Nos beijamos e a água começava a esfriar.
Ali deixou a água escoar e ligou o chuveiro.
Eu continuava sentada, não queria me levantar e ficar mais vulnerável ainda. Embora a gente já tivesse se trocado várias vezes uma na frente da outra, o contexto era totalmente outro.
– Vai ficar ai, sentada só me olhando tomar banho ou vai fazer alguma coisa? – Fez um gesto para que eu me levantasse.



-----

Essa história foi postada originalmente no Nyah em 2014, espero que estejam gostando tanto quanto quem leu na época gostou.      

Twitter: @_astronautaa      

Emison em 8 tonsOnde histórias criam vida. Descubra agora