37- O Garoto Da Praça.

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#Romance

Escuro. Isso era tudo o que eu via. Minha vida era mergulhada em escuridão. Eu era apenas uma garota solitária, que dependia dos outros para viver.
Meus pais eram super protetores e não me deixavam sair de casa sozinha. Eu apenas queria ser uma garota como todas as outras, uma pessoa como todas as outras. Queria não depender de ninguém, além de eu mesma. Por isso eu costumava fugir de casa e ir até uma praça que ficava na outra rua.
É claro que quando descobriam, meus pais ficavam furiosos comigo. Mas eu não me importava. Só queria ter aquele pequeno momento em que eu me sentia livre...
Eu estava à caminho daquela praça, quando alguém esbarrou em mim. Eu caí no chão e senti uma dor enorme no joelho. Me sentei no chão e reclamei comigo mesma. Aquela pessoa não parou para me ajudar, mas alguém que estava passando por ali se aproximou de mim. Esse alguém me ajudou a me levantar e colocou os óculos escuros novamente em meu rosto.

"Você está bem?"- Uma voz doce masculina soou.- "Você está machucada. Nossa... Você... É linda."

Aquela voz doce, me causou pequenos arrepios e sensações agradáveis. Quem era aquela pessoa? Ele me chamou de linda... Eu realmente poderia ser linda, mesmo sendo cega?

"O quê?"- Eu perguntei, mesmo tendo ouvido.

"Quer dizer, desculpa."- Ele riu.- "Está doendo?"

"Um pouco. Obrigada por me ajudar."- Eu sorri.

"Não precisa me agradecer."- Ele disse.- "Qual é o seu nome?"

"S/n... E o seu?"- Perguntei.

"Mark Tuan."- Ele disse.- "Deixa eu te ajudar."

Mark me ajudou a me sentar em um banco. Agradeci a ele. Mark era muito gentil.

"Você está sozinha aqui?"- Ele perguntou. Pela sua voz, ele estava sentado ao meu lado.

"Sim."- Eu disse.- "Mas eu sei me cuidar sozinha! Mesmo sendo cega eu..."

"Ya, ya! Eu não quis dizer isso."- Ele riu.- "Tenho certeza de que sabe se cuidar sozinha."

"S/n!"- Uma voz conhecida soou. Era a mulher que cuidava de mim.- "O que você está pensando? Fugindo de novo!"

"Você fugiu?"- Mark perguntou.- "S/n, assim você vai deixar as pessoas que moram com você preocupadas."

"Como se eles fossem me deixar sair se eu avisasse antes."- Eu bufei.

"Ya!"- Mark a chamou a mulher.

"O que foi?"- Ela disse.

"Você pode deixar ela aqui mais um pouco? Eu prometo que vou cuidar dela."- Mark disse.

"Eu não posso! Nem conhecemos você!"- Ela disse em um tom arrogante.

"Eu e a S/n somos amigos de infância, não é, S/n?"- Mark mentiu.

"Claro, ele sempre ia lá em casa."- Eu menti também.

"Isso é verdade?"- Ela perguntou desconfiada.

"Sim."- Mark e eu dissemos juntos.

"Certo, então eu vou voltar. Leve a S/n de volta antes das sete, senão os pais dela vão me matar."- Ela disse e eu ouvi passos se afastando.

"Deixa eu ver... Temos quase duas horas."- Mark disse.- "O que você quer fazer?"

"Não precisa ficar comigo."- Eu disse- "Sei me cuidar sozinha."

"Eu seu disso, S/n. Mas eu disse àquela mulher que cuidaria de você."- Mark disse parecendo decidido.

"Tudo bem."- Eu disse vencida.

[...]

Estávamos deitados em um lugar macio. Segundo Mark estávamos deitados em um gramado que tinha em uma parte mais afastada da praça. Eu nunca havia vindo para essa parte antes.

"Ya, Mark! Como é o céu?"- Perguntei sentindo a brisa suave bater em meu rosto.

"O céu é lindo. É infinito, com uma cor linda. Bem... Às vezes ele muda de cor. E tem vezes que ele fica bem escuro. O céu é tipo... Bipolar."- Mark disse e eu ri.- "Ah... Já está na hora de eu te levar para casa. Espera, onde é mesmo a sua casa?"

"É em frente ao local que nos encontramos."- Eu me sentei.

"Ya, a gente poderia se encontrar mais vezes, não é?"- Mark perguntou.

"Você quer mesmo perder o seu tempo com uma cega?"- Perguntei baixo.

"Ficar com você não é perda de tempo."- Mark segurou em minhas mãos e me ajudou a levantar- "Você me fez sorrir mais do que qualquer outra pessoa com visão. Eu não me importo se você pode ou não enxergar. Isso não muda quem você é. Agora vamos, antes que aquela mulher me mate."

Deixei Mark me guiar até em frente à minha casa. Ele ficou me perguntando sobre o caminho várias vezes, para se certificar de que não ia me deixar no lugar errado.

"Amanhã às cinco, eu vou te esperar no mesmo lugar. Certo?"- Mark perguntou.

"Certo."- Eu sorri para ele e tateei a entrada para a minha casa.

[...]

"Conta, conta, conta!"- Minha amiga disse empolgada.

"Contar o quê?"- Eu perguntei parando de ler o meu livro em braille.

"Sobre o garoto que te trouxe em casa! Eu vi! Ele é muito lindo."- Ela disse e eu ri.

"É mesmo?"

~ Dois meses depois ~

Mark e eu continuávamos a nos encontrar na mesma praça, todos os dias. Às vezes ele me levava para outros lugares, ou então apenas ficávamos conversando a tarde toda. Minha amiga insistia em dizer que formavamos um belo casal e que eu estava apaixonada. E talvez eu estivesse mesmo.
Meus pais já haviam percebido que eu ia o encontrar, então me proibiram de sair de casa, pois segundo eles, Mark estava se aproveitando de mim.
Por isso, pedi à minha amiga para contá-lo e que pedir para ele vir até a minha casa escondido amanhã.

"Mark disse que vai vir amanhã."- Ela disse.

"Obrigada."- Eu agradeci à ela.

[...]

Era no meio da noite, quando alguém bateu à janela. Abri a janela e senti alguém me abraçar.

"Ficamos apenas um dia sem nos ver."- Mark disse- "Mas eu estava morrendo de saudades."

"Eu também estava com saudades, Mark."- Eu disse.

"S/n, eu te amo."- Mark me apertou mais em seus braços.

"O-O quê? Mesmo eu sendo cega?"- Perguntei.

"Isso não importa! Eu quero ficar para sempre com você."- Mark disse.

"Mark..."- Senti uma lágrima descer dos meus olhos.- "Eu também te amo."

Imagines Got7Onde histórias criam vida. Descubra agora