Milagre Natalino?

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Após ter recebido aquela ligação, tudo havia desmoronado, parcialmente. Os enfeites foram deixados no carrinho do qual Dinah empurrava, o celular foi ao chão e as meninas estavam em volta de mim, agora, no estacionamento do shopping enquanto me perguntavam o que tinha acontecido.

- Acharam a Alexa. – Foi tudo o que conseguir dizer, mas elas já sabiam disso porque Camila havia falado o pouco que o delegado tinha lhe dito, apenas sem mencionar o meu filho. – E está com uma refém dentro da casa onde ela está. – Continuei e podia ver pela expressão nervosa de Dinah que mesmo com ela estando muito ansiosa pra saber o que estava acontecendo, ela respeitaria meu momento. – E... E... Ela está grávida. – Mal acabei de falar e estavam todas chocadas. Dinah e Vero com as mãos nas bocas, Lucy de olhos arregalados encarando Camila e nem preciso dizer que minha latina estava pasma, completamente em choque, parada ali como uma estátua.

- Mas como? – Dinah foi a primeira a falar.

- Isso não pode ser real. – Essa foi Lucy.

- Que vaca! – Veronica sempre muito sincera.

- Lauren... – Camila disse fazendo todos a encararem. Eu não podia negar, estava com medo de tudo voltar a acontecer. Camila me deixar de novo porque ser eu acarretava em vários problemas em sua vida e mesmo que eu não quisesse culpá-la por ser covarde e fugir de toda essa realidade, sentiria raiva no mínimo, caso ela pensasse nessa hipótese novamente, porque eu não conseguiria deixá-la ir, e se caso ela fosse, eu não sei se a aceitaria de novo porque eu não era mais capaz de me sujeitar a essa montanha-russa de emoções na minha vida e ainda mais em meu relacionamento. – Ligue para as meninas em casa, avise todas e vocês, entrem naquele carro, vamos onde estão todos os policiais. – Ela disse firme e as meninas pareceram ainda mais chocadas.

- Eu dirijo Chancho, você tá abalada demais e... – Dinah tentou dizer.

- Não, eu dirijo. – Camila foi firme mais uma vez e entrou no carro. Nos entreolhamos, mas decidimos não discutir, então apenas entramos no meu carro e não importei em ser ela quem estivesse dirigindo, mesmo Camila sendo um horror na direção, as medidas atuais não me deixavam ser superficial demais a esse nível pra ligar pra tão pouco. Não conversamos durante o caminho, eu estava na frente com Camila enquanto as meninas ficaram atrás, totalmente caladas. O silêncio do carro me dava liberdade o suficiente pra pensar sobre meu futuro. Sei que odeio Alexa com todas as minhas forças e ás vezes me arrependia por ter escolhido perdoá-la ao invés de denunciá-la logo cedo e impedir que toda esta merda acontecesse, mas sinto lá no fundo que fiz o necessário. Perdoá-la foi uma atitude da qual por mais idiota que ás vezes possa parecer foi o que eu realmente sentia ser certo. Eu a odeio, mas não por ela ser ela, como disse antes, eu só tenho pena dela, ainda mais agora, que tudo isso só mostra o quão desesperada ela estava sendo e pensar que sim, as pessoas são realmente capazes de fazer tudo isso por não sentirem amor. Tudo o que Alexa fazia era algo que só pra ela era certo, e de verdade, eu sentia muito por ela, muito mesmo. Mas o que contava agora não era ela. Não no momento em que ela decidiu envolver duas pessoas que não tinham culpa nenhuma de nossa história. Primeiro algum ser humano que estava passando por ali, talvez tão atrasado como nós que escolhíamos enfeites em plena noite de véspera de Natal ou talvez apenas levando comida ou bebida para pra casa da sua família ou amigos, o que eu quero realmente dizer era que, seja lá o que aquela pessoa estivesse fazendo ou prestes a fazer não justificava em nada Alexa tê-la raptado e usá-la como refém para algo que não a envolvia. Segundo, o nosso bebê, sim, nosso, eu tinha total consciência de que esse filho é meu, e mesmo que ele não tenha sido concebido com uma relação de amor e carinho ou de uma forma normal onde duas pessoas se entregam ao melhor prazer que uma vida a dois pode oferecer, ele é meu, e eu tinha responsabilidades com isso e não podia fugir delas. Se Camila fugisse, podia ser por ela, mas eu não faria isso. Não mesmo.

Unpredictable LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora