Viagem

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Desci as escadas de forma cuidadosa para não acordar todos ali, era cedo demais e uma manhã de sábado, talvez Chris e Taylor quisessem dormir até mais tarde. Cheguei á cozinha, arrumando minha bolsa na cadeira mais próxima e quase tive um treco quando o vi ali.

- Bom dia! – Meu pai disse com a cafeteira em mãos, colocando café em duas xícaras. – Já arrumou tudo? Precisa de mais dinheiro ou algo a mais? – Perguntou olhando para minha bolsa.

- Não, obrigada, papa, estou com tudo. Dinheiro, roupas, celular, você sabe, essas coisas. – Sorri pegando uma maçã na fruteira, a analisando, não estava com fome, então a coloquei de volta no lugar e peguei a xícara que ele depositou em cima da mesa, a erguendo e agradecendo-o com o olhar. – Onde está a mamãe? – Tomei o café.

- Teve uma emergência no trabalho, parece que um casal queria uma casa o mais rápido possível, então ela foi resolver. Ela me pediu pra fazer o café e essas coisas antes que acordassem e, hm, conversasse com você. – Ele deu de ombros sentando-se á minha frente. Franzi o cenho em confusão. Depois que mamãe conseguiu um bom lugar para montar seu escritório, ela estava trabalhando mais, o que levava meu pai a ajudar um pouco mais em casa, um contrato mudo no qual os dois concordavam e eu achava bonito como se completavam e dividiam as tarefas, mas em pleno sábado era estranho vê-lo acordado fazendo café, sua intenção era me pegar antes de sair de casa, mas por que? – Tem certeza que não está esquecendo nada, não é?

- Sim, pai, eu tenho. – Falei conferindo o relógico, precisava ir para a escola. A sorte é que não precisaria buscar Camila, ela pegaria carona com Lucy que já tinha passado aqui pra pegar Veronica. Lucy até já conhecia o quanto a namorada demorava pra se arrumar então viera bem mais cedo.

- Certo, só... Hm, tome cuidado. – Ele pigarreou e desviando o olhar do meu, colocou as mãos no bolso e pegou um pacote de camisinhas, jogando-as em cima da mesa em minha direção. Abri a boca várias vezes tentando emitir algum som. Agora entendia o motivo de ele querer falar comigo. Oh Céus! - Não torne as coisas difíceis, isso é constrangedor... – Ele sorriu ficando vermelho. – Você pode ter uma coisa ai no meio das pernas, mas continua sendo minha princesinha, é difícil acreditar que você faz esse tipo de coisa. – Ele fez uma careta. – Mas também é legal te ver crescendo. Isso é cofuso!

- Eu... Eu não faço... Hm, eu não... Ufs! – Suspirei envergonhada. – Eu ainda tenho as que você me deu há algum tempo. – Dessa vez fui eu quem desviou o olhar enquanto ele me fitava sério.

- Espera! Jura? – Perguntou surpreso. – Já faz algum tempo, filha, achei que você e a Camila já...

- Não! – Interrompi antes que ele falasse demais. – Não fizemos nada, ok? – Que essa conversa, por favor, se encerre!

- Mas ela já dormiu aqui algumas vezes e aqueles gritos que ouvia durante a madrugada? – Perguntou pensativo. Isso era verdade, Camila já havia dormido aqui algumas vezes, poucas, mas já, era raro quando tínhamos momentos sem nossas famílias por perto.

- Estávamos fazendo guerra de travesseiros, pai. – Respondi derrotada por ele não querer parecer esquecer essa conversa.

- Oh, é assim que estão chamando agora? – Perguntou brincando com as sobrancelhas. – Certo, só mais uma pergunta... – Ainda assim ele empurrou as camisinhas pra perto de mim e para que ele parasse com aquilo, as peguei e joguei no bolso da minha mochila. – Como você aguenta? Quer dizer, não sente vontade de... – Ele começou e arregalei os olhos para onde aquela conversa estava indo. Levantei depressa da cadeira, pegando minha mochila e a colocando nos ombros, depositei a xícara de café na pia e saí da cozinha.

- Tchau pai! – Falei indo ao banheiro e fechando a porta, escovei rapidamente os dentes e sai dali, ele continuava falando.

- Mas é sério, filha, quando sua mãe e eu namorávamos, eu sentia vontade de...

Unpredictable LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora