Medos

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Um mês depois...

- Fica em posição, Lu. – Pedi olhando para minha filha do outro lado do pequeno gramado perto da piscina que tínhamos em nosso quintal. Lua me olhou com atenção e comprimiu os lábios. – Então, você vai avançar e tentar me atacar, tá certo? – Ela assentiu. – E aí eu vou te bloquear, mas você não pode desistir, tudo bem? – Lua assentiu mais uma vez. – Ao meu sinal... – Ela cerrou os punhos e fiquei com o corpo ereto. Minha filha tinha pedido para que eu a ensinasse alguns golpes de defesa pessoal, já que um dia me vira praticando, então decidi que iríamos para o quintal e praticaríamos juntas. Aqui estamos. – Agora! – Mandei e Lua correu em minha direção. Seu movimento foi algo do qual esperava, então me adiantei em bloqueá-la. A pequena Cabello Jauregui tentou acertar meu rosto com uma tapa, talvez não tivesse pronta pra tentar socar o rosto de sua mãe, levantei o braço, bloqueando o golpe e passei minha perna por entre as suas, a derrubando com uma rasteira e a vendo bufar, frustrada.

- Onde está a mamãe? – Perguntou fazendo força para levantar e quando conseguiu fez o que pedi e veio para cima de mim novamente, dessa vez tentando me dar um chute. Segurei sua perna com facilidade e a puxei para mim, empurrando seu peito com a mão aberta e a fazendo cair no chão novamente.

- Disse que ia varrer lá na frente, então... – Dei de ombros fazendo uma careta quando Lua, que pela idade era bem mais ágil que eu apesar de ser eu quem sabia das coisas aqui, ter agarrado minhas duas pernas e as puxava para baixo. Era um movimento surpreendente, já que a maioria dos movimentos exigia que estivéssemos de pé, mas se em algum momento eu derrubasse um assaltante, por exemplo, e ele, caído no chão, tentasse me derrubar puxando as minhas pernas, eu também precisava estar pronta pra isso. Lua grunhiu com o esforço de me derrubar, fazendo forças com os braços envolta das minhas pernas para que me empurrasse e caíssemos juntas. A melhor fuga para esse tipo de coisa é fazê-la achar que tinha me derrubado, então cedi e caí no chão, Lua foi rápida e subiu em cima de mim, mas lhe lancei um sorriso travesso e a empurrei, girando meu corpo e ficando por cima dela. Puxei seus braços pra cima e sentei em sua barriga, com minhas pernas cada uma do lado do seu corpo, sem depositar todo meu peso. Ela bufou e me levantei, girando pra o lado contrário a ela, depressa. – Sua mãe anda estranha... – Comentei virando-me para ela e vendo que minha filha já havia levantado.

- É a gravidez. – Deu de ombros, antes de dar um grito e correr em minha direção. Esperei o impacto e quando ela chegou perto me abaixei, segurando em sua cintura e a puxando para cima, para as minhas costas. É claro que não deixaria um bandido em minhas costas, meu objetivo era derrubá-lo no chão, mas como era minha filha ali, apenas executei o movimento com paciência. Arqueei minhas costas para trás, fazendo-a cair com mais delicadeza do que a que usaria para esse tipo de golpe.

- Você precisa parar de gritar antes de atacar. – Deixei claro vendo-a no chão de novo. – Não que precise atacar, mas se caso for pra se defender, não grite. - Avisei antes que ela saia por aí achando que pode bater nas pessoas. – Vamos lá, mi amor, levante-se. – Falei e ela ficou de pé novamente. – Conseguiu perceber os movimentos que usei contra você? – Lua fez uma cara como se estivesse tentando se lembrar. – Em todos eles eu usei os seus movimentos contra você mesma. – Me referi a jogá-la para trás, puxar sua perna e bater em seu braço quando ela tentou me bater. Todos provocados por ela. – Quando alguém tentar te bater no rosto, você faz isso, vamos lá, tente... – Pedi e Lua parecia muito concentrada, mas com certo medo de me bater de verdade. – Vamos lá, hija, não vai me machucar. – Assegurei e ela assentiu. Logo levantou o braço, tentando ser rápida e me dar uma tapa, mas levantei meu braço como a de momentos atrás e bloqueei seu golpe. – Viu? Agora vamos lá, vou tentar fazer com você, pra ver se pegou... Tá bem? Agora! – Ergui o punho, pronta pra tentar socá-la e Lua levantou o braço, mas de forma lenta. Como não era da minha vontade socá-la de verdade, o impacto não aconteceu porque puxei meu punho para trás. – Sua mãe comentou algo com você?

Unpredictable LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora